Draen terminou de calçar as botas escuras e se levantou da cama, jogando a camisa azul marinho sobre o ombro direito e olhando para trás antes de deixar o quarto. Duas mulheres repousavam na cama com dossel, enroladas em lençóis vermelho-sangue de seda que demarcavam suas curvas com precisão. Ambas tinham os olhos fechados e expressões serenas, e descansavam nos braços uma da outra ainda em busca de regularem suas respirações descompassadas pela atividade recente. O homem curvou os lábios em um sorriso malicioso e deixou o quarto, encontrando o corredor vazio.
Caminhou calmamente até encontrar a grande escadaria que levava ao andar de baixo, no qual o jantar certamente já deveria estar sendo servido, à julgar pela noite que havia caído. Enquanto descia a escada com passos firmes e seguros, vestiu a camisa escura e passou as mãos pelos cabelos curtos que começavam a crescer, exigindo um novo corte. Draen era, sem sombras de dúvida, um homem atraente. O rosto quadrado e as bochechas bem marcadas faziam com que qualquer um que colocasse sobre os olhos sobre o homem se sentisse enfeitiçado pela feição marcante. Os olhos claros eram frios e distantes, mas possuíam uma força facilmente avistada de longe, que não deixava dúvidas quanto à firmeza que fazia parte do caráter de Draen. Os ombros largos e os músculos delineados na medida certa eram apenas um bônus, que o moreno fazia questão de exibir sempre que a chance se mostrava presente.
Não havia como negar que Draen havia nascido para se tornar um líder, o que de fato acabara ocorrendo. O líder do Conselho se dirigiu até o grande salão de jantar e encontrou a mesa já posta, com apenas um lugar preparado, em uma das pontas. Sentiu o aroma de carne e temperos exóticos invadirem suas narinas e sentiu sua boca se encher de água, apressando-se em alcançar seu lugar e encontrar sua taça já cheia de vinho, que logo foi saboreado pelo conselheiro. Uma das empregadas se aproximou com um sorriso simpático no rosto e retirou a tampa que cobria o prato de seu chefe, revelando o jantar.
― Hoje o prato é carne de pato ao molho de frutas cítricas com batatas assadas ― A garota loira disse formalmente, fazendo uma reverência e se preparando para voltar à cozinha quando viu Draen erguer a mão, chamando sua atenção e fazendo com que ela parasse, engolindo em seco.
― O segundo prato já está pronto? ― O homem perguntou, olhando para a menina por cima dos cílios longos e vendo-a umedecer os lábios com a ponta da língua antes de assentir com um balançar suave de cabeça ― Deixe-o pronto no carrinho, hoje sou eu quem irá levar o jantar.
A loira pareceu não entender as palavras que acabara de ouvir, visto que era a primeira vez que Draen falava algo assim. Contudo, temendo questionar o homem, a servente apenas assentiu e antes que pudesse ser interrompida novamente seguiu depressa para cozinha. Draen desfrutou de sua refeição com calma e paciência, testando todos os sabores em sua boca e bebendo várias taças de vinho, que se harmonizava perfeitamente bem com a carne preparada. Assim que terminou sua janta, chamou pela mesma serviçal que havia lhe servido o jantar e esperou que ela trouxesse o carrinho de prata que carregava uma grande bandeja, além de um cálice dourado e uma nova garrafa de vinho, ainda fechada.
― Posso levar o jantar, é meu serviço ― A mulher disse suavemente, evitando o contato visual. Draen sorriu e deu um pequeno passo a frente, levando os dedos longos e quentes até o queixo pequeno da menina e obrigando-a a olhar dentro de seus olhos, que pareciam dispostos a desvendar sua alma e todos seus segredos. Ela precisou controlar a vontade de olhar para baixo novamente, sabendo que isso o deixaria incomodado.
― Estou de bom humor, posso fazer isso hoje ― O moreno disse com a voz aveludada e baixa. Já havia duas mulheres em sua cama, mas sempre haveria espaço para mais uma. No entanto, Draen teria que deixar suas fantasias para mais tarde ― Tire o restante da noite para descansar, seus serviços estão dispensados por hoje.
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Era de Castley
FantasiUm pirata que tem traumas do mar, e não consegue mais navegar. Uma necromante tentando entender seus sonhos premonitórios e a morte. Um continente condenado por uma maldição. Aslan parte em busca de uma resolução para seus medos, ansiando poder volt...