Little Angel-2ª Temporada

Little Angel, Second Season: Capítulo 8

Mode Liam on*

Minha cabeça doía muito. Ouvia um celular tocando, mas não sabia de onde vinha o som. Não conseguia abrir os olhos. Sentia meu corpo doer, minhas costas estavam formigando. Estava deitado em algo rijo e áspero, grosso. O barulho do celular voltou a soar em meus ouvidos. Levei minhas mãos à cabeça, tocando em algo. Parecia uma folha seca. Franzi o cenho e toquei onde estava deitado. Não pude evitar ranger os dentes. Angela me pegou outra vez. Abri os olhos com dificuldade e ouvi ruídos. Havia um esquilo sobre meu tórax me olhando com a cabeça levemente inclinada para a esquerda. Revirei os olhos e ouvi outra vez o celular tocar. Busquei-o em meus bolsos e olhei para o chão, vendo o quão alto eu me encontrava no momento. Mais ou menos uns dois metros. Pelo menos meu celular resistiu à queda. O esquilo grunhiu e olhei para ele, logo mordeu meu nariz e gemi de dor, me contorcendo e caí do galho.

Não havia palavras para descrever a minha dor. Tinha uma dor gritante no braço direito. É claro que o quebrei, não esperava cair de uma queda dessa ileso. Ajeitei-me nas folhas e consegui avistar aquele maldito esquilo, que parecia tirar chacota de mim no topo da árvore até correr por dentre os galhos. O ringtone do celular ecoou nos meus ouvidos, o celular estava do lado da minha orelha e quase fiquei surdo."Deixa esse celular no máximo, Liam. Quero ver se não vai me atender por conta disso." Sim, minha tia é uma chata.Peguei o celular, reparando na tela estilhaçada por conta da queda, e coloquei no silencioso rapidamente, já ouvindo os sermões dela. Havia dez ligações dela. Dez. É, acho que alguém vai morrer de dor de cabeça hoje. Sentei com dificuldade, olhei para meu braço e não tinha o controle da minha mão, ela simplesmente estava caída até a parte quebrada. Mole como maria-mole. Legal, não poderia ficar pior. A situação saiu completamente do meu controle. Respirei fundo, contei até vinte em japonês e depois em alemão. Rezei até para Odin. Tentei colocar o braço no lugar e nada, sem falar na dor insuportável. O celular voltou a tocar e revirei os olhos. Atendi, morrendo de medo dela. - Lilian, eu...- Se você não voltar para casa agora, eu te mato Liam Williams Sparks. - consegui ouvi-la bufar de raiva do outro lado. - Vou o mais rápido que puder, mas primeiro preciso ir ao hospital. - Hospital?- Quebrei o braço em dois lugares. Ah, e ela me fez dormir em uma árvore de dois metros, se quiser saber.Ela ficou muda e desliguei para não ouvi-la reclamando do meu fracasso. Saí do bosque segurando meu braço e caminhei até encontrar alguém. - Senhora, você poderia dizer onde é o hospital? - Meu Deus, garoto! Pode deixar que eu te levo! Com o braço nessas condições você não pode ir sozinho. Assenti em resposta, apesar de não querer companhias. Ela vai me perguntar como quebrei o braço. Ah, sabe como é, eu fui manipulado a subir em uma árvore bem alta pela minha ex-namorada que voltará comigo logo e acabei dormindo lá, e um esquilo me derrubou. Foi épico, você deveria estar lá para ver. Porém, felizmente, ela não perguntou sobre o braço.- Como é seu nome, garoto?- Liam.- O meu é Sonia.E foi assim o resto do caminho. Sonia parecia ter uns quarenta anos, cabelos quase grisalhos e olhos calmos e serenos. Ela apenas parecia preocupada com a minha situação. Ah, mal sabe ela que o que a Lilian vai fazer comigo é bem pior que isso. Enfim chegamos ao hospital, ela me levou até o balcão e uma enfermeira gostosa me levou para dentro. Engessaram meu braço depois de horas de procedimentos, me recomendaram um repouso de alguns dias e mais um monte de blá blá blá que não prestei atenção. Queria tanto dar um jeito naquela maldita garota, mostrar para ela quem está no controle.- Pronto mocinho, tome cuidado da próxima vez.Apenas assenti e saí andando pelos corredores. Vi Sonia sentada no banco da sala de espera e agradeci a ela, dizendo que me virava e peguei um táxi, indo até a casa de minha tia. Fiquei com um puto medo de apenas abrir a porta, porém ela abriu antes mesmo de eu tocar a maçaneta.- Liam! Oi amigo! O que aconteceu com o seu braço?Era o que eu menos queria agora. Um ser inútil me incomodando.- Quebrei, Gregory. – disse, entrando em casa – Caí de uma arvore.- Nossa! Como você fez isso?- Não foi ele, Greg. Foi Angela.Estremeci ao ouvir a voz dela.- Angela fez isso com você?! Mas como? Ela é apenas uma garota – ele cerrou os punhos e vi um enfeite da mesinha de centro virar metal líquido e ergui a sobrancelha, surpreso – Uma garota fraca.- Infelizmente, ela não tem nada de fraca, caro amigo. Uma dor chata de cabeça começou a me incomodar e sentei no sofá, sentindo as mãos dela em meus ombros.- Então ela te fez dormir numa árvore?- Por acaso acha que eu engessei meu braço pra mentir?E levei uma bofetada pesada em minha cabeça.- Você simplesmente estragou tudo, como anda fazendo.- Foi como se ela soubesse que aquilo iria ocorrer!- É claro, ela tem o Christopher.- Não acho que foi ele que disse algo. Ela simplesmente sabia, Lilian.- Acho que você sozinho não vale mais a pena. - Hã?- Da próxima vez irá com Gregory.- O quê?! Ele só vai me atrapalhar mais!Ela andou até mim, olhou em meus olhos e se eu não concordasse acho que ela me mataria ali mesmo.- Ok. Retiro o que disse.- Agora planeje algo melhor, sem que ela descubra, já que agora ela estará de atenção dobrada por conta do seu erro estúpido.E saiu da sala. Respirei fundo, socando a mesa e vendo o metal líquido agora endurecido em cima do vidro. Talvez, apesar da burrice dele, Greg poderá até me ajudar com isso.

Mode Lilian on*

Era só o que faltava. Aquela garota conseguiu quebrar o braço dele. Ela vai ganhar o que merece independente do resultado.

Sentei em minha cama e meu celular começou a tocar. Era um número diferente, com outro código. Parecia até ser de outro país.

- Alô?
- Lilian Sparks?

A voz era carregada de sotaque, masculina e extremamente autoritária.

- Sim, é ela. O que gostaria?
- Gostaria que deixasse meu neto em paz, vagabunda.

Sorri de canto.

- Ah, de quem mais esperaria um insulto. Não estou com seu neto, sogrinho.
- Sim, você está. E se não deixá-lo em paz, guerras ocorrerão.

E ele desligou.

Como aquele velho sabe que estou com Gregory?

- LIAM!
- O que foi, tia?
- O avô dessa criatura acabou de me ligar. Precisamos agir rápido, apesar de eu gostar de guerras.
- O avô dele?
- Sim, ele é líder do clã Hannagan.
- Mas como ele descobriu?
- Não sei, idiota. Só sei que temos que agir rápido.

Mode Angel on*

Acordei com a respiração de Justin em meu pescoço e sorri, acariciando seus cabelos loiros. Ele dormia tranquilo, com os braços em volta de meu corpo e uma mão boba por dentro do meu blusão. Queria que essa sensação de conforto durasse para sempre. Fechei os olhos, respirando fundo e alcancei meu celular, vendo que eram 7h38. Fechei os olhos outra vez e tentei me conectar com minha mãe, precisava muito conversar com ela.

