Prólogo

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A mulher olhou mais uma vez para o seu longo vestido branco e deixou escapar um suspiro, se sentia derrotada. Era estranho pensar que as coisas terminariam daquele jeito, ela ainda se lembrava do sabor da liberdade e de como era reconfortante sentir os ventos fortes das terras de Detyre batendo em seu rosto enquanto o irritante Stark tagarelava tolices sem parar, era estranho pensar que tudo aquilo era apenas passado.

E mais estranho ainda era pensar em como seria o futuro que estava diante de seus olhos, esculpido nas finas e delicadas luvas brancas que revestiam suas mãos e que por um momento a faziam esquecer do metal escondido e preso em seu dedo anelar esquerdo. O metal dourado que a prendia a ele.

Sigyn retirou lentamente as luvas brancas, as jogando em um canto qualquer do enorme quarto onde se sentia presa. Voltou a encarar seu reflexo no espelho, parecia não se acostumar com aquela imagem, ou talvez apenas ainda não acreditasse nela. Não acreditava naquele vestido branco que revestia seu corpo como um manto de mau agouro, não queria acreditar no que ele significava.

Sua mente ainda se lembrava perfeitamente do som que sua boca emitiu horas antes ao pronunciar aquela simples palavra que selaria o seu destino, o som daquele "sim" foi tão amargo que ela se sentia tonta só de lembrar. Estava presa a ele e nada poderia mudar isso, e pensar que quando o conheceu tudo era tão diferente, tudo era tão especial, por que as pessoas tinha que mudar tanto?

Ela sempre soube que ele era orgulhoso e as vezes perverso, mas até esse lado dele ela amava, só não sabia que desafiá-lo o transformaria em seu maior pesadelo. Se pudesse voltar no tempo teria escutado seu amigo Stark e se afastado dele, mas o fantasma Hawkeye não permitiu que ela se libertasse daquele outro homem, e ela acabou criando o seu próprio monstro.

Por falar em monstro, lá estava ele adentrado o imenso quarto com seu amplo sorriso, batendo a porta com força enquanto Sigyn fazia uma careta de desprezo.

- Sentiu minha falta, minha amada esposa? - perguntou com sua habitual ironia, passando as mãos de dedos pálidos e longos pelos cabelos negros e alinhados para trás.

- Sonhando que você estava morto, meu querido marido. - ela devolveu no mesmo tom irônico e dissimulado.

O homem deixou um riso abafado fugir e fixou seus olhos no longo vestido de noiva que Sigyn ainda trajava.

- Graciosa como sempre! - esbravejou se aproximando dela como uma cobra.

Sigyn recuou alguns passos para trás e se chocou contra o espelho quando ele a encurralou ali.

- Parece uma presa acuda. - ele riu enquanto acariciava o rosto dela com a ponta dos dedos.

Sigyn sentiu um arrepio passar pelo seu corpo e se afastou do toque dele.

- O que pensa que esta fazendo, Loki? - ela protestou se afastando dele.

Loki a puxou pelo braço e esboçou seu melhor sorriso psicótico.

- Mas não é obvio? - passou a mão pela cintura dela - O que casais fazem em sua noite de núpcias é claro. Você me pertence Sigyn, e será minha de todas as formas possíveis.

- Me solte! Seu nojento!. - ela gritou.

Sigyn tentou se libertar de seus braços, mas ele a silenciou com um beijo possessivo que fez o estômago da jovem revirar.

Nervosa Sigyn mordeu os lábios dele que recuou, mas manteve o maldito sorriso no rosto.

- Oh! Então você quer assim, de forma selvagem? - riu passando o polegar pelo lábio ferido - Tomara que fique uma marca, para que eu possa me lembrar desse momento. - riu.

- Você é desprezível!

- E você é minha! - ele a empurrou com violência contra a cama.

Surpresa pelo ato dele Sigyn deixou escapar um gritinho e se encolheu na cama.

- Você prometeu Loki! - ela protestou.

O homem lhe direcionou um olhar malicioso.

- Prometi? Prometi o quê?

- Não se faça de bobo! - ela ficou mais nervosa e suas mãos tremiam - Você prometeu que não me obrigaria a ter relações com você!

- É mesmo? - se fez de desentendido - Minha querida esposa, receio que eu não seja muito bom em cumprir promessas.

Sigyn sentiu a mão dele passando por sua nuca e teve vontade de gritar, não acreditava que ele estava fazendo aquilo com ela, Loki podia até ser malvado e perverso, mas ela jamais imaginou que ele seria capaz estuprá-la.

- Loki não...

- Não faça essa cara Sigyn. - ele limpou uma lágrima solitária que escorria do olho dela - Quem a visse assim certamente diria que é uma virgem assustada, mas sabemos muito bem que as coisas não são assim, ainda me lembro perfeitamente de seus gemidos de prazer quando a tomei pela primeira vez, é uma pena que não tenhamos repetido a dose.

Sigyn engoliu em seco, e teve vontade de estapea-lo por lembrá-la daquele dia, não se arrependia de ter se entregado a ele, aquela era uma das boas lembranças que guardava, mas a situação atual era completamente diferente daquele dia.

- Nunca vou te perdoar por isso... - ela sussurrou com uma voz trêmula.

- Não preciso do seu perdão... - ele sussurrou passando sua mão esquerda por toda a lateral do corpo dela.

Sigyn fechou os olhos com força e engoliu a vontade de chorar, ainda não acreditando que ele mataria o amor que ela ainda nutria secretamente.

Ela escutou um riso abafado chegar aos seus ouvidos e abriu os olhos com relutância, encontrando as esmeraldas verdes que a fitavam com intensidade enquanto um sorriso brincalhão estava estampado nos lábios finos.

- Sigyn você é realmente inacreditável! - Loki riu ruidosamente - Acha mesmo que preciso obrigar uma mulher a se entregar a mim? - fez sinal de negação com a cabeça - Que tipo de homem você acha que eu sou? - voltou a rir - Assim você até me ofende.

Sigyn não conseguiu evitar que as lágrimas em seus olhos caíssem e o olhou com fúria, conhecia o péssimo senso de humor dele, mas aquilo era demais até para ele. Levantou a mão e estapeou o rosto dele com força.

- Seu idiota! Nunca mais faça isso! - fungou - Não teve graça nenhuma!.

Loki passou a mão pelo rosto dolorido e manteve seu sorriso de escárnio.

- O que aconteceu com seu bom humor hein? - Se levantou e caminhou em direção a porta - Aproveite sua noite de núpcias, meu amor, mas não me espere acordada, receio que Lady Romanoff me aguarde lá embaixo.

Sigyn escutou o barulho da porta se fechando e voltou a pensar em como as coisas mudaram tão drasticamente em tão pouco tempo, em como sua vida mudara desde que o encontrará pela primeira vez dois meses atrás procurando pela sua então esposa fugitiva.

Dois meses. Apenas dois meses e tantas histórias para se contar.


Destrutivo (Loki e Vingadores)Onde histórias criam vida. Descubra agora