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Luke

Hold on tight, this ride is a wild one. Make no mistake the day will come when you can’t cover up what you’ve done.” Uma vozinha miúda murmurou baixinho por entre a escuridão e tudo ficou em silêncio antes de uma voz mais grave, masculina, se juntar a ela.

But don’t lose your faith kid.” Reconheci a voz de Ashton, enquanto dedinhos pequeninos escovavam a palma da minha mão com cuidado. “It only takes a little push to put all through.”

With so much left to do, you’ll be missing out, and we’ll be missing you.” O timbre infantil de Alice finalizou e eu tentei dizer algo, mas a minha boca estava seca de mais.

Os meus olhos abriram-se lentamente, todo o meu corpo doía como o inferno e a minha cabeça parecia pronta a explodir a qualquer momento. A claridade repentina do quarto fez-me gemer com a pontada que picou no interior do meu cérebro, as duas vozes calaram-se antes de eu escutar Ashton chamar uma enfermeira.

“Lukey?” Alice chamou incerta, como se não soubesse se eu estava acordado realmente. Forcei os meus braços a mexerem-se, mas tudo o que consegui foi apontar para o ar e murmurar um ‘água’ que saiu meio arranhado.

“Aqui Luke, está tudo bem.” Ashton suportou as minhas costas com o braço, ajudando-me a sentar na cama. A minha coluna parecia acabada de ser espezinhadas pelo exército russo.

Aceitei quando o encaracolado levou o copo de líquido transparente contra os meus lábios, sentindo-me aliviado quando a água humedeceu toda a minha boca e a minha garganta seca. A minha visão clareou um pouco e olhei em volta no quarto, reconhecendo as familiares paredes brancas e monótonas que me acompanhavam há anos. Ashton estava de pé ao meu lado, Alice sentadinha na beira da cama enquanto me olhava com curiosidade e Doutora Williams de braços cruzados e expressão nada feliz no rosto.

“O que é que aconteceu?” perguntei diretamente ao meu melhor amigo, que somente desviou o rosto e prendeu o olhar numa das janelas. Ah não. “Ash—“

“A culpa foi minha.” Balançou a cabeça, os cachos dourados caindo no seu rosto. “Eu deveria ter percebido que não estavas bem.”

“Ash, não, eu—“ a minha voz morreu quando me tentei inclinar para a frente, o meu corpo quase saltando na cama com o ataque de tosse que me atingiu repentinamente.

“Lukey?” Doutora Williams apressou-se a dar-me mais um pouco de água e eu sorri tranquilo para Alice, chamando-a com a mão porque todo o meu corpo parecia desprovido de forças. “Tu estás bem?” perguntou baixinho assim que chegou perto o suficiente, como se apenas o som das suas palavras pudesse fazer-me desmaiar novamente.

“Eu ficarei, se receber um abraço de urso da menina mais linda deste mundo.” Os olhinhos azuis brilharam quando Alice sorriu largo e abraçou o meu tronco. As minhas costas reclamaram de dor mas eu não disse nada enquanto fechava os olhos para apreciar o quão eu realmente amava aquela pequena criança nos meus braços.

“Alice, amor, que tal ires comer um chocolate com o Ash?” pela primeira vez, a menina não reagiu ao som da palavra ‘chocolate’, somente balançando a cabeça.

“Não, eu quero ficar com o Luke.” Ashton suspirou, aproximando-se de nós dois para afagar os cabelos finos da menina. Alice afundou ainda mais o nariz no meu peito, os dedinhos fechando-se na roupa que me cobria.

“Baby, nós vamos voltar para o Luke bem rápido. Ele só vai fazer uns exames com a doutora para termos a certeza que ele fica bom, yeah?”

“O Luke vai ficar bom?” Ashton assentiu com um pequeno sorriso. A menina bocejou ao estender os bracinhos preguiçoso na direção do cacheado, e eu perguntei-me que horas seriam. “Eu amo-te, Lukey.” Alice deu um beijo babado na minha bochecha antes de deixar Ashton levantá-la e eu senti os meus olhos picarem, mas eu não iria chorar.

COMA ✖ Muke ClemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora