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Abro o meu armário para pegar os livros que preciso para as aulas. Estou um pouco preguiçosa hoje, nem queria ter vindo para a escola hoje mas vou deixar para faltar em um dia de chuva.
Estou fechando o armário, quando sinto uma mão em um dos meus ombros. 

Que não seja a Gabi. - peço em pensamentos.

Já de manhã eu não posso ser humilhada! O que estou dizendo? É claro que posso já que todo dia é assim. Desde o início da escola até a hora de ir dormir é assim.
- Bom dia, Amber. - Escuto a voz de alguém que eu amo muito e solto um suspiro de alívio.
Me viro e vejo aquele garoto lindo que eu chamo de amigo, seu cabelo escuro que é acompanhado de mechas loiras está arrumado em um topete que parece ter levado tempo para ficar bem ajeitado
- Me assustou, Fellipe. - Digo dando um tapa leve em seu braço.
-Nossa essa doeu! - Diz passando a mão no lugar onde eu bati.
Reviro os olhos com seu drama matinal. 
-Bom dia? - Diz e arqueia as sobrancelhas.
- Sim.-Digo sorrindo sem mostrar os dentes.
Ele pega os meus livros e me acompanha até o laboratório onde terei minha primeira aula.
-Fiquei sabendo que o seu irmão arrumou um estágio em um escritório de advocacia. - Fellipe comenta. 

Meu irmão mais velho Alan foi morar em outra cidade para começar a faculdade de direito. Ele mora lá sozinho, estuda e agora começou a trabalhar também. Meus pais estão bem orgulhosos dele e esperam que eu trace o mesmo caminho que ele.
-Já está sabendo? - pergunto fingindo estar surpresa. E ele me empurra de leve.
-Não faça essa cara! Você sabe que a sua mãe conta tudo para a minha. - ele argumenta.
-Eu sei.
Chegamos na frente do laboratório e o professor Dante já está na porta recolhendo os celulares.
- Entregue. Sã e salva. - diz Fellipe me entregando os livros.
-Obrigada, Feh. - agradeço.
-Aminimigos? - o garoto me olha.
-Aminimigos! - Respondo.
Sempre dizemos isso porque somos grandes amigos, mas vivemos brigando e discordando e nos chamamos assim. AMINIMIGO! Roubamos isso do filme da Disney, sabe?
-Vamos.- o professor nos apressa. Assinto.
-Melhor você entrar, senão esse aí vai fechar a porta na sua cara e pode por uma observação na sua ficha da escola. -Diz Fellipe caçoando de mim porque sabe que sempre lutei para ter uma boa ficha escolar.
Nos despedimos e entro na sala.
-Amber! - Ouço aquela voz me chamando. Olho em direção ao grupo amontoado na mesa do professor.
Gabi.
-Não fala bom dia para nós não? - Questiona ela.
Finjo que não ouvi e me sento no meu lugar. Ela vem até mim e puxa a minha trança.
-Ninguém me deixa no vácuo! - Diz ela com um sorriso. - Nem uma nerd igual você.
Abaixo a cabeça.
-Agora me dá o seu livro! -Diz e pega de cima da mesa e sai andando até o seu grupinho.
Eu não vou deixar você fazer o que quer. Me levanto e vou até ela, entro no meio deles e puxo o meu livro que ela acabou de pegar sem permissão.
-O que a nerd pensa que está fazendo? - Questiona um dos amigos da minha inimiga.
Dou de ombros e tento sair dali, mas alguém puxa o meu cabelo.
-Deixa aqui agora. - Diz Gabrielle.
-Não. - tento soar firme mas minha voz vacila.
-Eu não estou pedindo, estou mandando! - Gabrielle fala alto, irritada.
Fico quieta.
-Dá uma lição nela, Gabi. -Diz a mascote da Gabrielle,  Stela se divertindo.
A sala já está mais cheia e todos ficam assistindo o espetáculo. Luca abre a boca pra falar algo, mas o professor aparece.
-Todos para o seu lugar.- o professor Dante grita.
-Nos aguarde, sua idiota. Vai se arrepender por não ter me deixado copiar essa bosta de matéria. - Gabi fala baixo só para mim ouvir e hesito.
Saio dali e vou para o meu lugar.
E agora? Quem poderá me defender?
Uns quinze minutos se passaram e o Chapolin Colorado ainda não apareceu! O professor avisa que sairá da sala enquanto resolvemos alguns exercícios. Vejo o grupo da Gabrielle já se levantar... Aí meu Deus me ajuda!
-Íamos deixar para o final da escola, mas resolvemos adiantar. Você não foi uma colega muito legal. - Diz Gabi vindo até mim.
Começo a temer o que vão fazer comigo. Eles se aproximam de mim, me cercando.
-Agora! -Grita Luca.
Todos começam a dar tapas e socos em mim, sinto até chutes na minha canela.
Depois de satisfeitos ele param e antes que eu me recupere, Gabi me acerta um tapa na cara e todos começam a rir, voltando para a mesa do professor. Pego as minhas coisas, assim que as primeiras lágrimas começam a escorrer pelas minhas bochechas e saio da sala correndo. 

Ninguém me ajudou. Todos apenas ficaram observado tudo. Qual o problema deles? Não vêem que isso não é certo?

Corro pelos corredores vazios, até o banheiro mas próximo e me tranco nele. Jogo minhas coisas no chão e me sento perto das pias. Começo a chorar e depois de um tempo o sinal bate.
Me levanto e me olho no espelho.
-Eu odeio isso!-Grito.
Estou toda vermelha e marcada pelos tapas e socos que eu levei. No meu rosto dá pra ver a marca dá mão da Gabrielle.
Volto a chorar e cada vez o choro fica pior. Escuto pessoas tentando abrir a porta do banheiro, mas dou de ombros, eu vou ficar aqui.
Sento encostada na porta e fico lá chorando, e pensando na minha vingança. Solto o meu cabelo que está todo desarrumado.
Vingança é uma prato que se come frio.

Uma Nerd VingativaOnde histórias criam vida. Descubra agora