- Se você não calar essa boca eu juro que...
- JURA QUE O QUE?!
- Não grita seu pedaço de carvão.
- PEDAÇO DE QUE?!
- Isso mesmo que você ouviu.
- EU NÃO OUVI ISSO!
- Ouviu. - olhei pra ele irritado.
- Idiota...! - vi suas lágrimas escorrerem pelo seu rosto antes dele correr pro segundo andar da casa, provalvelmente indo para nosso quarto.
Estávamos como gato e rato desde que e ele começou com a paranóia de que eu estava traindo ele com meu sócio, que era, também, um grande amigo de infância. No último mês havia passado os dias me ligando sem parar, queria saber com quem eu estava, onde e o motivo. Sem falar nas vezes que ele me seguia escondido, aparecia no meu trabalho sem avisar, pedia informações sobre meu dia aos funcionários que trabalhavam no mesmo setor que eu e isso me tirava do sério, já estava passando dos limites.
Hoje marquei um jantar com Ravi, meu sócio o qual N insistia em dizer que eu tinha um caso. Saí de casa por volta das 20h, cheguei no restaurante e encontrei Ravi na mesa de sempre. Estávamos falando da compra de ações e de que precisavamos de novos funcionários, comemos e mudamos de assunto, cima de tudo erámos amigos.
- Soube que o namoro ta difícil - indagou.
- É... um pouco.
- Leo eu te conheço desde os noves anos, acha mesmo que consegue esconder algo de mim?
- Aish... eu não estou mais aguentando ele, ele tá paranóico e eu to prestes a explodir com essa crise dele.
- Paranóico? Pelo que eu conheço do N isso tem haver com ciúmes né?
- Sim, um ciúmes sem sentido - suspirei.
- Posso saber o alvo da paranóia dele?
Fitei meu prato já vazio e então olhei para meu amigo. Era realmente bonito, confesso, mas não traíria o N com ele. Vi seu olhar preocupado e peguei a taça de vinho, desviando o olhar.
- Você não conhece...
- Ah - senti o tom de chatiação na sua voz -, entendo. Espero que seu relacionamento melhore. - sorriu fraco e bebeu seu vinho.
Depois de conversarmos sobre música, livros e outras coisas banais saímos dos restaurante entre risos e nos despedimos. Estava entrando no carro quando senti alguém puxar meu braço.
- HEY!
- Calma! Sou eu amor.
Olhei para N e este sorriu.
- O que faz por aqui?
- Fui na casa de um amigo - me abraçou -, pode me dar uma carona?
- Entra - saí de seus braços e entrei no carro, assim que o outro fechou a porta disparei para a pista.
- Eita! Por que a pressa?
- Porque você não tem amigos por aqui.
- Que?
- Não se faça de desentendido, você me seguiu de novo por causa desse ciúmes idiota.
- Eu?!
- Sim, e isso me magoa. Mas você não se importa, porque pelo jeito, não mereço sua confiança.
- Leo... desculpa eu só...
- Cala a boca! - disse num tom exaltado enquanto virava numa rua fazendo o carro derrapar.
- CUIDADO!
- Por que isso agora N?
- Isso o quê?
- Essa paranóia... eu te amo, não preciso de mais ninguém comigo. Você sabe que eu nunca te traíria - senti meus olhos marejarem levemente, desacelerei o carro até parar completamente na frente da nossa casa.
- Eu não sei explicar - falou baixo.
Deixei minhas lágrimas escorrerem e segurei o volante com força. Senti a raiva se misturar com a tristeza em meu peito, queria sair correndo e fugir de todos esses problemas, queria acordar e ver que tudo não passava de um sonho ruim.
- Sai... - falei com a voz meio embargada.
- Leo eu...
- JÁ FALEI PRA SAIR! - apoiei a cabeça no volante e deixei escapar um soluço.
Ouvi o barulho da porta abrindo e fechando, vi N entrando em casa com a cabeça baixa.
Fiquei no carro até me recuperar o suficiente para conseguir olhar para N sem chorar. Entrei em casa e sentei no sofá, N apareceu em seguida e se sentou ao meu lado.
- Vou parar com essa paranóia...
- Você já disse isso.
- Desculpa... mas dessa vez vou me esforçar de verdade.
- Quero que saiba que nunca seria capaz de te trair.
- Eu sei amor, desculpa por tudo que eu te fiz - segurou minha mão e apoiou sua cabeça no meu ombro.
- Espero... - suspirei sem muita esperança já que aquela desculpa já foi usada diversas vezes.
- Você não confia em mim?
- Confio minha vida em você, por isso quero que também confie em mim.
- Eu confio em você Leo.
- Mas não demonstra.
- Leo você tem que me entender também.
- Entender o que? - bufei - Entender seu ciúmes egoísta e sem sentido pela companhia do meu amigo de infância? Entender sua insegurança mesmo eu dizendo que te amo? Entender sua falta de confiança em mim que estou do seu lado a mais de quatro anos? Me diz o que eu tenho que entender!
- Vocês vivem juntos!
- Ele é meu amigo, e sócio!
- Mas não precisam se ver todo dia.
- Trabalhamos na mesma empresa, temos que nos ver todo dia.
- Eu sei mas...
- Cala a boca N.
- Não me manda calar a boca! - se levantou e me fitou com aborrecimento, coloquei meu rosto entre minhas mãos e respirei fundo para não acabar com a pouca paciência que me restava.
- Se você não calar a boca eu juro que...
- JURA QUE O QUE?
Foi assim que começamos a discutir, quero que ele pare com essa paranóia, estou cansado de ser perseguido e tratado como o culpado da história. Sei que ele me ama e faz isso por medo, mas eu não quero chegar a um ponto onde não suportaremos a convivência um do outro, não quero ter que... aish...
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Você deve estar se perguntando "Ué mas não era só dia 28?" Sim eu vou começar a postar um cap. por semana a partir do dia 28, mas como quero gente curiosa e ansiosa publiquei esse primeiro cap. para 'degustação' haushau, espero que tenham gostado da surpresa ^^
Bjoo
Nicca
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Dois [Hiatus]
FanficUm namoro de 4 anos poderia ser destruído pelo cíumes? Leo é um cara com uma vida comum, namora N desde que terminou a faculdade e o ama de todo o coração. Mas com o tempo N começa a sentir um cíumes paranóico por seu amigo de infância, Ravi. Qual s...