" É que a gente parece duas crianças. Um mais birrento que o outro. Somos mimados e cheios de vontade. A gente briga, se bate, se xinga e até dizemos que nos odiamos. Ah se todo ódio fosse assim! Mas você acaba voltando para mim e eu voltando para você. É como se tivéssemos um imã, um polo positivo atraído por um negativo. É a física. Até a natureza conspira ao nosso favor".
Lembro de um dia em especial. O dia em que tomamos uma decisão. Não importaria distância, não importaria os prédios e quilômetros que nos separassem. Nós iriamos continuar juntos sabe? Estando perto, mesmo que não fosse fisicamente.
Havíamos acabado o último ano do ensino médio, ambos aprovados. Miley estava andando de bicicleta e eu de skate e então resolvemos parar para descansar. Sentamos embaixo de uma árvore que fazia uma ótima sombra. E então Miley disse, do nada:
- Jus... Preciso te contar uma coisa.
- Você sabe que pode me contar tudo.
Ela tira um envelope de dentro da bolsa.
- A Carta da universidade chegou. Não sei se passei,estou com medo do resultado. - disse olhando para o envelope em suas mãos.
- Abra, e se eles não te aceitarem vão estar perdendo a futura melhor médica de todo o mundo. - Eu sabia, sabia que Miley tinha sido aceita. Os professores adoravam ela por ser uma aluna brilhante com notas excelentes. Mas parte de mim queria que não. O sorriso dela não seria o mesmo por fotos, sua voz não seria igual por ligação. Mas então ela abriu e :
- Juuusstiiin! Eu passei, passei e estou dentro! Eu nem acredito. Ah meu Deus!
Ela me abraçou, eu a abracei. Estava orgulhoso. Só não estava pronto para dias e meses sem ve-la . Sua jornada estava prestes a começar.
- Parabéns. Parabéns estrela.
Teríamos dois meses para nos despedir, e se pensar bem dois meses passam voando.Faltava um mês e quinze dias, quando aconteceu.
Acordei com gritos. Gritos altos e fortes, gritos de quem está sentindo muita dor. Me levantei correndo e fui ao quarto de minha mãe que estava atirada no chão.
- Ligue para a emergência!
Fiquei em pânico ao ver a mulher que me criou naquele estado.
-Ligue! - disse ela parecendo perder as forças.
E foi o que eu fiz liguei para a emergência. Eles demoraram 13 minutos para chegar. Fui com ela na ambulância e mesmo eu que nunca fui religioso me peguei pedindo a Deus para não tira- lá de mim. Pedindo a Deus que a deixasse viver.Os médicos foram rápidos e tentaram ao máximo. Mas já era tarde. Havia um tipo de tumor que existia a anos. Ninguém soube explicar o porque da morte. Mas também não era tão importante. Ela havia morrido, independente da causa. E aquilo me abalou, me destruiu.
Sr. Depp pagou o caixão. Os pais de Miley organizaram o velório. Não era o que eu queria. Não era mesmo, na verdade ninguém queria. Mas aconteceu.
Teve um padre, uma oração para ela, teve pessoas em luto. Miley fez questão de ir e ficar ao meu lado, mas quando voltei para casa estava sozinho.
Dentro da casa tinham histórias vividas em todos os cantos. Fiquei no meu quarto com as paredes como companhia. Passei dois dias trancado no quarto, vendo o sol nascer e depois partir. Na última noite tive uma idéia, lembrei de uma frase, não sabia se pertencia a um filme ou um livro, mas naquele momento fez eu tomar uma decisão. "A dor precisa ser sentida". E foi o que eu fiz.
Sai de casa para caminhar e acabei encontrando uma festa. Não pensei duas vezes ao entrar, lá dentro as pessoas pulavam, gritavam e dançavam sem se importar com nada, o barulho dos instrumentos e a energia que os músicos depositavam neles era incrível. Acabei me juntando a multidão, bebi, fumei, fiz amizades com pessoas que eram consideradas " má companhias ". Depois de alguns dia sai bêbado o suficiente para não responder pelos meus atos. Eu e uns caras decidimos fazer tatuagens. Você ficaria surpreso se soubesse que parte do corpo eles escolheram para tatuar, já eu preenchi um braço inteiro e fiz mais algumas pelo corpo.Naquela noite quando cheguei em casa encontrei Miley sentada em frente a porta, ela me olhou de um jeito triste, mas não era pena.
- O que você esta fazendo com sua vida Justin? - Disse ela se levantando e vindo em minha direção.
- Sentindo minha dor. - Eu ainda estava um pouco bêbado.
- Assim? Olhe para você! Bêbado e fedendo a maconha ! Fazendo tatuagens só por fazer, isso é diversão? Isso é sentir a dor?!- seu tom de voz estava mais alto.
- O que você sabe sobre drogas ou bebidas? Em? Nada, pois é. Eu estou vivendo sabe?
- Isso não é viver! Drogas nunca vão fazer a dor desaparecer. Justin isso vai te destruir!
- Você esta viajando.
- Ok, eu estou viajando. EU te esperei aqui durante horas. EU estive com você todos esses anos e não quero ver você se destruir assim. Mas tudo bem. Só não se esqueça, eu sempre vou estar aqui e sempre vou querer o seu bem, e isso não é o que ninguém quer para uma pessoa que ama. Tchau Justin. - E então ela seguiu o caminho de volta para sua casa.
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Connected
FanfictionEla era sozinha, ele vivia rodeado de pessoas. Ela era como escuridão e isolamento, ele era por do sol e a multidão.