Um Chef em Minha Vida...

Capítulo 3

Seguimos pela madrugada até estacionarmos em frente a um barzinho, com uma decoração tradicional, fotos preto e branca nas paredes, mas ao mesmo tempo aconchegante. Sinto -me meia deslocada ao entrarmos e perceber que todos nos encaram, afinal acho que não é todo dia que alguém entra com um vestido de festa em um bar. Um senhor vem em nossa direção e se dirige ao entregador (preciso descobrir o nome dele) com um sorriso no o rosto, ele o abraça e os dois conversam em italiano o que me deixa bem surpresa. Em seguida aponta para mim e me apresenta:

_Esta é minha amiga Lara. Lara este é Josep, ele é o dono. - estendo a mão para comprimenta-lo, mas ele ergue os braços e me abraça me dando dois beijos no rosto.

_Os amigos de Rick, são sempre bem vindos. Venham vou acompanha-los até a mesa.

Rick, lindo nome, apoia a mão na parte debaixo das minhas costas, percebo os sorrisos das pessoas ao redor, sinto minhas bochechas corarem e um arrepio subir pela minha coluna, olho para ele, sorrindo com uma cara de safado que sabe exatamente a reação que seu toque provocou em mim. Desde que eu e Paulo terminamos, não sai com mais ninguém, me focando apenas no trabalho e no meu MBA, e meu corpo realmente sentiu falta desses pequenos gestos. Ao chegarmos na mesa, puxa a cadeira para eu sentar e senta-se a minha frente.

_Aqui está o cardapio moça bonita. - diz Josep

_Obrigada.

_Menino Rick, trarei o vinho especial da casa e os seus preferidos.

_Obrigado, você sabe que não resisto, ne? - Josep sorri se afastando e posso perceber o carinho que tem por Rick.

_Descobri seu nome entregador: Rick. - digo sorrindo - combina com você.

Ele ergue as sobrancelhas com um sorriso.

_Não estava escondendo meu nome, você simplesmente não me perguntou nenhuma vez.

_Tem razão, acho que não tivemos muita oportunidade de conversar.

Um garçom traz o vinho e nos serve.

_Josep parece gostar muito de você. Trabalha aqui também? - experimento o vinho

_Não, mas passei muito tempo aqui quando era mais novo, faz um tempo que não vinha, as coisas andam muito corridas no trabalho

_Nunca tinha vindo aqui, o vinho deles é uma delicia, mas eu te entendo, ultimamente também minha vida tem sido somente trabalho.

_ As porções daqui são incriveis, ficam entre os cinco melhores botecos de São Paulo a anos. Faz tempo que esta na áreas de eventos?

_Me formei em Administração e gestão de marketing e eventos a três anos, eu e Paulo, começamos a nossa empresa assim que terminamos. É muito dificil começar do zero, criar nome e ter reconhecimento. Agora que estamos começando a nos firma no mercado, sabe como é, muito trabalho e pouca grana.

_Sei bem como é, mas pude perceber pelo evento de hoje a sua dedicação e competência, tudo foi perfeito.

_Fico feliz que tenha gostado.

_Mesmo eu sendo o entregador? - perguntou como rosto sério.

_Não existe isso, pode ter certeza, ja fiz muitos eventos, casamentos, onde as pessoas se esforçam muito, economizam, para fazer daquele dia, daquele sonho realidade. Não tem haver com dinheiro ou classe social, do meu ponto de vista meu trabalho é realizar sonhos.

_Na verdade fiquei surpresa em te ver lá hoje, como conseguiu que te liberassem do hospital? Fugiu? - não pude conter o sorriso ao ver sua expressão de susto de quem tinha pensado sobre aquilo a primeira vez.

_Não por sorte, o médico que me atendeu no PS mora comigo, então consegui negociar uma trégua.

_Trégua?

_Sim, prometi que tiraria uma semana de folga para me recuperar. Ele viu meu esforço para organizar esse evento, sabia da importância dele para mim, eu precisava estar presente.

