"LINDSAY!" ouvi o meu nome ser berrado, tirei os auscultadores e olhei para a minha adorável tia.
"O que foi?" perguntei impaciente.
"O que estás a fazer no computador, querida?" a minha tia perguntou e eu simplesmente ri.
Que cínica!
"Como se quisesses saber!" respondi rude.
"É assim, minha menina..."
"É assim o quê? Vai-me bater?" perguntei revoltada. "Eu já não sou aquela garotinha pequenina, na qual tu fazias tudo o que te apetecia. Tu descarregas em mim a frustração de a minha mãe ter sido sempre melhor do que tu." respirei fundo antes de prosseguir. "Mas esqueces-te de uma coisa, eu não sou a minha mãe e não tenho culpa de os avós sempre terem gostado mais dela do que de ti."
Ela olhou-me por um segundo antes de dizer:
"Sempre te tratei como uma filha que nunca tive."
"Não sejas cínica. Tu nunca quiseste saber de mim! Só me acolheste porque não havia mais ninguém para o fazer." sorri triste. "Sinceramente, tu só não me bates porque tu desejas parte da minha fortuna, mas nunca receberás nada. Nem um centavo. Porque um mês não altera os dez anos de tortura."
"Eu não admito..."
"Não admite o quê? Nunca foste uma boa tia e nunca serás. Eu era uma criança vulnerável que só precisava de algum amor do mundo e tu nunca me deste. Nunca acreditas-te em mim. Deixavas que as outras crianças fizessem o que bem entendessem. Tu simplesmente fizeste me sofrer mais porque eu sou idêntica a ela. Por isso, não venhas querer agora ser uma boa tia. Porque eu sei que isso é tudo uma farsa."
"É assim que me agradeces por te ter acolhido estes anos todos!" exclamou frustrada.
Juro que tenho ranço das pessoas que quando não têm nenhum argumento válido na manga, fazem-se de coitadinhas.
"Agradecer? Eu preferia qualquer pessoa a ti. E agora se não se importa, saía do meu quarto."
"Eu estou na minha casa."
"Como queiras." encolhi os ombros e acabei de arrumar as roupas nas malas, colocando o portátil numa delas.
"Para que são as malas?" perguntou curiosa.
"Já não há nada que me prenda nesta casa."
"Não vais a lado nenhum, minha menina."
"Eu devo-te relembrar que tenho 18 anos e a partir de agora quem toma conta da minha vida sou eu. Herdei a casa dos meus pais e vou morar para lá." ela agarrou no meu pulso com força e eu, por impulso, dei-lhe uma chapada. "Tu nunca mais me voltes a tocar! Eu vou sair desta casa quer queiras quer não." dei-lhe um último olhar de repulsa e ouvi, ao longe, uma buzina de um carro, provavelmente o meu táxi. "Bem está na minha hora!"

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Painful Past
Fiksi PenggemarSe te dessem a oportunidade de mudar o rumo da sua vida, o que farias? Continuarias a viver lado a lado com o sofrimento e a tristeza? Ou escolherias ocultar o teu passado em troca de alguma felicidade? Eu optei pela segunda hipótese. Mas quanto cus...