"Mãe, está aí?"

"Como não estaria, filha?" Pude sentir ela rir e sorri pela minha pergunta idiota. "O que foi? Caiu da cama pra me chamar tão cedo?"

"Na verdade, foi quase isso. Mas eu preciso te contar uma coisa."

"O que?"

"Lembra daquele sonho que tive, que acordei com febre e tudo mais?"

"O que Justin morreu?"

Estremeci só de lembrar. "Sim, esse mesmo. Ele aconteceu de verdade, ontem. Liam nos atacou enquanto eu ajudava dois meninos ruivos num bosque. Por um momento pensei que ele fosse mesmo matar Justin, porém o despistei e felizmente ele está aqui do meu lado dormindo."

Ela ficou um momento em silêncio e mordi os lábios. Sabia que isso iria estragar nossa viagem, Christopher vai querer que voltemos o mais rápido possível para que ele nos proteja, assim como minha mãe. Não posso nem tirar férias que esse cafajeste estraga tudo.

"Filha, acho que vocês deveriam voltar para casa e deixar essa viagem para outro momento."

Ah, agora acho que virei vidente também.

"Eu tenho que falar com Justin, nós só chegamos no hotel, trocamos de roupa e dormimos, não falamos sobre nada. Não quis preocupá-lo ainda mais."

"Tudo bem, conversem. Porém você sabe que eu e Christopher preferimos que vocês fiquem conosco para que estejam mais protegidos daquela mulher."

"Ok mãe. Falarei com você assim que resolver aqui."

"Tome cuidado filha."

Cortei a conexão e suspirei triste. Nossa viagem mal havia começado e já tínhamos que ir embora.

Olhei para ele e sorri, vendo como ele conseguia ser lindo dormindo. Justin é lindo de todo jeito. Beijei sua testa, começando dali uma trilha de beijos e quando parei no maxilar ele sorriu, segurando meu queixo e me beijando demorada e carinhosamente.

- Que jeito mais gostoso de acordar. - suspirou ele, me abraçando - Posso acordar todo dia assim?

Ri dele e dei de ombros, me aconchegando em seu abraço.

- Talvez.
- Ah, talvez não é resposta Angel.

Sorri e fechei os olhos, sem saber como começar o maldito assunto. Não quero estragar nossa viagem.

- Justin, eu tenho que te falar uma coisa.
- O que amor?
- É... Eu não consigo.
- É sobre ontem?
- Infelizmente sim, me desculpa.
- Não, sem problema.
- Eu contei para minha mãe o que aconteceu e ela quer que...
- A gente volte pra casa.

Sua voz saiu de forma decepcionada e triste. Ele fechou os olhos e aquilo me doeu no fundo, me deixando escapar uma lágrima. Eu não queria que ele ficasse triste por responsabilidades minhas, porém ele corre perigo se ficar aqui. Quando percebi, já estava chorando baixinho em seu peitoral, e ele me abraçou mais forte.

- Meu amor, não precisa chorar. Eu não estou triste, só estou puto com esse desgraçado rancoroso. Ele não nos deixa em paz.
- Mas eu não queria estragar nossa viagem, Justin. Era pra ser perfeito.
- Ei, só de estar com você já é perfeito. Ainda mais com você de blusão, deitada debaixo das cobertas comigo.

O tom de malícia da sua voz me fez rir.

- Seu pervertido! - exclamei enquanto ele ria de mim. - E eu achando que você fosse falar uma coisa fofa.

Justin beijou minha testa e sorriu, agora olhando nos meus olhos.

- Sabe Angel, eu só queria essa viagem para poder ficar apenas com você, sem ninguém para nós encher, fazer o que quiséssemos sem ter que olhar no relógio para voltar pra casa. Porém nós podemos fazer isso depois que eu quebrar a cara daquele canalha.

