Little Angel, Second Season: Capítulo 4

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Mode Angel on*


Luzes.Flashes.Branco, azul e vermelho.Barulhos ensurdecedores.- Angela!

Tapei os ouvidos, não conseguindo ao menos enxergar, e andei cegamente pelo vazio. A brisa fazia meus cabelos voarem, e o chão fofo amaciava os passos. O barulho não parava, as luzes muito menos, e não sabia onde estava, o que fazer. Caí no chão ao tropeçar em algo e notei que pisava na grama orvalhada e as luzes pararam. Abri os olhos com dificuldade, deixando o negro tomar minha visão até esta se acostumar. Estava apenas na luz da lua, em um bosque. Havia um rapazinho na minha frente.
Infelizmente o barulho não se cessou, e ele me olhava sem expressão com aqueles olhinhos azuis. Os cabelos ruivos também esvoaçavam com a brisa e ele tinha as mãos nos bolsos. Levantei, limpando os joelhos sujos de terra e franzi o cenho, incomodada com os zumbidos.- Por que você tem asas?- Porque eu ajudo as pessoas.- Então você pode me ajudar?- Claro! – sorri, notando que o barulho havia parado e ele sorriu de volta.- Tem um moço atrás de você. – ele apontou atrás de mim e virei, vendo Justin correr até nós.- Caramba Angela, eu gritava seu nome e você nem ao menos parava de andar!- Eu não estava te ouvindo, desculpa.- Quem é esse? – o garotinho perguntou.- Ele é meu namorado.- E você? Quem é?- Dennis.- Ok Dennis, nós vamos te ajudar. O que você quer que nós façamos?- Perdi meu irmão aqui no bosque.Justin me olhou preocupado e sorri sem ânimo. - Tudo bem, vamos encontrá-lo. Como ele é?- Ele é igual a mim.- Vocês são gêmeos?- Não, ele é mais velho, mas é igual a mim.- Ok.

Começamos a andar pelo bosque negro, com o garotinho à nossa frente. À medida que andávamos, o bosque ficava mais escuro, dificultando nossa visão e os ruídos aumentavam. O medo se acendia em faíscas, deixando-me apreensiva a cada passo. De repente, Dennis tropeça em algo e caí no chão cheio de folhas secas, gemendo de dor.

- Tá sangrando, Angela!
- Calma Dennis, vamos te ajudar.

Ajoelhamos ao lado do garoto sentado e Justin limpou o ferimento com sua camiseta xadrez, em seguida amarrando-a no joelho do menino para estancar o sangue.

- Dennis!

Ele olhou para trás e ouvimos barulhos de passos, o farfalhar das folhas aumentou enquanto o dono da voz se aproximava e vimos um corpo a nossa frente. Não consegui enxergar seu rosto com clareza, mas pelo entusiasmo dele deu para perceber que era o irmão de Dennis.

- Dustin! Consegui te achar!
- O que houve com o seu joelho? Quem são esses?
- Eles vieram me ajudar a te procurar. Você viu que ela tem asas de anjo?
- Asas? Dennis, não viaja.
- É sério!
- Garotos, nós temos que voltar – disse, levantando Dennis –, aqui é muito perigoso.

Eles assentiram e voltamos para onde estávamos. O bosque tinha um aspecto sombrio a cada lado que se olhava, como se tivesse alguém nos observando. Ouvi um grito atrás de mim, me virando e vendo alguém segurando um dos garotos no colo e tapando sua boca em seguida. Seus olhos azuis brilharam naquela imensidão negra e eles me atingiram de forma grotesca.

- Dennis! – gritou o irmão – Solta ele seu cretino!
- É o Liam – sussurrei, logo vendo Justin avançar no rapaz, que riu com escárnio.

Justin caiu no chão de joelhos e colocou as mãos na cabeça, gritando de dor.

- Seu louco! – gritei, tentando tirar Dennis de seus braços e minha cabeça começou a doer freneticamente, como se fosse explodir. – Você não consegue viver sem mim, não é? – disse, fechando os olhos de dor e senti-o segurar meu rosto e um baque surdo tomou conta de meus ouvidos.
- Não querida, não consigo. – abri meus olhos e aquele mar azul me atingiu novamente, me fazendo delirar – Porque você pertence a mim.

Os garotos conversavam, logo chamando o nome de Justin, que parecia não estar acordado.

- Ele está gelado!
- Será que ele morreu? O coração dele não está batendo, Dustin.
- Você é apenas minha, Angela. Nem que eu tenha que matar seu namoradinho de merda para te provar isso.

A dor me consumia, e ele virou meu rosto, me fazendo ver Justin jogado no chão, sem vida. O homem da minha vida estava ali, morto, e eu não fiz nada para impedir. As lágrimas escorreram de meus olhos, sem emoção. Soltei-me de Liam e andei até ele, ajoelhando ao redor dos meninos e procurando seus pulsos.

