Little Angel, Second Season: Capítulo 1

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- Passa o dinheiro, ou eu estouro seus miolos, vagabundo!- Mas eu não tenho dinheiro, Scottie!
A angústia me dominava. O olhar do rapaz loiro e forte era totalmente apavorado e sem ação. Havia três homens, e um deles com um revólver na mão, apontado para a cabeça do rapaz exasperado. Ele precisava me ver para que eu pudesse ajudá-lo.
Comecei a acenar freneticamente e ele virou a cabeça, me notando ali.
- Me ajude! Por favor!

Aproximei-me dele com cautela.
- Você consegue mudar essa situação se quiser. - Mas eu não tenho dinheiro a dar para ele! - Você consegue. O sonho é seu, não se esqueça disso.
Ele olhou novamente para o homem, que olhava para nós dois com tanta raiva que as veias de seus braços estavam saltadas e o maxilar travado me deixava mais nervosa ainda.
- Anda Greg, me passa a grana!- Eu já disse que não consegui arranjar o dinheiro, Scottie! - Então vou mandar cavarem sua cova, desgraçado! - ele disse calmamente, apertando o gatilho.
A bala ia até o rapaz em câmera lenta, e mesmo sabendo que eu teria chances de morrer se fizesse algo, eu tive que ajudá-lo. Corri até o rapaz loiro, na mesma velocidade da bala e consegui parar a sua frente, ouvindo o sibilo da bala. Reparei em seus olhos no último momento, sabendo que era o fim. Eram incrivelmente verdes, e tinha algo familiar deles. E então senti uma dor desconexa em meu ombro, e gritei, caindo no chão.

- Por que você fez isso? Era para eu ter morrido! - ele disse, assustado.
Peguei em meu ombro, vendo o sangue em minha mão e abri os olhos, vendo minha mãe ali, desesperada.
- Angela! Acorda! - Mas que droga - gemi de dor.
Meu ombro doía em demasia. Apertei-o, fechando os olhos de dor. Não havia mais sangue ali.
- Porque você entrou na frente daquele rapaz, minha filha? - disse ela, me abraçando assustada - Você sabe o risco que corre nos sonhos?
- Eu sei mãe, mas algo me fez ir até ele. Ele não podia levar aquele tiro.
- Mas por quê?
- Ele... Me é muito familiar. Eu conheço aqueles olhos.
- Talvez conheça. Eu liguei para o Christopher e ele virá aqui para dormir com você. Mais tarde será o último dia de aula, e eu sei que você quer se despedir da Jenny e do David.
Assenti e respirei fundo, com essa dor dilacerante no ombro esquerdo. Minha mãe me deixou sozinha no quarto, e adormeci outra vez, agora sem sonhos para quase me matar.
[...]
Acordei com o despertador tocando e o desliguei, esfregando as costas da mão nos olhos. Me espreguicei, indo levantar da cama quando notei que quase pisei em Christopher, que dormia em um colchão ao lado da minha cama. Ele estava de bruços, com uma carinha de preocupação estampada em seu rosto. Sorri e levantei da cama, indo tomar banho.
Já arrumada, vestindo um vestido florido e de cabelos soltos, voltei para o quarto. Christopher estava sentado na minha cama, lendo meu Caderno dos Sonhos.
- Bom dia, Chris.
Ele se virou e acenou com a cabeça, me fazendo sorrir de volta.
- Eu vou levá-las na escola. Sua mãe foi resolver umas coisas do Peter.
- Ok - disse, vendo que ele me analisava preocupado - O que foi?
- Vá tomar café, depois conversamos.
Assenti e fui tomar meu café com leite e comer minha torrada.
"Ele deve querer falar sobre o sonho de hoje", pensei.
Apalpei meu ombro e gemi de dor. Maldito homem que atirou em mim. Bem... Ele iria atirar no rapaz loiro, mas por que ele atiraria?
- Cadê a mamãe?
Saí do meu mini transe e olhei para Carly. É raro quando ela decide acordar cedo.
- Foi resolver umas coisas do papai. O Christopher vai nos levar para a escola.
- Ahm, tá bom.
Ela andou até a geladeira para pegar algo para comer e levantei, indo para o sofá esperar ela terminar. Logo Chris desceu e ele nos levou ao colégio. Ele deixou Carly primeiro para nós conversarmos.
- Você conhecia aquele rapaz?
- Algo me diz que sim. Eu conheço aqueles olhos de algum lugar.