Sorri pra ele e assenti, desenhando seus músculos do peito com a ponta dos dedos.

- Eu queria isso pra sempre.
- Isso o que?
- Ficar deitada em uma cama com você sem camisa e vendo você se arrepiar a cada músculo que meu dedo passasse, sentindo seu cheiro e seu calor.

Ele gemeu quando terminei de falar e olhei pra ele com uma sobrancelha erguida.

- O quê? Você conseguiu me excitar com essas palavras.

Ri dele e levantei da cama, indo até minha mala.

- Ah Angel, você começa o serviço e não termina? Não acredito que vai me deixar aqui duro e sozinho.

Ri alto e procurei uma troca de roupa, andando até o banheiro.

- Se quiser terminar seu trabalho sozinho, eu agradeceria. Não estou no momento, Bieber.
- Ah não! - ouvir ao fechar a porta e ri outra vez.

Ele consegue ser malicioso com tudo. E eu nem tive toda essa intenção. Tomei meu banho, escovei os dentes, me vesti e saí do banheiro, vendo que ele tinha deitado de bruços e voltado a dormir. Revirei os olhos e pulei na cama ao lado dele, beijando seu ombro e sua nuca.

- Acorda Justin, você tem que se arrumar para irmos tomar café da manhã.
- Não quero, você me excita e depois me broxa, estou triste. Vou fazer greve de fome.
- Greve de fome? - sorri, massageando seus ombros - Não creio.
- Pois pode crer, não vou comer enquanto...

Ele parou de falar quando sentei na suas costas e aprofundei a massagem, dando beijinhos em sua nuca. Percorria minhas mãos por toda extensão de suas costas e beijava onde achava apropriado. É claro que ele estava suspirando, gemendo, respirando fundo, e todas essas coisas, mas eu não sabia se aquilo adiantaria. Eu estava com fome e queria logo descer para comer.

Abaixei e mordi sua nuca de leve, vendo-o sorrir safado e beijei seu maxilar, sentindo que ele tinha me segurando na cintura e num piscar de olhos estava por baixo dele, olhando em seus olhos cor de mel apaixonados.

Mordi meu lábio, vendo que a situação havia saído do meu controle e acariciei seu rosto, passando meus dedos em seus lábios, que os beijaram e um sorriso se formou, aquele sorriso que eu amava.

- Eu te amo. - disse e saiu num sussurro, porém o sorriso se alargou ainda mais, me fazendo sorrir também, não tinha como se encantar com ele. Justin é perfeito com todas as letras.

Seus lábios tomaram os meus, com carinho e amor. Não foi com fogo e malícia, e sim com a paixão que sentíamos um pelo outro, e era assim que queria passar o resto da minha vida com ele.

Apaixonados para sempre.

Ele me soltou e pousou sua cabeça em meu ombro e senti outro sorriso se formar em seus lábios, e o abracei, beijando sua bochecha.

- Não quero mais fazer greve de fome.

Ri dele e ele se ergueu, me olhando nos olhos.

- Também te amo, Angela Collins.

Mode Rachel on*

- Eles precisam voltar logo, Rachel. Ela já deve ter tramado alguma nesse meio tempo que eles passaram "conversando".

Christopher esfregou as têmporas. Ele estava nervoso, sabendo que seu palpite estava certo e com medo de que acontecesse algo com eles.

- Chris, relaxe, ok? Eles estão a salvo no hotel. Deixa os garotos pensarem. Angela sabe se virar, e eu não tenho tanto medo dela assim. Lilian sempre foi muito atrapalhada e Liam só estraga os planos dela.

- E o garoto mestiço? Por acaso você se lembra dele? Ele está descobrindo seus poderes, não duvido que já tenha dominado algum elemento específico. No Livro dos Sonhos diz que ele já domina o metal. Isso pode ser extremamente perigoso.

