Luke
“Outra vez! Outra vez!” Alice pediu animada e eu já sentia os meus braços doerem, mas era tão revigorante ouvir as gargalhadas animadas da pequena, que eu somente elevei o pequeno corpo no ar novamente, correndo pelo corredor e imitando o som de um avião.
A menina riu histéricamente, gritando que voar era divertido e que gostaria de ter asas para poder fazê-lo sempre que quisesse. Vi-me gargalhar junto com a pequenita, atirando o corpo dela no ar. Alice gritou agudo, grudando-se em mim pelo susto quando a agarrei, mas logo se desfazendo em deliciosas risadas e batendo no meu braço por tê-la assustado.
“Lucas Hemmings!” uma voz familiar chamou atrás de mim e eu voltei-me sorridente para ver Ashton correr até nós com uma carranca no rosto.
“Ashy!” Alice exclamou animada, balançando as pernas para que eu a colocasse no chão.
Larguei a menina, que correu até ao cacheado assim que os seus pezinhos tocaram o chão. O encaracolado desfez a careta quando viu Al, abrindo os braços para um abraço e erguendo a pequena no colo.
“Olha só para ti, que bonita que estás hoje!” elogiou, arrancando uma risada envergonhada da pequena. “Luke Hemmings nós vamos ter uma conversinha séria.” Disse sério e eu revirei os olhos, já prevendo o que aí vinha. “Quantas vezes já te disse que não podes fazer esforços? Estás farto de saber!”
“Deixa-me, Ash. A Alice é levezinha.” Não era propriamente verdade, uma vez que a menina já não é um bebé de colo.
“Levezinha ou não, tu queres passar mal novamente?” perguntou chateado, fazendo-me suspirar. “Desculpa Luke, mas eu preocupo-me contigo.”
Assenti, passando a mão no rosto. Alice olhava entre nós os dois, sem compreender propriamente o que se passava.
Eu sabia de tudo aquilo, quantas vezes as enfermeiras e as doutoras já me haviam explicado que a minha situação é delicada e tudo mais. Mas o que era suposto eu fazer? Agir como um inválido? Como se eu não tivesse qualquer mobilidade? Limitar-me a andar, deitar, sentar? Eu não sabia quanto tempo mais iria viver, queria mesmo gastar os meus últimos dias a viver como um imobilizado?
“Eu sei o que vai nessa cabeça, Luke. Mas é para o teu bem, ok?” o braço de Ashton que não segurava a menina rodeou os meus ombros, apertando-me contra ele. Suspirei contra a camisola do cacheado, rodeando o seu tronco com os meus braços.
Os abraços de Ashton eram os melhores, porque embora eu seja mais alto, ele é mais forte e o corpo dele quase engole o meu. Era bom ter alguém ali para mim, Ashton foi a única pessoa que não me abandonou devido à minha doença – tirando os meus pais, mas eles não contam, é obrigação deles.
“Vamos voltar para o quarto, tudo bem?” perguntou e eu assenti, soltando-me do seu aperto.
“Ah, não. Ashy, Lukey, fiquem aqui.” Alice pediu triste, formando um adorável biquinho nos lábios pequenos. “Não quero voltar lá para dentro. Não gosto deles.”
Sorri para a pequena em adoração. Eu tinha pena de Alice, ela era uma menina tão diferente e não se enquadrava com as outras crianças. Eu culpava-me bastante por isso, mas ela continua especial e sei que ela é feliz acima de todas essas coisas.
“O Luke precisa de descansar amor.” Ashton disse carinhosamente, beijando o nariz pequeno da menina, que me fitou com olhos tristes. “Vamos fazer assim. Eu vou falar com a enfermeira e perguntar se podes vir connosco um bocadinho, que tal?” Alice abriu um sorriso gigante, abraçando o pescoço do encaracolado.
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COMA ✖ Muke Clemmings
Random"Eu vou amar-te para sempre, Luke. Mesmo quando a tua respiração não alcançar mais os meus lábios e os meus dedos não sentirem mais a tua pele, eu ainda irei amar-te." {...} Copyright © 2015 All rights reserved by mukeismyhome [Copiar uma simples id...