Halloween - Contos 2015

Conto 03 - A Kitsune e a maldição do Nogitsune

Kitsune é uma criatura mágica, uma raposa, cujo a qual tem o poder de jogar raios contra aqueles que querem, elas também conseguem levar os homens a loucura. Pelo menos, foi isso que a mãe de Kaya Shimizu lhe contou, como se ela já não achasse ruim o suficiente ser uma japonesa morando nos Estados Unidos, pensou.
Porém, a mãe de Kaya não lhe contou algo muito importante, que a cada dez anos, no dia 31 de outubro, a Kitsune mais jovem da família Shimizu se transformará em uma Nogitsune, ser maligno e sanguinário que levará todos a sua volta a loucura, entre às 22h e 00h da noite. Isso se dar por causa de uma maldição jogada a família séculos atrás.
A mãe de Kaya, Kira, andava de um lado para o outro, por lembrar do que o dia de hoje significa. A sua inquietação já estava começando a ficar incomoda para sua mãe, Mag. As duas sabiam o que acontecerá hoje à noite, e precisariam de uma forma de mudar isso, tendo em vista que sempre esse espirito maligno vem com mais força.
- Não podemos deixa-la sair hoje, ela tocará o terror - ela dizia, muito assustada, a sua mãe. - Você se lembra quando aconteceu comigo, eu quase matei você e o papai.
- Não se preocupe, filha - Mag dizia. - Vamos encher a casa de cadeados, ela poderá sair.
- Duvido! O espirito da maldição do Nogitune é muito esperto, ele dará um jeito de fugir de um jeito ou de outro.
- Filha, acalma-se, daremos um jeito - Mag tentava acalmar a sua filha de todo jeito.
- Ainda tenho as minhas dúvidas - Kira dizia, se sentado ao lado de sua mãe.
- Se o meu pai não tivesse se metido com aquela bruxa séculos atrás, nada disso estaria acontecendo - Mag exclama, triste, e Kira apenas assente.
- Não se preocupe - Mag repente mais uma vez. - Daremos um jeito.