Ele andava de um lado para outro, angustiado. Respirei fundo, colocando a mão sobre seu ombro e ele me olhou aflito.

- Confie nela. Angel sabe como deixar Liam e Gregory no chinelo, e com a Lilian não vai ser diferente.

Sorri para ele e sua expressão aflita abandonou seu rosto, esboçando um sorriso de canto.

- Bem, isso é verdade. Vou tentar me acalmar. - suspirou e me abraçou - Nós não temos que buscar Carly na casa de Pattie?

- É mesmo! - me libertei de seus braços - Droga, e ela havia nos convidado para almoçar.

Chris riu de mim e me arrumei correndo, indo para a casa dela com Chris. Quem nos atendeu à porta foi Jeremy, que cumprimentou Christopher com tapinhas nas costas e não demorou para o cheiro que vinha da cozinha receber elogios. Pattie estava na boca do fogão mexendo em três panelas diferentes e com um avental rosa com flores e um rabo de cavalo alto.

- Rachel, Christopher! Tudo bem com vocês? - ela nos abraçou e beijou minha bochecha.
- Claro Patricia, e você?
- Vou bem. Tem notícias dos nossos pombinhos? Justin não me liga nunca, eu que tenho que ligar sempre.

Ri da expressão dela e fiquei sem saber o que me responder.

- Angela me ligou dizendo que estava tudo bem, que haviam ido aos parques da Disney e da Universal e que estava muito feliz pela viagem.

Pelo menos isso era verdade.

- Ah, que ótimo. Porém já estou com saudade deles aqui. - disse ela, com voz de choro - Ainda não creio que ele está namorando uma menina decente e respeitosa. Como eu amo sua filha, Rachel.
- Também sinto falta deles. - disse Jeremy, se encostando à pia em que haviam alguns ingredientes cortados e Pattie o olhou em reprovação e ele piscou para ela - Só ela sabe como fazer o Jason sair do quarto e vir tomar um ar puro. Ele e Carly estão lá em cima, não quiseram descer, mas queriam que avisasse quando saísse o almoço.
- A Carly também é assim, Jeremy. Ela não sai do quarto pra nada, só comer. Nem Angela consegue tirar ela de lá.
- Já vi porque eles são feitos um para o outro. Ah, meus dois meninos namorando!

Ri do entusiasmo da mulher e Jeremy saiu de lá depois que ela quase o bateu com uma colher de pau e rimos mais ainda. Eles são muito engraçados juntos.

- Então Chris, o que você anda fazendo?
- Ah, eu deixei tudo o que eu tinha em Liverpool. Apesar de alguns produtores ainda me ligarem, eu só aceito propostas se forem muito urgentes ou de amigos que eu sempre ajudei. Queria dar uma relaxada, sabe? Chega de trabalhar duro para aguentar homens chatos. E você Jeremy?
- Estou treinando muito com o Barry, mas nada muito sério. Só alunos mais preparados e que já dou aula há alguns anos, prefiro ficar mais em casa agora.

Eles foram colocando o papo em dia e os deixei em paz, já que não se viam desde o dia do churrasco em que Angela leu sua mente e desmaiou no meio do quintal deles. Levantei da cadeira, andando até Pattie.

- Quer ajuda? - perguntei.
- Não não, obrigada. - olhei para a pia e vi que tinha algumas coisas para lavar e peguei a bucha, e ela me olhou brava. - Não Rachel, pode deixar que o Jeremy lava depois!
- Pattie, por favor, eu também sou dona de casa e não ligo em te ajudar.

Ela sorriu e assentiu, desistindo de relutar. Lavei a louça, arrumei a mesa e chamei os garotos para almoçarmos. A comida estava uma delícia. Pattie era uma cozinheira de mão cheia. Terminamos de arrumar a cozinha depois de todos estarem satisfeitos e fomos embora com Carly.