_Hum entendi, vocês moram juntos então? - ele disse com um tom de voz mais grave quase decepcionado.

De repende vários pratinhos com diversos petiscos começam a chegar na mesa, eu sequer tinha aberto o cardapio, Rick não pareceu estranhar, estava distraido olhando para uma parede atras de mim. Joseph se aproxima

_Espero que não se importe, trouxe um pouco de tudo, faço questão que experimente. - percebo que Rick continua sério perdido em seus proprios pensamentos, então me apresso em dizer.

_Nossa, obrigada pela gentileza, não precisava ter se incomodado.

_Imagina bella donna, recebe-los aqui é uma honra. - agradeço e ele se retira. Começo a experimentar alguns do petiscos e são realmente incriveis, olho para Rick e ergo as sobrancelhas, o que será que eu disse que fez ele mudar tão rapidamente?

Seguro em sua mão que está em cima da mesa, ele sai do seu transe e me olha com aqueles par de olhos verdes lindos.

_Tudo bem? - eu pergunto.

_Claro - responde com um sorriso artificial, afastando a mão da minha - esta gostando?

_Está tudo delicioso. - digo com um sorriso largo. Não consigo para de observar como ele é e bonito, rosto comprido, queixo redondo, barba rala no rosto, boca bem desenhada, que delicia deve ser beija aquela boca, não consigo evitar morder os lábios ao pensar nisso. Quando nossos olhos se encontram ele está sério, sinto meu rosto corar.

_Hoje foi um dia estressante para você, deve estar cansada. Acho melhor irmos.

Nos levantamos, passamos pelo caixa, nos despedimos de Josep que de jeito algum aceito que Rick pagasse a conta, o que até me deixa feliz, pelo que pude perceber nada era barato ali e apesar da linda moto, que deve ser de um amigo ou algo assim, não queria que gastasse seu salario comigo.

Ele continua sério, me pergunto o que aconteceu, ele está estranho, será que fiz algo errado? Comi demais? Ou ele simplesmente percebeu que apesar da aparencia bonitinha sou extremamente sem graça? Acho que sim, foi isso.

Respiro fundo e volto a realidade, nunca um cara com esse rosto, esse sorriso iria gostar de mim, independente de ser um entregador. Por que de verdade, eu não ligaria para sua profissão, não mesmo. Ao chegarmos na rua, o vento gelado passa por nós e um silêncio constragedor se instala.

_Bom, acho melhor eu pegar um táxi, relamente não estou com a roupa ideal para anda de moto. - digo tentando quebrar o gelo

_Entendo - ele responde segurando a minha mão - só quer que saiba que fico muito feliz por você estar bem, não ter se machucado hoje.

­_Você salvou minha vida, nunca vou poder agradecer o suficiente. Você é o meu Anjo. - beijo seu rosto e me viro para entrar no taxi estacionado a nossa frente.

Antes que nossas mãos se soltassem, escuto ele respirar fundo, me puxando para perto de si, colando seus lábios no meu, me fazendo mais uma vez sentir aquele sabor de menta, sua lingua deslisa pela minha boca e meu corpo se arrepia,, sua mão deslisa pelas minhas costas colando meu corpo no dele, minha mão agarra sua nuca querendo traze-lo para mais perto, até nossos corpos estarem colados um no outro. Ele desgruda seus lábios do meu dando pequenos beijos pelo meu pescoço, queixo, minha respiração está ofegante e a dele também. Nossas testa se encostam e ele sussura.

_Desculpa, sei que eu não devia ter feito isso, mas a idéia de nunca mais te ver já dói o suficiente, eu precisava sentir seus lábios mais uma vez. Precisava sentir você para nunca me esquecer.

_Adeus! - beija minha bochecha, põe o capacete e vai. Fico ali parada e ofegante.

-O que diabos acabou de acontecer? - me pergunto entrando no táxi e indo para casa.