~ * ~

Um raio cortou o céu e um vento forte bateu contra os galhos, fazendo um bater contra o outro, fazendo uma sonoridade perfeita para o Halloween. E a esse som, Kaya se preparava para uma festa de Halloween na sua escola, ignorando a sua mãe e avó haviam lhe dito durante o dia e todos os cadeados espalhados pela casa, ela não entendia o porquê para tanto, não é como se ela fosse ser possuída por um espirito maligno ou algo do tipo, ela apenas vai a uma festa.
Kaya esperou até que sua mãe estivesse dormindo, igualmente a sua avó. Elas duas sempre dormem cedo, dizem que fazem isso por causa de suas caldas, assim elas sempre estarão renovadas, e assim que fizeram isso, ela desceu a rua correndo até chegar a sua escola.
- Kaya! - Asher, o seu melhor amigo exclamou a ver a garota vestida de raposa. Kaya achou que seria uma boa se vestir de raposa, algo que lhe representa, no Halloween. - Você está um filé - aquilo fez ela rir, Asher sempre usa palavras
- Obrigada - Kaya diz, envergonhada. - Você também está lindo vestido de Superman zumbi.
Asher entrelaçou os dedos no de Kaya e a puxou para dentro da escola, onde vários alunos estavam fantasiados de tudo que pudesse imaginar, o que fez ela se assustar um pouco, era a primeira festa de Halloween que participava, e tudo ali é tão novo para ela.
- Hey - uma garota vestida de Billy, o boneco dos Jogos Mortais. Só falta o triciclo, Kaya pensou. - Vamos, já é quase 22 horas. O show já vai começar e eu não quero perder nada. - Mar a puxou, sendo acompanhada por um animado Asher. As pessoas já se aglomeravam em frente a um pequeno palco improvisado, fazendo muito barulho. Talvez tenha sido aquilo que fez a dor de cabeça que Kaya vinha sentido desde de manhã aumentar.
- Está tudo bem? - Asher perguntou, vendo que Kaya estava meio pálida. - Precisa de alguma coisa?
- Sim - Kaya diz. - Um pouco de ar. Acho que vou no banheiro.
Kaya caminha até o banheiro, um pouco atordoada. Seus amigos lhe acompanham, eles parecem preocupados com ela, pois ela não era de senti isso de forma repentina. Ela entra dentro do banheiro e olha sua imagem no espelho, ela encara seus olhos azuis, que começaram a ficar negros de uma hora para outra. Ela estranha aquilo, pois nunca viu algo assim antes. Sua imagem no espelho começou a se mexer ao oposto da sua, com um sorriso no rosto.
- Olá, querida - a imagem falou, assustando Kaya. - Que bom te ver - a imagem refletida de Kaya falava. Seu olhar é obscuro e doentio, ela podia sentir medo apenas em encarar os olhos negros do seu "clone".
- Que... Que.. Quem é você? - Kaya gaguejava, o seu corpo estava inerte devido ao assombro do espelho. Ela queria correr, mas não conseguia.
- Eu? - O reflexo de Kaya solta uma risada maléfica. - Sou o seu lado negro - sua voz de repente fica grossa, cheio de algo demoníaco. - E eu vou te possuir.
Kaya tenta correr ao ouvir aquilo, ela estava aterrorizada com aquilo. Isso só pode ser loucura da minha cabeça, pensava. Porém, mais rápido do que ela, o seu reflexo se transforma em uma mariposa e entra dentro do seu ouvido, fazendo-a soltar um grito, assustando os seus amigos do outro lado da porta. Algo frio tocou o estomago de Kaya, e isso bastou para ela não ser mais ela.
- Kaya, você está bem? - Seus amigos diziam do outro lado, batendo a mão com força contra a porta. - Kaya!
- Eu estou bem - a pior versão de Kaya diz do outro lado da porta.
Agora ela é uma Nogistuse.
Kaya encara seu reflexo no espelho e sorrir.
- Vamos aterrorizar essa festa - diz para si mesma, com um sorriso no rosto.
- Kaya - Asher bateu a mão mais uma vez na porta.
- Estou bem, otário - Kaya disse, e Asher a olhou estranho, juntamente com a Mar. Ela sempre foi tão gentil, por que está tratando o coitado do Asher tão mal assim.
- Kaya, você está bem, eu ouvi um grito - Mar diz, ignorando a maldade dita por ela. - O que houve com os seus olhos? - Mar percebe a diferença de pigmentos do olhar assim que coloca os olhos em Kaya, e isso lhe assusta.
- Claro que estou - Kaya diz. - Agora me deixa ir - ela bate o ombro contra o de Asher e Mar e caminha até a aglomeração de pessoas ali.
Ela viu um cara perto do palco, ela achava que o encontrando seria um bom começo para sua noite de gostosuras e travessuras.
- Oi - ela passa as mãos pelo peito do rapaz. - Você vem sempre aqui? - O rapaz sorrir para ela, que logo passa as mãos pelo seu pescoço.
- Não, mas tem um lugar que sempre gosto de ir. Quer conhecer? - Kaya assente, com um sorriso maléfico no rosto.
O rapaz, que se apresentou como Caleb, a levou até o vestiário. Onde a pressionou contra a parede e começou a beija-la.
- Gostosuras ou travessuras? - Kaya perguntou a Caleb, com um sorriso maligno no rosto.
- Acho que vou escolher travessuras - Caleb responde, e Kaya solta uma risada maléfica antes de formar um raio em suas mãos e jogar contra o corpo do rapaz em sua frente, que caiu no chão, paralisado. Ele não estava morto, apenas estava lidando com o seu próprio medo enquanto estava inerte no chão.
- Oh, você devia ter escolhido gostosuras - Kaya diz com um tom debochado, enquanto o rapaz se contorcia no chão.
- Não, não - o rapaz dizia, aterrorizado.
Kaya soltou mais uma risada maléfica, e caminhou mais uma vez para a multidão, onde avistou uma garota, ela parecia assustada em meio aquele tanto de pessoas. Uma boa próxima vítima, Kaya pensou. Ela caminhou até a direção da garota, fingindo uma dor no pé.
- Por favor, me ajuda - Kaya diz, fazendo um cara de dor enquanto se sustenta em apenas um pé. - Acho que pisei em um vidro, me ajuda, por favor - a garota lhe olhou com pena, e logo assentiu e a levou até o banheiro mais próximo.
- Vamos tirar o seu sapato e ver se você se cortou mesmo - a garota dizia, puxando o pé de Kaya para mais perto.
- Ok, mas antes me responda uma pergunta - Kaya puxou seu pé de volta para perto de seu corpo.
- Que pergunta seria? - A garota parecia aflita.
- Você prefere gostosuras ou travessuras?
- Acho que... que... gostosuras - a garota dizia, meio incerta.
