Barton

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Aquele seria um dia especial para qualquer mulher, mas não para a jovem Sigyn. Ela não via nada de especial naquele momento, não via nada de especial no dia seguinte ao seu casamento, na sua suposta lua de mel onde ela e Loki deveriam partilhar durante dias a companhia um do outro.

Para a alegria de Sigyn, ela viu Loki dispensar logo pela manhã qualquer indicio dessa tradição de recém-casados, apagando qualquer sensação de raiva que ainda restava nela desde o instante que Loki retornou ao quarto deles durante a noite.

Sigyn estava esparramada pela cama e ficou alguns segundos imaginando se ele dormiria na mesma cama que ela e a resposta veio do jeito gentil e delicado de Loki: com um empurrão que fez o corpo dela girar para o lado e quase cair por uma das laterais da cama, Sigyn o olhou com fúria e Loki apenas riu.

– Meu lado. – ele apontou para a região onde estava se sentado na cama e depois apontou para Sigyn – E seu lado da cama.

Sigyn ficou indignada.

– Não vou dividir minha cama com você!

– Primeiro, tecnicamente a cama é minha, eu paguei por ela. Segundo, você vai dividir ela comigo sim, a menos que deseje dormir no chão, a escolha é sua e a cama é minha.

Irritada Sigyn deu as costas a ele se cobriu com as cobertas, escutou um riso abafado de Loki e começou a pensar que ele logo abriria sua maldita boca para dizer algo, aquele homem adorava falar, era um baita de um linguarudo, e Sigyn tinha a impressão de que ele poderia ficar horas falando sozinho mesmo que ela não desse a menor atenção.

Ela esperou que ele começasse a tagarelar sem parar, mas para sua sorte ele se manteve em silêncio. Não que ela não gostasse de conversar com ele, mas depois dos últimos acontecimentos era tudo que ela gostaria de evitar. Sigyn demorou a pegar no sono e quando este finalmente estava chegando viu qualquer possibilidade de finalmente dormir cair por terra quando um movimento estranho na cama lhe indicou que Loki estava levantando.

Ela o observou em silêncio. Reparou pela iluminação que vinha da janela que o sol já havia nascido e começou a pensar em como seria irritante ter de ver Loki o dia inteiro, se surpreendeu quando o viu vestindo os trajes negros do exército asgardiano. Ele iria trabalhar? Não conseguiu evitar de sorrir com aquele pensamento, percebeu que Loki a observava de volta, ele parecia prestes a dizer algo, mas aparentemente desistiu no caminho e apenas ficou a observando sem dizer nada, momentos depois se retirou do quarto, batendo a porta com força, e porque não dizer com raiva? Ela só não entendia o por quê dessa última opção.

A manhã foi se alastrando e Sigyn continuou esparramada na cama pensando no que faria, se lembrou de seu acordo de casamento com Loki e decidiu que aquele seria o momento adequado de tentar tirar algum proveito. Se ergueu preguiçosamente da cama e após um banho longo se vestiu com seus habituais vestidos escuros e partiu em direção a cidade.

O percurso não demorou mais de vinte minutos, e ela sorriu quando desceu do enorme cavalo de batalha que pertencia a seu marido, casar com Loki tinha lá suas vantagens ela pensou enquanto prendia o enorme cavalo negro em uma árvore. Nunca havia tido ou roubado um cavalo como aquele e saber que poderia utilizá-lo quando lhe fosse conveniente a deixou extremamente animada, com um animal daqueles conseguiria fugir de qualquer patrulha, roubar seria muito mais simples.

Com um amplo sorriso no rosto Sigyn adentrou pelas enormes portas de metal do prédio da guarnição asgardiana em Detyre, um condado de Midgard. Quando chegou ao corredor principal do prédio foi recebida por olhares surpresos que apenas a ajudou a ampliar o seu sorriso, nem ela mesmo acreditava que estava entrando naquele lugar por vontade própria, já esteve ali outras vezes e não se lembrava de nada de agradável em nenhuma delas. Passou pela recepção com seu olhar de superioridade, e sem se apresentar a ninguém adentrou um dos salões principais do local. Direcionou seu melhor sorriso dissimulado para o único guarda que estava no local, sentado atrás de uma enorme mesa de madeira.