- Tente se lembrar, Angel. E depois faça o relatório do sonho, que eu quero analisá-lo com as suas palavras.
- Você parece meu professor falando desse jeito.
Nós rimos e ele estacionou o carro. Desci, agradecendo pela "carona" e procurei Justin no meio dos alunos, porém não o encontrei. Topei com Jenny e abracei-a, guardei minha coisas em meu armário e ela foi atrás do David.
- Ei, Angel - sorri ao ouvir sua voz atrás de mim e me virei, recebendo um selinho do Biebs - Dormiu bem?
- Bem... Não diria que foi uma boa noite. Entrei em um sonho doido, e levei um tiro.
- O QUE? - pulei de susto com o seu grito, assim como as pessoas ao redor de nós - E VOCÊ TÁ BEM? Onde foi, meu amor? Me diz!
- Calma Bieber! - ri dele, enlaçando meus braços em seu pescoço - Foi no ombro, mas não aconteceu nada demais. Só acordei assustada e com o ombro doendo... Uma dor inexplicável.
Justin respirou tenso em meu pescoço, me abraçando. O sinal tocou e Justin me soltou, beijando minha testa e acariciou meu rosto, com uma expressão de dor, e indo para a sala dele em seguida.
"Depois do dia do baile, tenho muito medo de que algo aconteça com a minha Angel. E depois aquilo tudo com a Sra. Stubin, do Liam aparecer no jogo... E agora esse sonho maluco. Logo onde eu não posso protegê-la."
Suspirei triste, sentindo a preocupação dele. De certa forma, Justin estava certo. Eu tenho que tomar mais cuidado. Ser sonhadora não é nada fácil.
[...]
Estava na aula de História, a última do dia. Faltava apenas um minuto para o sinal tocar e os alunos contavam os segundos em voz alta. Sorri ao ver o Chaz e o Ryan fazendo gracinhas pela janelinha de vidro da porta, e algumas garotas suspiraram ao ver o Justin.
- 10, 9, 8...
Ele sorriu de orelha a orelha a me ver e ouvi mais suspiros. Biebs estava perfeito.
-... 3, 2, 1!
Gritos. Baderna. Pessoas correndo para fora da sala de aula. Esperei a poeira abaixar e me despedi da professora de História, saindo da sala. Justin esperava encostado na parede, com um sorriso literalmente apaixonante.
- Preparada para as férias, amor?
Dei de ombros, vendo-o o sorrir abobado, beijando minha bochecha.
- Vamos ao Junior's? Os caras estão lá.
- Só quero ver o nome que o Chaz vai arranjar hoje.
Nós rimos e fomos até a lanchonete. Christian estava lá, Caitlin e um rapaz que não tinha visto ainda. Chaz estava emburrado e Ryan tomava um milk shake com gosto.

- Angela! - ouvi Cait chamar e sorri, sentando do lado dela e a abraçando também - Tudo bem?
- Sim e você?
Notei que o rapaz que estava ao seu lado me fitava. Cabelos castanhos, assim como seus olhos, e um rosto bem esculpido com uma barba rala no início de seu maxilar. E seus olhos queimavam numa cor viva. E esse olhar é muito familiar.
- Estou bem sim, Angel. Ah, e esse é o Taylor. Taylor Hannagan. Ele é um amigo meu do curso de Arquitetura.
Olhei-o espantada e senti o olhar de Justin sobre mim. Um sonhador?
- Olá, Angela. Já ouvi muito sobre você. Prazer, Taylor.
O sotaque dele era um pouco forte, porém conseguia ser charmoso. Ele estendeu sua mão a mim e apertei a dele em cumprimento, ainda chocada. Não pensei que fosse ver um Hannagan, não em Atlanta.
- O prazer é meu, Taylor. Ahm, vocês já pediram? - perguntei, olhando para Justin. Ele me olhava preocupado.
- Eu pedi a Tara, mas esse corno já a tomou inteira - alegou Chaz, apontando para o milk shake que Ryan tomava e sorri. Tara é um nome legal.
- Que pena Chaz. Eu quero um milk shake também. - disse, sorrindo para Christian, que beijou minha mão.
- Senta aqui, Angel.
Justin estava com o maxilar travado e sorri sem humor, notando como a áurea dele estava tensa. Preocupada. Sentei do lado dele, sentindo sua mão percorrer minha cintura e me colando ao seu corpo de forma tensa.
