The party

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Em frente ao espelho, eu parei para pensar, vestido apenas com roupa íntima e pantufas de urso polar; vi-me comparando o cara de hoje com o garoto de alguns anos atrás. Eu podia não deixar transparecer, mas a ingenuidade ainda estava presente no brilho dos meus olhos, desses olhos confusos. Minha vida agora se resumia ao trabalho, afinal, até os caras que eu me interessaria, estavam sentados em uma salinha perto do meu escritório. E o que me perturba é que continua o mesmo, como no colégio. Terríveis e entediantes dias de colégio, devo acrescentar. Meu trabalho me parecia tão terrível quanto, porém não me entediava mais. E como alguém se entediaria com alguém como o Liam rondando os corredores da revista que trabalha? Não dá. Mas aí entra aquela namorada dele. Eu andei conversando com ela, pra ver se eu me deparava com o amor deles dois e acabava perdendo as esperanças de beijar aqueles lábios sedutores do Liam. Antes não o tivesse feito. Lauren parece amá-lo de uma forma que, para mim, chega a ser irritante. Ela o ama como eu amava Robert, amor cego e sem fronteiras. Mas Robert era um canalha, todos sabiam disso menos eu, enquanto Liam é maravilhoso e todos sabem disso incluindo a própria Lauren. Eu poderia jurar que sabendo disso eu ficaria desmotivado de uma vez, mas, não sei se felizmente ou infelizmente, não fiquei. Consciente disso, eu estou mantendo a maior distância possível de Liam, para não cair em tentação, e com isso acabei tendo que me aproximar do meu outro chefe, Harry.

Eu suspirei a ponto de embaçar o vidro do espelho ao deixar meus pensamentos pararem em Harry. Eu podia tratá-lo mal como quisesse, mas ele sempre acabava gargalhando e me fazendo rir. Ele me pareceu bem atraente esses dias, seriamente e perigosamente atraente, no entanto, outro problema: Harry é o cara mais galinha da face terrestre. Ele é galinha do tipo que não desperdiça e tem poucos requisitos: 1) Tem que ser gostoso 2) Tem que ser cheiroso 3) Tem que dar mole. Pronto, preenchendo esses pré-requisitos, pode se considerar dentro da rede do Styles. Eu não gosto dessa mentalidade, é repulsiva! E daí, pronto, afastei-me também de Harry. E agora, como fico?

- Sozinho. - repeti para mim mesmo a resposta que invadiu meus pensamentos. Varri toda a melancolia da minha mente e me pus a pensar sobre outra coisa: A festa à fantasia. O que iria vestir? Tinha de decidir logo, passaria o dia todo costurando a roupa que escolhesse. Olhei bem pra minha cara e pensei sobre com quem eu parecia, tinha que ser um personagem... Sexy. Dei uma gargalhada que podia ser ouvida por todo o prédio. Louis sexy, ui! Vamos ver, que tal o Super-Homem? Olhei para o meu corpo e apenas imaginei. - Não. Definitivamente não.

Tentei analisar melhor o meu rosto, com quem eu me parecia? Demônio da Tazmânia? Monstro do lago Ness? Lembrei das linhas roxas que rodeavam os meus olhos. Me deixavam com um ar...vampiresco.

- VAMPIRO! É ISSO! - Eu gritei para o espelho. Olhei para os livros da minha estante e vi a série de Stephanie Meyer, vampiros estão ainda muito recentes, clichês. Então é isso. Vampiro!

[...]

Passei a tarde costurando a minha fantasia para a festa à noite. Ficou deslumbrante, digo, ficou do jeito que eu queria. Deixei a roupa recém-feita em cima da cama, tomei um banho rápido. Tinha apenas duas horas para me arrumar e chegar lá, contando com o engarrafamento, restavam-me apenas uma hora. Corri para o banheiro e tomei um banho frio e relaxante, me arrumei o mais rápido que pude, me maquiando entre uma secada de cabelo e outra. Como previsto, terminei de me arrumar exatamente em uma hora. Me olhei no espelho e vi minha imagem refletida de um modo diferente, minha camisa social colava ao meu corpo com gosto, mostrando cada forma, qualquer traço que o definisse. Bom saber que dias tediosos de academia sempre tem um retorno e que papai do céu foi legal comigo. Os meus olhos estavam mais fundos por causa do sombreado roxo e preto que eu o contornei.

Peguei um sobretudo preto e longo e joguei por cima dos meus ombros, coloquei algum dinheiro para o táxi e o celular nos bolsos e fui à cozinha me alimentar. Eu não sou o senhor prendado, não sei fazer mais do que macarrão e ovos, então optei por alguma coisa que fosse energética e rápida de se fazer: chocolate e morangos. Comi meia barra de chocolate intercalando com morangos vermelhos que a empregada havia comprado um dia antes. Guardei o que havia sobrado na geladeira e corri em direção ao banheiro novamente, desta vez para escovar os dentes e colocar os dentes postiços. Feito isso, desci as escadas acelerada e acabei me impressionando com o que encontrei estacionado na frente do meu prédio. Um homem de cabelos grisalhos estava encostado numa limusine preta e dava sinal para que eu entrasse ali.

My two bossesOnde histórias criam vida. Descubra agora