-Dez garrafas de água. Confere. Muita comida. Confere. Dois facões. Confere. Falta algo, Lucas?
-Não. Acho que não.
Tínhamos que deter MM. Mas quem era MM? O que era a MM? Ela matou minha família. Eu não conseguia acreditar. Um bando de delinquentes conseguiram fazer coisas inimagináveis. Olhei a janela mais uma vez. Os corpos sem vida de minha família amarrados a uma coluna na varanda de casa. Era de pesar no coração. Senti uma lágrima escorrer lentamente pelo meu rosto. Enxuguei a lágrima rapidamente. Iria me vingar da MM. Por eles.
-Vem, Luquinha.
Olhei pra Lisa. Ela já estava saindo pela porta dos fundos. Apressada como sempre. Segui ela. Precisávamos abandonar o bairro. A MM iria tentar dominar os bairros da periferia. E depois o centro. O centro seria o mais difícil. Mas até lá, já seriam dezenas de jovens na MM. Centenas. Milhares. Não tínhamos chance ainda. Peguei uma garrafa de água. Lisa, na hora, me encarou friamente.
-Guarda pra depois. E tente não cansar muito.
"Guarda pra depois", "não beba agora". Pensei ela falando com uma voz ridícula. Ela sabia o que eu estava fazendo. Não aguentou e começou a rir.
-Para de fazer isso. Vem. Sei um ótimo lugar pra ficarmos.
Ela saiu correndo. Sempre foi mais rápida que eu. E eu não queria ficar pra trás. Segui ela até pararmos na frente de um prédio. Aparentava ter uns 4 andares.
-Como vamos entrar aqui?
-Veja.
Ver? Ver o que? Olhei o prédio de novo. Não era pintado a alguns anos. Tinha janelas quebradas. Muitas manchas e buracos na parede por fora. Era abandonado! Exato. Podíamos entrar a vontade.
-Como você...
-Minha vó morava aqui.
Ela sabia tudo. Era minha guia. Tinha uma janela aberta no térreo. Entramos por lá mesmo. Não tínhamos chave pra abrir a porta.
O lugar era imundo. Destroços em todo o lugar. Era até aconchegante. Se contar que não tinha nenhum rato ou barata com doença, estava ótimo. Era bem solitário.
-Passos.
Passos? Parei de andar e fiquei em silêncio. Tinham som de passos. Era nesse andar. Fui na direção e vi dois jovens. Um estava em pé e o outro encolhido num canto. Pareciam famintos. Peguei um pequeno pão e joguei pra eles. Me encararam por um momento e rapidamente avançaram até o pão. Foram como animais.
-Quem são vocês?
-Ele é o Lucas e eu sou Lisa.
Ela nos revelou. Pronto. Eles podiam fazer qualquer coisa com a gente. Desta vez, ela não foi tão inteligente.
-Não era pra falar, Li. Agora, quem são vocês e o que fazem aqui?
-Estamos nos escondendo. Já fomos da MM.
-Sério? E o que estão fazendo aqui?
-Já falei. Estamos nos escondendo. Somos rebeldes. Odiamos eles. Se sairmos daqui, somos procurados por eles. Até a morte. Nosso esconderijo. Eles estão poderosos ultimamente.
Rebeldes. Esse nome era incrível. Éramos rebeldes também? Talvez. Então essa seria nossa base. Tínhamos que desenvolver esse lugar.
-Nós... Também somos rebeldes. Podemos ficar aqui?
-Se forem contra a MM, claro que podem.
Somos contra ela. Com certeza. Mas não sei se podemos confiar neles. Será que podemos? Olhei Lisa. Ela parecia pensar o mesmo. Seria arriscado. Mas estávamos em perigo. E riscos é o que não faltava.
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MM - A Máfia
General FictionMM. Era assim que o bando de arruaceiros poderosos se apresentavam. Eram poucos no começo. "São só alguns jovens". Mas o famoso líder da MM conseguiu o que queria. Conseguiram dominar a cidade. Por completo. Quem se contrariasse, morria a sangue fri...