Provocations

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Era a última matéria a ser passada pelo photoshop. Eu tinha apenas que ajeitar as fotos e adicionar o layout que, graças a Deus, já estava pronto. Feito isso eu poderia colocar meu plano em prática. Isso, obviamente, se Harry ainda estivesse na Redação. Ajeitei rapidamente o que precisava ser feito, não passando de 15 minutos. Fechei a última pasta que me foi entregue por Payne na manhã e suspirei de alívio.

Levantei-me e andei em passos discretos até a porta, abrindo uma pequena fresta e observando a Redação completamente vazia; luzes apagadas e silêncio instalado se não fosse pela climatização e pelo som da minha respiração um pouco ofegante. Virei meus olhos para a diretoria, mas não havia qualquer luz acesa em nenhum dos escritórios; melhor dizendo, Harry não estava lá. Minha primeira reação foi amaldiçoar a porta, o dia, a caneta que estava no chão e eu tropecei, a formiga que fez cócegas em minha perna e o computador por simplesmente existir. Mas logo retirei todas essas maldições e as joguei em Liam. Que merda ele estava fazendo com aquela arrogância que sequer combinava com ele? E me entupindo de trabalho, como um escravo remunerado? Eu não ganhava o suficiente para trabalhar 24 horas, mas, se ao menos ele fosse menos estúpido, quem sabe eu não reclamaria do dinheiro.

Fui atirando minhas coisas na bolsa sem me importar se ia caber ou não. Eu era a última naquele inferno de redação e também não me importei quando comecei a resmungar baixo ao fazer minhas coisas. Desliguei o computador puxando o cabo de energia e desliguei a luz quase quebrando o inferno do interruptor. Odiava planejar coisas e quando planejo, não dá certo. Coisa boa ser impulsivo, péssimo apenas para o interruptor, para o computador, para o chão que eu esmagava, enfim.

Quando lembrei-me que ainda tinha de pegar o metrô tive vontade de me jogar do último andar do prédio. Suspirei fundo e peguei a bolsa lotada de coisas - também com trabalho de casa -, peguei um sobretudo que guardava num armário reservado aos funcionários devido ao frio que poderia encontrar lá fora, minha pele estava demasiada descoberta, saindo porta afora da redação, trancando portas e desligando lâmpadas remanescentes.

A cidade de Londres sempre fora uma coisa impressionante à noite. Já havia se passado da meia-noite quando atravessei a rua para pegar o metrô. A beleza da cidade simplesmente sucumbia aos rostos sérios que, principalmente àquela hora, se mantinham quietos e calados. O metrô, por algum milagre, não demorou a chegar ou talvez aquilo fosse resultado da primeira vez que cheguei na hora certa para pegá-lo. Havia poucas pessoas sentadas naquelas cadeiras. Eu não gostava de ter que ir embora àquela hora de metrô, me parecia extremamente perigoso por mais que eu soubesse me defender muito bem devido ao meu passado. Assim que minha linha de pensamento parou no passado, eu rapidamente desviei e me pus a pensar no presente, já que o passado apenas me traria coisas desagradáveis: em todo e qualquer sentido. O que me deixava mais louco era que o meu presente se resumia a dois nomes: Liam Payne e Harry Styles. Não que eu não me importasse com o trabalho em si, dos desenhos e tudo mais, mas aquilo era algo que eu fazia tão naturalmente quanto comer e dormir. Eles dois não. Com eles era diferente.

Sentei em uma das cadeiras perto de uma barra de metal, era meio desastrado quando o metrô estava em movimento, então permiti assegurar que não levaria uma queda ou sairia me batendo pelos vagões. Deixei minha bolsa descansar no meu colo e encostei a cabeça na parede. Por puro vício, puxei os fones do ipod de dentro da bolsa, liguei-o e apertei play esperando que uma lista qualquer tocasse. Não me importei diretamente com que música estava tocando, mas consegui deixar tocar por simplesmente me agradar.

My hopes of being stolen
Might just ring true
Depends who you prefer

Depende de quem eu prefiro. Quem eu prefiro? Eu prefiro quem me complete. O problema é que eu acho que os dois conseguem fazer o mesmo... Apesar de que Harry tem pontos na frente. Eu gostei da performance dele, ah, se gostei. A música entrava nos meus ouvidos com mais potência e eu passei a pensar com um plano de fundo musical. No entanto, não conseguia me distrair. Havia um instinto aguçado e desconhecido que queria me deixar com os olhos bem abertos. Talvez fosse a insegurança pelo horário tardio em que eu estava voltando para casa. Senti meu celular tremer na bolsa e então me concertei na cadeira para ver a tela: 1 mensagem recebida.

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2015 ⏰

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