- Justin, por favor, acorda! – gritei, soluçando feito uma louca – Eu não vou conseguir viver sem você, por favor, acorda!

- Minha filha, acorda, pelo amor de Deus!

Abri meus olhos, sentindo meu corpo inteiro doer e aquela maldita dor de cabeça não passar. Meu rosto estava encharcado, assim como meu lençol.

- Angela, minha filha, você está ardendo em febre.
- Eu tive um sonho horrível, mãe. – solucei, sentando na cama e enxugando meu rosto
- Relaxe, você já saiu dele. Aqui, tome isso e coloque o termômetro na boca.

Tomei o comprimido que ela me deu e coloquei o termômetro na boca.

- Daqui a pouco eu volto, deixei o molho do macarrão no fogo.

Assenti, vendo-a sair do quarto apressada.

Será que aquilo é um sinal?

Com certeza seria algo.

Olhei para o teto, respirando fundo e me recostei à cabeceira da cama, espichando as pernas. Incrível como o Liam consegue estragar minha vida. E o sonho parecia ser tão real, assim como o do Gregory. Minha mãe apareceu no quarto, sentando na cama e tirando o termômetro da minha boca, o analisando.

- 39ºC! Meu Deus, Angela!

Olhei para baixo, sentindo um frio descomunal e me cobri, mordendo meus lábios.

- Ainda bem que te dei o remédio da vovó, ele é infalível. Rapidinho você estará novinha em folha. – ela deixou o termômetro sobre suas pernas e me olhou preocupada – O que sonhou querida? Você estava gritando pelo Justin desesperada.
- Eu fui ajudar um garotinho a encontrar seu irmão num bosque sombrio com o Biebs, e depois que o encontramos, na volta, Liam pegou um deles e Justin foi tentar salvá-lo, porém ele usou a rajada psiônica e Justin caiu no chão de dor. Eu nem me toquei e fui ajudar o menino, o Liam ficou falando coisas sem nexo pra mim, como "você é só minha" e quando percebi, ele estava morto mãe. Morto!

Meus olhos estavam cheio de lágrimas e minha garganta doía, meu corpo doía, minha cabeça doía. As imagens ainda eram nítidas na minha mente, como se tivessem realmente acontecido.

- Nossa filha. – ela me abraçou, secando meu rosto e funguei, começando a tremer de frio – Foi um sonho forte.
- E eu estou com medo de que ele signifique algo mãe. E se o Justin morrer? Eu não quero que nada aconteça a ele.
- Eu entendo Angela. Mas também pode não ser nada.
- Quando se é sonhador, todo sonho significa algo, e esse não é diferente. Eu não quero perder mais ninguém mãe, já não basta a Sra. Stubin.
- Tudo bem filha. Nós vamos dar um jeito, tudo bem?
- Ok.
- Agora descanse, mais tarde eu te acordo.

Assenti e me deitei, vendo-a se retirar do quarto e fechei os olhos, respirando fundo. Espero que seja apenas um sonho qualquer.

Mode Gregory on*

Estava arrumando minhas malas, e agora estou esperando Liam chegar para que fossemos viajar. De acordo com ele, a tia dele, Lilian, precisa urgentemente conversar com o sobrinho, e como Liam prometeu não me deixar sozinho, vou com ele até Jacksonville. Faltavam alguns minutos para ele chegar, então preparei outras fileiras do pó branco para ir relaxado para a viagem.

- Amigo! – ouvi o estrondo da porta abrindo e pulei de susto, errando o formato da fileira e olhando torto para ele – Vamos! Minha querida tia nos espera!
- Agora espera, senta aí e relaxe. Quer um pouco? – ofereci o cilindro e ele negou. Dei de ombros e inalei o pó, sorrindo logo em seguida. Guardei o saquinho dentro da mochila, num bolso invisível e fomos.

Pegamos um avião – Liam disse que andar de carro lembra aquela bonequinha de porcelana que odeio mencionar o nome, e não demorou até chegarmos à casa de sua tia. Era grande, moderna e com plantas na decoração. Entramos, e logo uma voz feminina encheu o ambiente.

- Liam! Meu amor!
- Oi tia Lilian.

Eles se abraçaram e ela pegou as malas das mãos do sobrinho e deixando-as no chão. Ela tinha os olhos do sobrinho, cabelos compridos e lisos, corpo magro e um sorriso branco e encantador.

- Esse é o seu amigo? O filho do Trent? – Liam assentiu e a mulher me analisou dos pés a cabeça, dando um sorriso triste em seguida. – Prazer, sou Lilian.
- Gregory. – apertei a mão dela – Você conhece meu pai?
- Sou amiga de longa data, Gregory.
- Legal.
Ela pegou as coisas dele e se virou para o sobrinho. – Querido, precisamos conversar. Gregory, vá para o terceiro quarto à direita daquele corredor e desarrumar suas malas. Sinta-se em casa.

