3. As Ruínas

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NOTA AUTORA: Até que enfim sexta-feira e capítulo novo! ^-^
Mais recados no final.

Boa leitura :)

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Aslan não se preocupou em falar com Daliere em particular. Assim que entrou na casa de Carlie e avistou a senhora idosa ao lado do companheiro de viagem, o pirata se pós a falar depressa sobre o que havia descoberto e a revelar qual seria a próxima rota dos dois. O garoto ruivo prestava atenção nas palavras, parecendo ansioso para continuar a jornada em busca de Kairós. Carlie, ao contrário, não parecia animada ao ouvir o plano que Aslan traçara. Para qualquer morador de Devereux, subir as montanhas era terminantemente proibido.

― Não podem subir a montanha ― Carlie interrompeu, fazendo com que as expressões animadas de Daliere e Aslan desaparecessem.

― É claro que podemos subir. Temos dois cavalos, e suprimentos ― Aslan exclamou ― Além disso, não deve passar de um dia de viagem, então partiremos pela manhã, meu amigo ― Disse, voltando-se para Daliere.

― É proibido subir a montanha ― Carlie tentou novamente. Apesar da voz calma, havia um desespero visível em seus olhos. Suas unhas curtas arranhavam os próprios braços de forma contínua, para cima e para baixo, deixando vergões longos e vermelhos. Daliere teve que se aproximar da anfitriã, segurando suas mãos e buscando acalmá-la. Ele ajudou Carlie a se sentar e ajoelhou próximo da cadeira, lançando um olhar preocupado para Aslan. O pirata se aproximou, tentando deixar sua animação de lado por um segundo para ouvir o que a mulher tinha a dizer.

― Qual é o problema, Carlie? Por que é proibido subir a montanha? E por que não nos contou sobre o monastério? Aslan perguntou, tomando cuidado para que suas palavras não soassem como uma acusação. Apesar de ter ocultado uma parte importante da história, Carlie havia dado abrigo e comida para os dois, e Aslan sabia que devia ser grato por isso. Os olhos frios da velha fitaram o loiro, mas ela permanecia em silêncio ― Você sabe que preciso encontrar Kairós ― Acrescentou, justificando-se.

― Por que acha que Kairós pode te ajudar?

― Eu não sei se ele pode ― Foi a vez de Daliere olhar para Aslan, tão perdido e confuso como Carlie ― Mas foi o nome dele que me deram quando pedi por ajuda. Ele é minha última esperança.

O pirata logo se recompôs, voltando a assumir sua postura distante e fechada. A sinceridade tangível na voz de Aslan fez com que Carlie se acalmasse, e seus olhos sem vida pouco a pouco voltaram ao normal, adquirindo um brilho que tornava o tom castanho mais claro. Os vermelhões em sua pele, ainda visíveis, também começaram a diminuir, e Daliere se levantou, coçando a nuca e tentando descobrir o que deveria fazer. Dar ouvidos a Carlie e voltar para casa? Seguir com Aslan para o topo da montanha e ir contra aquilo que parecia ser o certo para o povo de Devereux?

― Será que podemos passar mais uma noite por aqui, Carlie? ― Perguntou, vendo a velha concordar com um balançar breve de cabeça. Apesar de mais calma, ela ainda não parecia disposta a conversar. Daliere permanecia imóvel, encarando os próprios pés que batiam alternadamente no assoalho velho de madeira.

― Você não precisa vir junto, Daliere. Já fez um ótimo papel de guia me trazendo até aqui ― Disse Aslan, parecendo ler os pensamentos do garoto ― Sinta-se livre para seguir seu rumo, se assim desejar.

Dito isso, o pirata dirigiu-se para os fundos da casa, indo se certificar de que os cavalos estavam descansados e bons para seguir viagem no dia seguinte. O cavalo negro de Daliere estava afastado, deitado próximo a uma árvore que lhe fazia sombra. Seu cavalo, no entanto, permanecia parado próximo a porta, o rosto voltado para dentro como se estivesse preparado para partir a qualquer momento. O animal era alto e suas patas fortes. Os olhos grandes e escuros se destacavam em meio à pelagem nevada. Aslan deu outra maçã para o animal, vendo-o comer depressa e relinchar baixinho, como se estivesse agradecendo. Um esboço de sorriso cresceu no rosto de Aslan, que aproximou a mão do focinho do cavalo para que este se acostumasse com seu cheiro. O animal baixou a cabeça e Aslan deslizou os dedos pela pelagem macia e braca, em um afago rápido e breve.

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