- Hm, pena que as gostosuras acabaram - a Nogitsune diz, formando um novo raio em suas mãos e jogando contra a garota, que caiu paralisada no chão e, assim como o Caleb, tendo apenas a imagem de seu pior pesadelo em sua frente. - Feliz Halloween! - Ela exclamou, antes de sair do banheiro.
Kaya estava à procura de mais uma vítima, quando foi surpreendida por um Asher preocupado.
- Kaya, você está bem? Sua mãe está te procurando - ele dizia, e logo Kaya deu de ombros.
- Diga aquela babaca que eu não quero vê-la! Disse e correu até os fundos da escola, sendo acompanhada por um Asher preocupada.
- Kaya, pare de agir como uma idiota, por favor - ele dizia, e Kaya o encarou com seus olhos negros, de uma forma maléfica.
- Você sempre gostou de mim, não foi? - Ela dizia, indo em sua direção, sugestiva. Ela passou as mãos pelo o peito do rapaz, indo para cima e voltando.
- Kaya... por... - Ele dizia, até que Kaya lhe deu um beijo suave. No começo, ele não teve nenhuma reação, mas logo em seguida ele a abraçou pela cintura, trazendo-a para mais perto do seu corpo, mas logo ele deu por si e afastou-a. - Não podemos fazer isso.
- Por que não? - Kaya dizia, indo mais uma vez em direção ao rapaz, que tentava se afastar dela. - Pensei que você gostava de mim - ela tentava faze uma voz triste, mas saiu um pouco maligno.
- Eu... Go... Gosto, mas não dessa Kaya que você está sendo agora.
- Mas essa é uma versão muito melhor da sua antiga Kaya - ela o jogou contra a parede, e começou a beijá-lo de forma ligeira, ele demorou um pouco para entender o que estava acontecendo, mas logo caiu nos braços da garota.
Ela a puxou para mais perto do seu corpo e começou a beija-la com urgência. Ela abriu os seus olhos para ver se aquilo estava mesmo acontecendo, e quando abriu viu que os olhos de Kaya tinham voltado ao tom azul, e não mais negros.
- Asher, corra - sua voz parecia normal, e não maligna como a de minutos atrás.
Parecia que Kaya queria lutar contra o espirito do Nogitsune, e conseguiu, por alguns segundos, ir contra aquele espirito maligno, mas logo o espirito maligno conseguiu voltar a seu normal, e os olhos de Kaya voltaram a ficar negros.
Asher tentou correr, mas Kaya o impediu.
- Onde você pensa que vai, docinho? Ainda não acabamos.
- Vo... Vo... Você não é a Kaya - ele gaguejava, enquanto tentava abrir a porta, que estava trancada.
- Como você adivinhou? - Ela dizia, com sua voz grossa e maligna. - Agora escolha: gostosuras ou travessuras?
Ele não respondeu, só tentou correr.
- Ok. Eu escolho por você - ela joga um raio contra Asher, que cai no chão, inerte.
No começo, ele viu uma luz, parecida com a do sol, em seguida, uma grande águia apareceu trazendo consigo um corpo, em seguida mais um e então mais outro, logo ele começou a sentir o terror tomar conta de si. Então ele percebeu que todos aqueles corpos eram de pessoas conhecidas, sua mãe, pai e irmão. Outro corpo foi jogado, e percebeu que era o corpo de sua vizinha, ele tentou se debater ou afastar os corpos para longe
- Ui, você é dos bravinhos - Kaya dizia, indo embora e ignorando os gritos de Asher.
Kaya caminhava pela a escola procurando mais uma vítima, o seu espirito maligno estava louco para mais uma diversão.
- Kaya, você viu o Asher? - Mar exclama, meio receosa de ir falar com sua amiga, que está agindo de maneira muito estranha nas últimas horas para seu gosto.
Kaya a olhou de uma forma estranha, tão estranha que assustou Mar ao perceber que os olhos da garota continuavam escuros, mesmo com a mudança de iluminação.
- Sim - ela sorriu. - Vamos, eu te mostro onde ele está.
Mar olha por cima do ombro, e logo em seguida para garota. Ela estava assustada, não podia negar, mas Kaya é sua amiga, ela não poderia lhe fazer nada de mal, não é?
- Ok, vamos lá.
Kaya a levou para o lado oposto de onde deixou o seu amigo caído no chão vivendo o seu pior pesadelo. Elas estavam se distanciando da escola, o que assustou um pouco Mar, pois Asher nunca havia ido até aquele lugar, pelo menos, não que ela saiba.
- Para onde estamos indo, Kaya? - Mar para no meio do caminho, a lua já estava quase no meio do céu, indicando que é quase meia noite. - Kaya - disse, ao perceber que sua amiga estava lhe ignorando.
Kaya a ignora, e a surpreende com um raio em seu corpo, fazendo-a cair no chão assim como os outros últimos, inertes.
- Droga, esqueci de perguntar se ela queria gostosuras ou travessuras - ela fingiu chateação.
- Kaya! - Sua mãe exclama no fim da rua. - Kaya, você está me ouvindo?
- Sim, mamãe - Kaya diz, com uma voz meiga. - Mãe, o que está acontecendo comigo.
Kira encarou os olhos de Kaya, que continuavam no tom negro, logo ela percebeu que aquele é o Nogitsune tentando lhe enganar.
- Kaya! - Ela disse com mais força. - É quase meia noite, minha filha, tente lutar contra o espirito que tudo dará certo.
Os olhos de Kaya ficaram azuis por um milésimo de segundo, e logo voltaram a ficar negro e tentar atingir a sua mãe com um raio, mas isso foi em vão, pois sua mãe ficou dentro de um escudo de fogo, deixando todas as suas 7 caudas a vista.
Elas entraram em conflito, trocando golpes bruscos e fortes jogadas de raios. Apesar de Kaya tentar muito, ela não conseguia atingir Kira, que é bem mais forte do que ela.
- Ah, mãezinha, vamos lá - Kaya dizia. - Me atinja, ou você não quer machucar a sua pobre filhinha?
- Kaya - Kira ignorava a voz do Nogitsune. - Tente lutar contra esse espirito maligno. Falta menos de dois minutos para a meia-noite.
- Kaya. Kaya. Kaya - o espirito do Nogitsune imitava a voz de Kira, que ainda estava coberta pelo escudo de fogo. Kaya lhe jogou um raio em a Kira, em seguida outro, e mais outro, aquilo bastou para fazer Kira cair no chão.
Kaya chegou perto da sua mãe, e a fitou nos olhos.
- Ora, mamãe - Kira tenta se levantar, mas não consegue. - A senhora escolhe gostosuras ou travessur... - Kaya cai desacordada no chão, após ser atingida por um raio em suas costas. Kira desviou o olhar de sua filha caída no chão para a sua mãe.
- Eu disse que daríamos um jeito.