Assenti sem demora e segui meu caminho enquanto eles seguiam o deles. Procurei o quarto indicado por Lilian e entrei. Era uma suíte toda branco com detalhes em azul. Extremamente confortável, uma cama enorme e uma janela de vidro que dava vista para a cidade. Comecei a desarrumar minhas malas e guardar as roupas no armário vazio e deixar as outras coisas no banheiro.

Liam disse que passaríamos uma temporada de um mês ali, para passar um tempo com a tia, além de ajudá-la com uns assuntos familiares. Eu, sinceramente, preferia ficar no meu apartamento. Não sei como vou conseguir usar drogas aqui, tirando os cigarros.

Sentei na cama e molhei os lábios, me sentindo enjoado. Minha cabeça parecia querer explodir.

- Maldita genética satânica – sussurrei, amaldiçoando meu avô. Era mais uma daquelas malditas crises de enxaqueca.

Minha visão estava ficando turva em um dos olhos e deitei sobre a cama, colocando as mãos sobre a cabeça, tentando não gritar de dor. Meu estômago revirava e pensei em pegar um dos cigarros no bolso invisível, mas meu estômago foi mais forte que eu. Fui correndo até o vaso sanitário e regurgitei meu almoço.

- Maldito seja – lavei minha boca e escovei os dentes, me apoiando na pia para não cair. -, maldito seja aquele velho desgraçado.

Andei até a mochila e tropecei em meus próprios pés, caindo na cama e rindo em seguida, abrindo o bolso e pegando um cigarro e um isqueiro. Acendi-o e traguei lentamente, sentindo um alívio tomar conta de mim, porém a enxaqueca não passava de jeito nenhum.

- Greg?

Virei o rosto e vi Liam ali com sua tia, e sorri para eles.

- Olá gente – fiz um sinal com o dedão e comecei a rir -, já conversaram?
- Já sim – disse Liam – e precisamos conversar sobre a Angela.
- Aquela puta perfeita? Claro! – ri outra vez e fechei minha mochila, tragando outra vez.
- Por que você não abriu a janela? Pessoas civilizadas fazem isso, Gregory. – Liam andou até a janela e a abriu, ficando ali. Ele odeia o cheiro da maconha.
- Eu sei caramba, mas tá doendo muito. – coloquei a mão na cabeça e fechei os olhos com força.
- O que dói, Greg? – perguntou a mulher.
- Minha cabeça.- Ah, isso é normal. Ainda mais nessa fase, querido. Quantas vezes você já desmaiou por conta dessas dores?
- Só uma vez.
- E você sabe qual é o seu poder?
- Poder? Tipo os da anjinha do pau-oco?

Lilian riu de mim e ri também, vendo aqueles olhos azuis embaçados.

- Depende. Você reparou que alguma coisa mudou em você?
- Não – franzi a testa e traguei outra vez, vendo o cigarro no seu final -, não que eu me lembre, tia do Liam.
- Mais tarde descobriremos isso, Greg. Agora vamos falar daquela Collins imunda. Ela virá para Orlando, passar as férias com o namoradinho frouxo dela daqui duas semanas. E vocês vão agir.
- Agir? Nós vamos matar eles? Gostei – ri alto e o cigarro começou a queimar meus dedos e os larguei no chão do quarto, sacudindo os dedos feridos.
- Não, apesar de eu querer muito isso. Vocês precisam armar uma emboscada para eles. Qualquer coisa que os deixem assustados o suficiente.
- E o que você tem em mente, titia?
- Vamos atingir o ponto fraco da anjinha, Liam.

Os dois sorriram tão perversos que pensei que estavam atuando como vilões em um teatro. E comecei a imaginar eles contracenando com a Angel em um teatro. Ela com asas e eles com tridentes infernais, um rabo pontudo e chifres vermelhos.

- Matar o namoradinho de merda dela? Eu adoraria fazer isso.
- Não matar, deixar bruscamente ferido. À beira da morte.
- Perfeito.
- E onde eu entro nessa história, hein?
- Você cuida da Angel enquanto eu cuido do Justin.

Ergui uma sobrancelha, sorrindo vitorioso.

- Pode ter certeza que eu irei cuidar muito bem dela, Lilian.

Ela sorriu para mim e me ajeitei na cama, tirando os sapatos e a mochila.

- Se vocês não se importam, eu preciso descansar. Obrigado por conversar comigo, Lilian.
- Por nada, querido.

Eles se retiraram e fiquei pensando em várias formas de cuidar dela.

Partiria para a parte violenta ou a sexual?

Ou as duas?

Ergui a sobrancelha, rindo.

Mal posso esperar.

Angela Collins, será ótimo cuidar de você. 


Little Angel-2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora