♫ 01 - Seus cabelos coloridos

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Luis estava olhando uma loja de instrumentos musicais, namorando uma nova guitarra que acabara de chegar às lojas, ela era linda, um sonho, aquele azul cintilante, vivo, os detalhes em prata, conforme a cor ia subindo no braço da guitarra ia cada vez ficando mais escura. Era realmente bonita.

Pelo vidro ele viu uma moça passando, ela na verdade parecia deslizar, ela estava com uma calça justa preta e uma camiseta onde tinha a carinha da Hello Kitty, nos pés patins escuros, preto com detalhes em cinza. Seus cabelos eram curtos, com um roxo bem escuro que quase parecia preto, as pontas eram rosa bem chamativas. Na frente tinha mechas maiores, sua franja metade era segurada por um prendedor de cabelo tic-tac rosa. Seus olhos eram meio cinza e azul, ela estava parada, olhando para uma maquina de refrigerante e sucos, cantava baixo alguma musica em inglês que ele desconhecia.

Ela era linda, seu coração não parecia querer parar de bater forte. Ele sentiu um peso em seu corpo que quase caiu, olhou para o lado e viu Piedro, com a cabeça encostada em seu ombro, olhando para a garota também, Piedro suspirou.

– Ela é linda, né?! – Respirou fundo e suspirou de volta.

– Não enche! Você conhece ela?

– Não, mas já a vi andando de patins por ai.– Ele saiu de perto de Luis, que na verdade foi empurrado pelo mesmo.

– E porque não me disse? – Ele parecia inconformado que no momento que o amigo a viu não tivesse contado a ele.

– Claro, Luis… “bom dia, Luizão…” – Fez uma voz forçada de quem acabara de ver a pessoa – “E ae, tudo bom? Só deixa eu avisar, ando vendo uma menina andando de patins, ela tem o cabelo colorido e é toda estranha. Legal, né?” – Levantou uma sobrancelha. – No mínimo você me bateria.

Isso era verdade.

– Ela não é estranha. – Olhou para ele repreendendo.

– Tá ok… mas não conheço, nunca a vi de uniforme escolar. – Ele olhou a vitrine que Luis estava olhando há minutos atrás.– Ela é bonita mesmo, pretende comprar? – Colocou as duas mãos no vidro e o nariz encostando também.

– Não se pode comprar uma pessoa assim… – Ele não estava olhando que Piedro falava da guitarra, ainda olhava a garota, que parecia fascinada pela maquina de refri.

– Cara… acorda – Ele deu um tapa leve na nuca de Luis, que olhou para ele na hora com a cara invocada. – Eu estava falando da nova Fender!

– Ah ta… –Foi a única coisa que ele disse, deu uma espiada no canto dos olhos para a garota, que estava ainda de frente para a maquina de refrigerantes, ela olhava para a maquina com cara de brava, tinha a mão direita na cintura.

– Porque você não vai lá e fala com ela? Em vez de ficar ai babando para o arco-íris? – Ele deu um empurrão devagar em Luis, completando a frase. – Ela é meio burrinha, mas vai gostar de você.

– Você acha mesmo?! Por quê? – Ele virou-se para Piedro, todo sorridente, esperando que o amigo contasse que os dois faziam um belo casal.

– Os opostos se atraem, ela é burra e você nerdão.

– Porque burra? – Ele virou novamente para a garota, não conseguia ver burrice naquele anjo, sua pele tão clarinha, suas mãos delicadas, ela tinha uma graciosidade ao se movimentar. Ela parecia perfeita para seus olhos.

– Ela não sabe comprar um refri, vai logo lá e para de me irritar com esse seu olhar de cachorro perdido, vaza! – Empurrou novamente Luis em direção a garota.

Não estavam muito longe dela, e Luis não soube de onde conseguiu forças para chegar ao lado dela, ela tinha cheiro de chiclete, tuti frutti, seus cabelos eram tão lisos que a presilha do cabelo ficava meio de lado caindo. Ele olhou para a maquina, colocando as mãos para trás.

Passos PerfeitosWhere stories live. Discover now