Carly foi para seu quarto quando chegamos, indo pintar mais alguns quadros com o Jason presente em seus desenhos. Eu e Chris ficamos na sala, sentados no sofá, procurando algum filme pelos canais da televisão. Ele ia zapeando com o controle e fui tirando meus sapatos, cruzando as pernas logo em seguida.

- O que acha de Senhor dos Anéis?

- Eu gosto, mas nunca vi o final. Angela sempre quis ser o Legolas, e vivia falando que queria comprar uma orelha de elfo.

Christopher riu e me senti estranha. Meus dedos começaram a se retorcer e fechei os olhos, sem ver a reação dele. Mais uma visão.

Angela estava sentada na cadeira de um avião, com Justin dormindo ao seu lado, e de repente seus dedos também se retorceram, o que a fez franzir a testa de dor e apertar as mãos nas pernas. Ela soltou um gritinho abafado logo em seguida, que acordou Justin.

- O que foi, Angel?
- O novo poder dele é a manipulação da eletricidade!
- Poder de quem?
- Do Gregory! Eu queria ler a mente dele para saber se eles já haviam tramado alguma coisa e eu o vi adquirindo o poder.
- E como foi?
- Ele estava na sala de alguma sala, com Liam e Lilian brigando/gritando em pé. Acho que eles até falaram de mim, e ele tapou os ouvidos, não aguentando mais os berros deles e de repente a lâmpada da sala explodiu e a casa toda ficou sem energia, e logo em seguida ele desmaiou.

Justin olhava para ela sem palavras. Ela também não disse nada depois de um tempo.

- Meu Deus, Justin. – sussurrou ela – Sabe o que isso significa?
- O que?
- Que ele está ficando mais forte. Vai saber quantos poderes ele vai ter. Eu tive quatro, ele também pode possuir quatro ou menos, não sei.
- Então nós temos que nos preparar para o que virá.

- Rachel? O que você viu?
- Ele conseguiu um poder novo, Chris.
- Que poder?
- Manipular a eletricidade.

Ele me olhou preocupado e pegou em minha mão, alisando meus dedos que antes estavam quase deformados e duros.

- Vamos torcer para ele não ser tão poderoso quanto Angel. Manipular o metal e a eletricidade vai ser um problema enorme para resolver e, argh, por que eu não consegui prever isso? Ser oráculo não está adiantando em nada.
- Nós não podemos deixar Angela fazer aquilo de novo. – disse, nem prestando atenção no que ele falou – Ela que leu a mente dele e viu-o adquirindo o poder. Ela pode se machucar fazendo essas coisas.
- Concordo. – ele respirou fundo e fechou os olhos – Eu falei com Thunder sobre Gregory.
- O quê? – disse, incrédula – Sem nem me avisar antes?
- Desculpe, mas eu estava tão... – ele socou a mão e fechou os olhos com força. – tão estressada por conta dessa viagem, que fiz sem pensar. Até atrapalhei o homem na hora do almoço.

Suspirei e o olhei com um meio sorriso. Ele se preocupa tanto com Angela.

- Tudo bem, afinal todos estamos assim. Não quero que nada aconteça com eles outra vez, não depois daquele episódio da Martha.

Ele assentiu e levantou-se, travando o maxilar.

- Eu vou para casa. Preciso descansar um pouco.
- Ok, pode ir.

Levantei-me também e o acompanhei até a porta, o abraçando e beijando sua bochecha. Christopher sorriu e me beijou, segurando minha cintura e eu em seu pescoço. Logo ele saiu e acenou, e acenei de volta. Fechei a porta, subi as escadas e fui para meu quarto.

Sentei na cama e assenti para o nada, pensando no que Justin havia dito.

Nós temos que nos preparar para o que virá. E com ele ficando mais forte, não sei o que esperar. Ele poderá manipular qualquer elemento, ou herdar os poderes de Lilian. E isso realmente seria um problema.

Angela terá que ser forte.