- Aconteceu alguma coisa, Bieber? - perguntou Chaz, olhando para o amigo - Você parece tenso.
- Não - respondeu seco, apertando ainda mais minha cintura -, Estou bem. E quero um cheeseburguer, Kelly!
A garota que estava atrás do balcão assentiu e voltou para dentro da cozinha. Voltei a olhar para Taylor, e ele me encarava como se analisasse meus movimentos. Isso não é bom.
"Chris... Tem um Hannagan aqui."
"Um Hannagan? Eles não costumam sair de Nebraska para nada."
"Foi isso que eu pensei. Ele é amigo de uma amiga minha. E ele não para de me analisar."
"Qual o nome dele?"
"Taylor Hannagan."
"Leia a mente dele. Procure o máximo que puder da vida dele, pode ser útil para te ajudar com o Liam se ele não for, hm, da mesma laia que a da Lilian."
"Ok. Vou fazer o máximo que puder."
- Angel? Ouviu o que eu disse?
- Olhei para Chaz, franzindo o cenho. Não tinha prestado atenção nele.
- Eu perguntei se você gosta de Londres.
- Ah, Londres é mágico. A terra das bandas de rock que eu mais gosto, tipo Beatles, The Rolling Stones, Pink Floyd, Black Sabbath, Muse; do Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson. Do Big Ben, de pessoas bonitas e intelectuais e que ouvem boa música. Simplesmente amo Londres, mas nunca fui lá. Meu quase padrasto morava lá.
- O Christopher? - assenti - Ele é seu padrasto?
- Não, mas está para ser. Ele está namorando a minha mãe há uns meses, e eu tenho certeza que eles irão se casar.
- Legal. Ele é gente fina.
- É sim. Mas... Por quê?
- Por que o que?
- Você queria saber se eu gosto de Londres.
- Ah, sei lá. Só surgiu o assunto.
Dei de ombros. Deitei minha cabeça no ombro de Justin e nossos pedidos chegaram. Peguei meu milk shake e me aconcheguei os braços dele, enquanto Chaz brigava com Ryan - ainda - por Tara. Caitlin conversava com Christian e Taylor, porém ele permanecia a me analisar como antes.
- Ele é... Um de vocês? - Justin perguntou, franzindo o cenho e tomando um pouco do meu milk shake.
- Ao que tudo indica, sim. Chris me pediu para vasculhá-lo, se é que me entende.
- Entendo. Ele não para de te olhar. Quero quebrar a cara desse filho de uma...
- Calma Biebs. Deixa-me fazer o que preciso primeiro, ok?
Justin concordou e deu uma mordida em seu lanche, e me encostei ao banco. Concentrei-me, sentindo meus dedos retorcerem e deixei o milk shake em cima da mesa, colocando-as no meu colo. Biebs olhou para minhas mãos e já não sentia meus dedos. Molhei os lábios, olhando ligeiramente para o rapaz, sorrindo em seguida ao ver que ele me olhou.
Taylor Hannagan. Natural da Noruega, tem dezoito anos e é fanático por arquitetura, fazendo cursos e iniciando sua faculdade sobre tal assunto. Seus poderes são Telecinese e Manipulação da matéria, usufruindo do seu poder na sua paixão. Seu parentesco bate com o do líder Hannagan, o Sr. Thunder, já ancião, sendo avô do rapaz. Ele tem mais dois netos, Thalia Hannagan, sua irmã mais nova, e Gregory Martins Hannagan, seu primo.
Gregory?
- Poxa Angel, você está com a cabeça nas nuvens hoje, hein. - comentou Chris, fazendo os outros rirem.
- É - ri também, reparando que os meus sentidos estão uma droga hoje -, desculpem pessoal. Só não foi um dia bom.
Taylor me encarava tenso. Ele sabia plenamente que eu leria sua mente. Molhei meus lábios, abaixando o olhar. Minha cabeça doía um pouco, e meus dedos estavam embaraçados. Suspirei, realmente não era um dia bom.
- Teve notícias do Liam?
- Não. Não o vi mais depois do dia do jogo.
- Ele parecia estar tramando alguma, Angel. - comentou Ryan.
- Eu sei disso, Ryan. Mas ninguém sabe o que poderia ser, já que ele está sumido.
- Falando nisso, Chris, ainda bem que você parou de andar com aquele patife, né? - disse a irmã dele, dando um sorriso de orelha a orelha.
Todos nós rimos.
- Ainda bem mesmo. O desgraçado me manipulava.