– Bom dia Major Hawkeye! Como tem passado?

O homem a olhou de cima a baixo com um ar de incredulidade.

– Me admira muito vê-la por aqui Lady Sigyn, pelo menos vindo por vontade própria, por um acaso sentiu saudades da prisão?

– Embora eu adore esse lugar e a sua presença, receio que não! – comentou com ironia – Venho procurar o meu marido, poderia chama-lo, por gentileza?

– Seu marido? – ele riu – Adoraria chama-lo, mas ele não está.

– E aonde ele foi?

O major Hawkeye estreitou as sobrancelhas e esboçou seu sorriso de escárnio que Sigyn conhecia perfeitamente.

– Fazer o que ele mais gosta: infernizar a vida do Stark, e de sua ex-esposa. Sabe Sigyn, se eu fosse você vigiaria melhor o seu marido, ele dedica tanto tempo procurando problemas para o Stark, que não me admiraria se existisse algo mais entre os dois, talvez algo mais depravado, se é que me entende.

– Não sabia que tinha tanto interesse assim na vida amorosa do meu marido, major. Talvez queira que eu entregue algum recado a ele, mas acredito que Loki não curta esse tipo de coisa, acho que o senhor não tem muitas chances com ele.

– Divertida como sempre, veremos se continuará rindo assim quando eu finalmente colocar minhas mãos em você, acha mesmo que pode escapar de seus crimes se casando com Loki?

– Ele é um príncipe e seu superior, acho que estou muito segura ao lado dele. – riu – Lamento que nossa longa história junta termine assim, major.

– Veremos Lady Sigyn, veremos... – ele continuou com um sorriso estranho nos lábios – Hoje mesmo irei interrogar o seu companheiro de crimes que foi preso recentemente vagando sem rumo pelas terras de Erathell.

Sigyn manteve seu sorriso desafiador.

– O Coronel Loki decidiu ir comigo ver esse tal sujeito, será um interrogatório muito interessante, adoro os métodos dele para descobrir a verdade.

Sigyn sentiu um arrepio passar pelo seu corpo, e por um momento se arrependeu da forma como tratou Loki no dia anterior, ele era tão volúvel, que garantia ela tinha de que ele ainda a protegeria por muito tempo? E pensar nos métodos de interrogatório dele não ajudava em nada, e saber que Hawkeye estaria junto só piorava as coisas. Pior que um sádico interrogando alguém era ter dois deles, e definitivamente a mulher não sabia dizer qual era o pior dos dois.

– Se meu marido não está, quero falar com o capitão Rogers. – ela tentou recuperar a calma.

– Ele também não está, foi acompanhar Loki em sua missão, sabe nosso príncipe não tem muitos fãs por aqui.

– Tenho certeza que a Natasha também foi junto! – ela comentou com certo ciúme, antes que se desse conta.

Hawkeye se levantou de onde estava e analisou Sigyn com curiosidade.

– Como eu disse Loki é muito imprevisível, pode esquecê-la facilmente. – comentou com um tom maldoso, sentindo o leve ciúme contido em cada palavra de Sigyn – Mas desta vez tenente Romanoff não estava com ele, desta vez.

Sigyn teve vontade de socá-lo, mas fechou os punhos com força e resistiu à tentação, se lembrava muito bem de como as coisas terminaram da última vez e não estava disposta a repetir aquilo, as lembranças de como tudo começou passaram a dançar em sua mente e o olhar gélido do major a fez se perder em visões do passado. Do dia que a questão pessoal entre os dois chegou ao limite, do dia que conheceu Loki.


Destrutivo (Loki e Vingadores)Onde histórias criam vida. Descubra agora