Vamos Ao Beco Diagonal

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Minha mãe e eu fomos dormir muito tarde. Quer dizer, eu fui dormir muito tarde. Passei tempo de mais deitada no meu colchão tentando compreender tudo que acontecera até agora. Tentando acreditar de coração em tudo aquilo. Eu havia trazido o livro marrom antigo, o livro que me fez chegar até aqui, e o fiquei folheando durante a noite usando a luz da tela do celular. Eu não sei nem porque eu estava com ele, já que eu só o uso para falar com a minha mãe (e ela estava comigo) e ele estava sem créditos. Mas, por muito tempo, fiquei lendo partes aleatórias. E uma das partes, logo no começo, me chamou a atenção. Quando Molly Weasley fala para Harry que ele precisa acreditar que não vai bater na pilastra na plataforma nove e meia, ela fala que é muito importante que ele não duvide.

Passei a noite quase toda acordada pensando exatamente nisso: eu precisava acreditar.

~§~

-Vamos acordar garotas? - Escutei essa conhecida voz feminina chamar de um lugar distante.

-Mas que...

Abri os olhos e sacudi a cabeça. Ainda estava com muito sono.

-Ainda está tão cedo... - falei para a mulher de cabelos castanhos cor de chocolate que me olhava na porta.

-É o fuso-horário. Logo você se acostuma. Já são oito e meia da manhã, e precisamos sair cedo, certo? Levanta daí Katrina, e você também Julie. - era Jane, nos chamando da porta.

Sentei no colchão. Ao meu lado, minha mãe fazia o mesmo. Eu sabia que agora o meu cabelo estava uma revolta só, e eu também estava sentindo alguns fios na minha boca, mas minha mãe acorda praticamente arrumada. Tirando alguns fios fora do lugar e a cara de sono, nem parecia que minha mãe tinha se mexido durante a noite, ela continuava do mesmo jeito.

Nos encaramos e praticamente pulamos dos colchões sorrindo. Sim, era um dia especial. Iríamos visitar o Beco Diagonal pela primeira vez! Animação era o que não faltava.

~§~

-Okay, agora vamos testar essa poção. Não beba tudo, só até a metade. - disse Jane me entregando o frasco de vidro com a poção Polissuco vermelha.

-Certo, o que essa poção tem que fazer exatamente? - perguntou minha mãe. Ela parecia preocupada com o que quer que fosse.

-Na teoria, deve transformar a Katrina numa versão mais nova dela, com onze anos, já que usei algo dela aos onze anos para fazer a poção mudar. - respondeu Jane.

-Na teoria? E na prática?

-Bem... é o que vamos testar agora.

Encostei o frasco nos lábios e virei devagar. Me surpreendi. Estava esperando um gosto ruim ou algo assim, mas na verdade, tinha gosto de jujubas de morango. Eu sei, isso não é nada normal, mas eu não era normal, então não faria diferença.

Com o gosto bom, esqueci que só deveria tomar até a metade e comecei a tomar muito rápido. De repente, Jane e minha mãe gritam me mandando parar. Jane tira o frasco da minha mão e o tampa outra vez.

-É gostoso. - justifiquei. E, do nada, eu começo a mudar.

Primeiro, meu tamanho. Eu me sinto encolher de forma estranhamente rápida, ficando muito menor que a minha mãe, e eu era mais alta! Depois, meu cabelo fica mais liso e com menos volume. Ele também fica mais puxado para o laranja, e não para o vermelho. Minhas roupas, de repente, estão muito folgadas e eu tenho que segurar a saia que havia vestido.

-Deu certo! - comemorou Jane e minha mãe sorriu.

-Mas o quê?! - falo, e minha voz sai mais aguda e infantil que o normal.

Amor SonserinoOnde histórias criam vida. Descubra agora