~ * ~

- Kaya? - Kira disse, passando as mãos pelo o rosto da garota, ela ficou feliz ao ver os olhos da filha tinham voltado a serem azuis. -
- Mãe!? - Kaya pulou nos braços de sua mãe. - O que aconteceu comigo?
- Filha, devia ter dito isso a você a tempos - Kira se deita ao lado da filha, e a abraça junto ao seu corpo. - O que aconteceu hoje com você foi devido ao seu avô, séculos atrás.
- Meu avô? - Kaya parece confusa com toda aquela situação.
- Sim - Kira suspira. - Quando seu avô tinha 17 anos, ele fez uma brincadeira de mau gosto com uma bruxa da cidade, ele a enganou, dizendo que o rapaz mais lindo da cidade queria encontrar com ela perto do rio, mas isso só era conversa de seu avô. Então, como vingança, a bruxa jogou uma maldição contra o seu avô e toda a sua família, que, a cada 10 anos, no dia 31 de outubro, a Kitsune mais nova da família seria possuída por um espirito maligno, chamado Nogitsune. Isso só fez mal a nossa família - Kira suspira mais uma vez, ao lembrar dos seus momentos com Nogitsune dentro de seu corpo, lhe possuindo.
- Mas já passou, não é? Eu não farei mais mal aos meus amigos e a ninguém? - Kaya parece assustada.
- Sim, filha, tudo passou - Kira beija o topo da cabeça de sua filha.
- E meus amigos, eles ficaram bem? - Kaya não conseguia parar de fazer perguntas.
- Sim, tudo ficará bem com eles também - Kira dar um pequeno sorriso. - Felizmente, eles não lembraram de nada, apenas pensaram que tiveram um terrível pesadelo.
Kaya suspira, aliviada.
- Ok, agora vai dormir. Você teve uma longa noite e precisa de um descanso - Kira diz, se levantando e ficando ao lado da cama da sua filha.
Kaya puxa sua mãe pela mão para um abraço, e lhe dar um beijo.
- Obrigada, mamãe - ela diz, com lágrimas nos olhos.
- Não precisa agradecer, filha.
Kira lhe dar um aperto forte antes de sair do quarto.
Suspirando, Kaya joga o seu corpo contra a cama, lembrando dos momentos horríveis que passou essa noite, com toda certeza, esse foi o pior Halloween da sua vida. Ela se revirou na cama, não conseguia dormir. Ela pensou que um banho seria bom.
Em passos lentos, Kaya entrou dentro do banheiro, tentando ignorar ao máximo o espelho, pois ela ainda temia olhar e ver o seu pior lado nele. Ela tomou um banho rápido, deixando todas as mãos lembranças irem embora junto com a água suja.
Quando ela saiu do banho, o impulso foi maior, e seus olhos foram de encontro ao espelho. E lá estava ela, sua imagem com olhos negros lhe encarando. O Nogitsune sorria para ela de forma maléfica. Kaya tentou tirar os olhos dali, mas não conseguia, era como um imã que te chamava para o espelho.
Com um sorriso maligno no rosto e voz aterrorizante, o Nogitsune encarou Kaya e falou:
- Gostosuras ou travessuras?

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