- Ele já fez isso com todos, Chris. Infelizmente. - disse, tentando soltar meus dedos.
Ambos assentiram e voltaram sua atenção para os restos de seus pedidos. Agora podia pensar com mais clareza. Ele é primo do Gregory? Aquele brutamonte do Hilffman High? Não creio. Ele não se parece nadinha com o loiro.
E, me lembrando da feição de Greg, tudo se encaixou.
Era ele no sonho. Foi no sonho dele que eu adentrei, e ele iria morrer se não fosse por minha causa. Mas, ele poderia ser um sonhador, poderia? Hipoteticamente, ele tem dezoito também, e os sonhadores homens se formam aos seus dezoito. Isso indica que eu salvarei a vida dele algum dia. Mas, com o que?
- Angel, nós vamos pagar a conta, ok?
Assenti, despertando dos meus pensamentos e levantei, pegando meu milk shake e Taylor seguiu Caitlin. Cutuquei suas costas, e ele me olhou sério. Apontei para fora da lanchonete e ele entregou uma nota para a Cait, e eles permaneceram ali enquanto nós fomos para fora.
- O que foi?
- Você é primo do Gregory?
- Você é tão boa assim? - ele perguntou, dando um tapa na testa. - Mas que droga.
- Mas que droga, digo eu! Como não consegui descobrir que ele era um, ahm... Você entendeu.
- Porque ele ainda não é um. Ele está se transformando ainda, depois daquele jogo maldito que você ganhou dele.
- Ei, não foi só eu. Meu time ganhou do deles, e a culpa não é minha que ele é machista.
- Não levemos a parte emocional da coisa, minha cara. Ele está transtornado, e se envolvendo com aquele maldito Sparks.
- O Liam? - perguntei, franzindo o cenho.
- É, esse canalha ai. Esse gosta de levar todos para o fundo do poço.
Ri dele e assenti, tendo que confirmar.
- Mas, o que o Liam pretende com ele?
- O Thunder diz que não é coisa boa, e ele não iria atrás do meu primo por qualquer motivo.
- Se você quiser eu posso te ajudar com isso.
- A protegê-lo? Não, pode deixar. Eu consigo fazer isso sozinho. Meu clã consegue. - disse ele, emburrado. Ah, outro machista.
- Taylor, Taylor. - disse, cruzando os braços - Você deve saber o que ele fez comigo. Ele é protegido da tia dele, a Lilian, e ela não mede esforços para ajudá-lo em absolutamente tudo. Eu já lidei com eles, acabei levando o Justin comigo nessa coisa toda, e sei muito bem a laia deles. Mas... Se precisar de mim, é só chamar.
Ele sorriu de canto e sorri de volta.
- Bem que o vovô disse que você deixava até o ar diferente.
Dei de ombros, rindo. - Se isso foi um elogio, obrigada. - franzi o cenho, engolindo seco - Ahm, eu sonhei com ele hoje.
- Com o Greg?
- Sim. E ele iria ser morto no sonho. Você sabe que os sonhadores podem morrer nos sonhos, não sabe?
- Sei sim. Eu também entro nos sonhos, e quase morri em alguns. Mas, por que ele não morreu?
- Porque eu o salvei. Ele iria ser baleado, e eu levei a bala por ele, no ombro.
- Santo Odin, Angela! Não acredito que levou um tiro pelo meu primo!
- Eu precisava salvá-lo. E geralmente, quando tenho sonhos do tipo, eu acabo ajudando essas pessoas.
- Como a história da garota cega que voltou a enxergar?
- Exato. E isso indica que esse encontro não vai ser nada bom. Ele corre risco de morte, Taylor. Avise isso ao seu avô, e se atentem à Lilian. Eu vou fazer o máximo por ele.
O rapaz assentiu, e os rapazes e a Caitlin apareceram. Justin deixou todos na casa de Chaz e foi para minha casa, dizendo que queria conversar comigo. Ao chegarmos, minha mãe estava lá com Christopher. E todos exigiam explicações.
Disse à minha mãe e Chris sobre Taylor e a nova tentativa do Liam de tramar algo com o Gregory, e eles ficaram surpresos. Ele não desistia mesmo. Chris prometeu analisar sobre a vida deles e subi para o quarto, ficando ali com Justin. Acabei caindo no sono, nem conversando com ele. Estava literalmente exausta. Foi um dia complicado.
E, pelo visto, continuarão assim pelo resto dos meses.


Little Angel-2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora