Sabe aquele momento, quando você descobre que papai noel não existe? Nem o coelho da páscoa, e nem a fada do dente? Quando você descobre que não veio ao mundo por causa da cegonha, e que não era mágica quando você dormia no sofá e acordava na cama, que monstros não ficam no escuro do seu quarto, mas convivem com nós todos os dias. Sabe? Pois então, é ai que o mundo perde metade da sua magia e percebemos o quanto é ruim crescer, ter responsabilidades, passar noites estudando para provas, arrumar um emprego, ter uma rotina diária.
A outra metade, está em algo que não é material. Está na família, nos amigos, nas risadas e abraços, está em se apaixonar e encontrar alguém que te ame do mesmo modo. Essa magica, é apenas o amor um pelo outro, e é o mais importante. Essa parte vai se apagando aos poucos sem que percebamos, vai deixando de existir com o passar dos anos. Como? Pessoas vão envelhecendo, morrem, ficam doentes, sofrem acidentes e você vai ficando cada vez mais só até que o mundo te pega de surpresa e você já esta sem ninguém ao lado. É triste? Sim, é. Mas o mundo não para, independente de como você esteja.No meu caso, foi essa magia que se perdeu.
Era natal novamente, Miley havia vindo ficar comigo e seus pais
Nos reunimos na casa dos Cyrus, para fazer a comida, jantar juntos e comemorar aquela data.
Todos os tios e tias, dindos, irmãos distantes, primos e avós estavam lá. E em momento algum me senti excluído, pelo contrário, me sentia parte de uma família novamente. Embora tivessem acontecido inúmeras tragédias,eu tentava ver os pontos positivos da vida. Tentava viver ela sabendo que é única. Sim, existiam inúmeras cicatrizes abertas cheias de dor e por baixo de todo sorriso existia uma certa vontade de chorar, mas isso é o que significou para mim ser forte. Aceitar a vida como ela é e independente do que aconteça durante o decorrer dos anos.
Eu falava pouco com as outras pessoas, não falava dos meus sentimentos nem nada do tipo, essa foi a maneira que encontrei de evitar mais mágoas, exceto com Miley. Nos eramos namorados e melhores amigos também, com ela eu era eu mesmo, dizia o que sentia sem pensar duas vezes por que ela me entendia e queria mesmo saber como eu estava e vise versa.
Eu a olhava sorrindo para seus familiares e sabia que aquele sorriso era verdadeiro. Ela queria mesmo estar ali, assim como estava realmente feliz.
Jantamos somente depois da meia noite, quando era realmente natal.
Estávamos todos comendo quando a tia de Miley me olhou e disse:
- Então Justin, você está levando esse namoro a serio mesmo, não está?
Antes que eu respondesse Billy fez questão de dizer :
- Se você magoar minha filha, olhe garoto, pode se considerar alguém ferrado.
- Eu não queria estar na sua pele. - Disse Miley rindo bastante. Ela segurou minha mão e apertou, esperando minha resposta. À verdade é que eu não pensava muito nisso, não pensava em como ia ser o futuro. Não depois de tudo que passei, vi que embora você tenha tudo planejado a vida te surpreende e muitas coisas acontecem, coisas que você nem imagina.
- É sério sim. Eu amo ela de verdade. Estamos vivendo uma coisa de cada vez, aproveitando todas as fases. Quem sabe o que pode acontecer amanhã?
- Nos amamos de verdade. - ela me deu um beijo no rosto.
- Não é difícil de ver isso. -Disse a tia que se chamava Glória.
- Esta na cara de vocês, no jeito como se olham.
- Crescemos juntos afinal, são muitos anos vivendo lado a lado. - disse Miley.
- Anos e anos te suportando, coisa chata, mereço até um prêmio. - Ri da expressão dela e ainda mais quando seu pai disse:
- Concordo com você Jus, a não ser que você tenha churrus, caso contrario, basta fugir. - todos à amávamos e sabíamos que nada daquilo era levado a serio. Por fim Gloria encerrou a conversa, dizendo para que comecemos antes que a comida esfriasse.
Todos começamos a comer, e aos poucos conversas foram surgindo e se formando "grupos". O Billy e os dois avôs que estavam sentados próximos conversavam sobre os velhos tempos quando cantavam em bares da cidade. A mãe de Miley e as irmãs conversavam sobre quando eram crianças, das brincadeiras que faziam e de como se divertiam com tão pouco. Já Miley em si, estava me falando de como odiava uvas passas:
- É horrível e estraga completamente a comida. Quem gosta disso? Não consigo imaginar alguém comendo com prazer.
- Se você olhar em volta da mesa todos estão comendo, sem reclamar.
- Ah... Mas é horrível de qualquer jeito. Aposto que por dentro eles estão pensando " nossa como eu odeio uva passas ".
Rimos disso.
Depois, alguns voltaram para suas casas de madrugada, e outros dormiram em barracas, colchões improvisados, espalhados pela casa.Eu e Miley Dormimos em frente da lareira naquela noite.
Quando ela já estava dormindo peguei minha pequena agenda que carregava no bolso e escrevi, para não esquecer:
Miley, é diferente. Diferente das outras. É indecisa em relação à quase tudo. Não sabe exatamente o que quer pro seu futuro, por que quer aproveitar todas as coisas boas que o mundi oferece, quer fazer algo que ame para estar realmente presente naquilo que estiver fazendo.
Ela, pode não ser considerada uma " mulher de parar o trânsito" e talvez por isso, tenha poucas pessoas ao seu redor, já que infelizmente, a sociedade liga muito mais do que deveria para a beleza que esta fora de nós.
Ela, se importa com as pessoas, e vê o bem em todas elas, talvez isso seja um defeito, já que acaba sempre se magoando, se decepcionando.
Ela, tem sua loucura interna, por passar mais tempo vivendo em seus livros do que com os humanos vazios de sentimentos e sem quase nada à oferecer.
Mas, ela, apesar de não ser perfeita, é verdadeira. Embora para muitas pessoas não conte tanto, exceto para mim, que a amava do exato jeito que ela era.
Miley, é profunda em tudo que faz.
Não é para qualquer um, e talvez tão pouco para esse mundo.
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Connected
FanfictionEla era sozinha, ele vivia rodeado de pessoas. Ela era como escuridão e isolamento, ele era por do sol e a multidão.