Acordo com o sol nos meus olhos, sento e percebo que estou na minha cama, levanto dela e calço os meu chinelos, vou até a cozinha e encontro Diego com uma xícara de café olhando pela janela. Me encosto no batente da porta e fico o observando um pouco, o jeito como ele tinha a sua franja meio enrolada caindo em seu olhos e seus óculos meio tortos.
Ele é de uma beleza que poucos enxergam, ele não é do tipo gostoso e musculoso, mas com certeza o sorriso dele era o mais lindo que eu já vi, o sorriso dele transmitia a inocência de uma criança. E eu sentia inveja disso.
E foi ai que eu percebi que ele não estava sorrindo, estava sério e se arrisco a dizer com raiva, como se estivesse sendo obrigado a algo. Contínuo o observando até que ele nota a minha presença, se vira da janela e sorri pra mim. Desvio do olhar dele é ando rapidamente até a geladeria, abro a geladeira e escondo o meu rosto atrás da porta sentindo as minhas bochechas queimarem.
Ele começa a rir da minha reação e eu acabo ficando mais vermelha ainda. Pego uma garrafa de água e a bebo, fecho a geladeira e quando me viro dou de cara com o peito do Diego a centímetros de mim. Fico encarando o zíper do casaco dele até que levanto o olhar e o vejo me encarando.
__A sua bochecha - ele falou colocando a mão nela - tá muito vermelha.
__É alergia.
__De que ?
__De você - falei baixo mas ele acabou escutando e soltou uma risada disso.
Dei um sorriso sem graça e escapei dali indo em direção a janela, abri ela é coloquei a minha cara pra fora numa tentativa inútil de amenizar a vermelhidão, senti o ar nas minhas bochechas e me acalmou um pouco.
__Maria o que você tá fazendo ? - ele perguntou indo pra janela e se encostando do outro lado, ficando na minha frente. - Esta 10 graus lá fora.
__Eu sou calorenta.
Fechei a janela mais continuei a olhar por ela, depois de um tempo eu tomei coragem e perguntei.
__Por que você estava tão sério quando eu tava te olhando?
Ele ficou sério por um momento e depois deu um longo suspiro.
__O meu trabalho as vezes me obrigada a fazer uma coisas que eu não acho certo, e isso está começando a me cansar.
Concordei com a cabeça o entendendo.
__Você trabalha com o que ?
__Tipo um advogado. -Ele disse meio seco.
Concordei com a cabeça e lhe dei um leve sorriso.
__Você que uma torrada ?
Ele olhou para o seu relógio no pulso e fez uma cara triste.
__Eu adoraria, mas eu tenho realmente que ir.
...
__Me dá o seu número pra eu te ligar mais tarde - Ele disse enquanto ajeitava a blusa dentro da calça.
__Eu não tenho celular. - falei envergonhada.
__Como assim ? - Ele disse quase gritando, o que me fez rir.
__Nunca tive ninguém pra ligar, achei que seria desnecessário.
__Pode arranjando um, por que agora você vai ter alguém que vai te ligar muito.
Sorrio com o que ele diz e abro a porta pra ele.
Ele dá um beijo na minha testa e sair apressado pelo corredor.
Fecho a porta e deixo um sorriso escapar dos meus labios, volto a sala e me sento no sofá colocando um desenho qualquer pra assistir.
Sinto as minha pernas começarem a formigar de tanto tempo sentada, levanto do sofá e percebo que já estava escurecendo, começo a andar pela sala a procura de algo pra fazer, nas acabo desistindo.
Vou até o banheiro e tomo um banho, troco de roupa e saio do meu apartamento, indo pra cafeteria que ficava a algumas casas de lá.
Sento na mesma mesa de sempre, a garçonete caminha até a minha mesa com um sorriso estampado no seu rosto já meio enrugado por causa da idade.
__Boa noite Maria. - ela diz tirando um de seus bloquinhos de dentro do bolso de seu avental.
Eu frequento essa cafeteria desde que eu me mudei, então eu acabei criando um afeto por.essa senhora, mas infelizmente isso nunca passou das paredes da cafeteria.
__Bom noite Clara. - falo tentando dar um dos meus melhores sorrisos.
__O seu rosto parece melhor. _ ela diz se sentando na minha frente, e se referindo aos meninos que me bateram a uma semana. - você tem que tomar cuidado, o Matheus está procurando você por tudo quanto é lugar.
Sinto minhas mãos começarem a tremer mas coloco elas de baixo da mesa no meu colo pra Clara não reparar.
__Eu não sei de onde ele tirou essa obsessão por mim - digo olhando pela janela vendo o nevoeiro invadir a rua - ele colocou na cabeça que eu tenho que ser uma prostituta dele.
__Maria, eu tenho medo do que ele possa ser capaz de fazer pra conseguir isso - ela disse olhando dentro dos meus olhos com eles já meio embargados.
__Relaxa ... eu sou casca grossa ... ele não vai fazer nada comigo - disse não acreditando em mim mesma.
__Espero que você esteja certa... então o mesmo de sempre ? - Ela perguntou se referindo ao o que eu iria comer.
Concordei com a cabeça dando um leve sorriso, ela saiu da mesa voltando pra trás do balcão.
...
Coloco o dinheiro na mesa e dou um.aceno para Clara, saio da cafeteria e sinto a chuva bater no meu rosto o que me faz apressar mais o passo. Quando chego perto do meu edifício percebo que ele está sem luz, o que não era uma grande.novidade contando os anos que ele tinha.
Subo as escadas e quando.chego na minha porta percebo que ela estava destrancada.
Entro dentro dele e tranco a porta com dificuldade por causa das minha mãos trêmulas. Entro dentro do meu apartamento e escuto alguém revirando algo na minha cozinha.
Sinto os meus pés ficarem no chão e fico sem reação ao.ver aquele vulto na minha cozinha, começo a olhar de um lado para o outro a procura de encontrar algo, até que pego o controle da tv.
Começo a andar lentamente até a cozinha com o controle em mãos. Sinto a minha respiração descontrolada e minha mãos mais suadas do que nunca. O vejo tentando acender algo, estava a poucos centímetros dele, levanto o controle pronta pra atacar, mas na hora ele se vira pra mim e eu acabo deixando o controle cair no chão ao ver que era.
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Corações de Vidro
CasualeMaria é uma menina odiada, maltratada e mau compreendida que prefere se esconder por trás dos seus medos e angústias do que viver no mundo real. Mas tudo muda, ou pelo menos ela achava, quando conhece Diego, um menino doce e sorridente aquece o cora...