Seguindo em frente

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Em um passado recente, antes de conhecê-lo...

Faziam três anos que ela ficava observando aquela mesma pedra, três anos que não conseguia esquecer aquele dia, foram longos anos se culpando dia após dia, se sufocando em sua própria solidão, se escondendo atrás de risos falsos e uma vida errada.

Ele pediu tanto para que ela mudasse, mas nem mesmo isso ela conseguiu fazer, os anos passaram e ela estava pior do que antes, seus crimes nunca foram tão frequentes, o ódio nunca a cegou tanto. Se antes ela era uma ladra silenciosa, hoje gostava de ser notada, causava o caos por onde passava e parecia ter um certo prazer em destruir todos os planos do major Barton. E isso estava deixando o oficial bastante irritado.

Sigyn odiava Barton profundamente e tudo que desejava era enfiar uma espada na cabeça dele até que o último brilho de vida sumisse dos olhos azuis e frios que ela tanto desprezava.

A mera lembrança daquele homem a deixava transtornada, e as flores que jaziam amassadas entre seus dedos era a prova disso. Sigyn olhou com relutância para seus punhos fechados e permitiu que a flores amassadas caíssem na terra, olhou novamente para aquela pedra cinza, leu o nome escrito nela e precisou controlar uma vontade avassaladora de invadir a guarnição local a atirar sua espada na cabeça de Barton.

Talvez ela o tivesse feito se o peso reconfortante de uma mão não tivesse recaído sobre o seu ombro.

– Então você ainda vem aqui toda a semana?

Sigyn respondeu com um breve movimento de cabeça, não se atrevendo a olhar para o homem atrás de si.

– Gosto de vir aqui. – ela respondeu depois de um tempo – Me sinto próxima a ele, quase posso ouvir a sua voz.

– Ele sempre vai estar em seu coração Sigyn. – o homem respondeu fazendo um leve afago nos ombros da mulher.

– Eu sei capitão, eu sei. – ela respondeu enquanto se levantava, já estava a tempo demais naquele lugar.

Enquanto ela se movia e encontrava os olhos atenciosos de Steve, a leve brisa das terras altas de Detyre balançavam os longos cabelos vermelhos como o sangue, e por um momento Steve pensou estar diante de um fantasma. Poderia facilmente confundir Sigyn com uma assombração de alguma alma perturbada daquele cemitério, não seria difícil, a pele alva parecia que não via a luz do sol há anos, os lábios carnudos e outrora rosados estavam sem cor, os olhos castanhos pareciam cobertos pela raiva, dando um aspecto malvado para o rosto bonito e jovem.

– É bom revê-la, Sigyn. – Steve a cumprimentou com um sorriso discreto.

Era estranho olhar para ela depois de tudo o que aconteceu, era difícil não lembrar dele, e não se sentir triste pela mulher a sua frente. Sigyn parecia ter envelhecido uns 10 anos nos últimos meses, e ele sabia muito bem qual a razão disso.

– Não sabia que vinha muito ao cemitério, capitão. – comentou com um tom zombeteiro.

– Venho as vezes. – ele respondeu sorrindo – Não é um lugar muito agradável, mas pelo menos eu te encontrei.

Sigyn o observou com curiosidade e cruzou os finos braços na frente de seu corpo.

– Estava me procurando?

– Sim. – o homem respondeu coçando a cabeça – Me disseram que a encontraria aqui.

Sigyn deixou escapar um suspiro, só existia um motivo para Steve a procurar e ela sabia que atendia pela alcunha de Hawkeye.

– O que ele está aprontando dessa vez? – ela ergueu uma de suas sobrancelhas.

Steve deixou escapar um suspiro.

– Você anda o irritando muito Sigyn, deveria tomar mais cuidado com o que faz, Barton não é um homem muito paciente, e você exagerou da última vez.

Ela riu ao se lembrar de seu feito.

– Vai me dizer que ele ainda esta procurando os fugitivos? – riu ruidosamente.

– Sigyn, isso que você fez foi muito grave! – Steve protestou.

– Não é problema meu! – ela devolveu.

Steve fez sinal de negação com a cabeça, e as lembranças do ocorrido voltaram a dançar em sua mente, além de seus roubos Sigyn agora se dedicava a causar problemas pela cidade, e sua última grande obra fora libertar inúmeros prisioneiros do Forte Leste, ele se lembrava da expressão de ódio de Hawkeye ao descobrir o ocorrido e de seus esforços inúteis para prender os meliantes.

– Você libertou um monte de bandidos perigosos, colocou a vida de muita gente em perigo, isso não afeta só o major.

– Não me importo. – ela deu de ombros.

– Ele virá atrás de você. - a alertou.

– Ele sempre vem, e até hoje nunca conseguiu provar nada contra mim, duvido que consiga agora.

– Não o subestime, Sigyn.

– Não tenho medo daquele demônio!

Steve fez uma prece mental, pedindo aos deuses que o ajudassem com aquela mulher, ela era perigosa e tudo que ele gostaria era de se livrar dela, mas o último pedido feito por seu amigo o impedia de fazer isso.

– Barton está furioso. – ele comentou com certo receio - Os boatos do ocorrido no Forte chegaram até Asgard, e pelo visto o velho rei Odin não ficou nada satisfeito com suas tropas em Midgard, e um mensageiro disse que ele está enviando um oficial de sua confiança para avaliar o trabalho de Barton.

Sigyn esbanjou seu melhor sorriso.

– Então vejo que terei muito trabalho pela frente! E logo aquele verme não será ninguém!

– Sigyn, eu estou falando sério.

– Eu também! – retrucou com indiferença.

– Sigyn você não faz ideia de quem está vindo para cá! – Steve pareceu abandonar o seu autocontrole – Me disseram que é alguém de péssima índole e costumes.

Sigyn iria retrucar de alguma forma grosseira quando avistou um homem esbaforido correndo em sua direção.

– Lady Sigyn! Lady Sigyn! – um homem de rosto gordo e afogueado gritava gesticulando os braços.

– O que foi Vidar? – ela perguntou com curiosidade.

– Lady Sigyn, Lady Sigyn! – ele continuou desesperado até chegar próximo a ela – O major! O major!

– O que ele fez?

– E-Ele esta na casa do senhor Stark! - o homem gaguejou – receio que esteja atrás da senhora.

Destrutivo (Loki e Vingadores)Onde histórias criam vida. Descubra agora