Conto 01 - Dia dos Mortos

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Hoje é Halloween, mas a família de Alex não festeja essa data, eles se preparam para o dia dos mortos. Em uma família tipicamente mexicana, Alexandra já se levanta da cama aos suspiros, odeia essa data, odeia toda essa palhaçada de ter que fazer as comidas que seus entes mortos gostam, ou ficar dançando e cantando como uma louca nos cemitérios. Ela pensa que se estivesse morta, voltaria só para gritar: Dá para calarem a boca?!

E é exatamente isso o que gostaria de fazer quando ainda meio dormindo, Alexandra caminha até o banheiro e ouve a voz de suas dezenas de primos e tios... Isso não poderia ficar pior, ela suspira em desanimo evidente.

Vários de seus primos estão pintando caveiras mexicanas por todo o canto que ela passa, há uma imensa quantidade de flores em cestas gigantescas, ela sabe que essas flores seriam usadas no caminho entre o cemitério e sua casa, para guiar os mortos até seu lar e se pergunta: Quem seriam os loucos que iriam querer espíritos em suas casas? Seus pais, ao que parece.

A música é ensurdecedora, as cores gritantes fazem sua cabeça dar voltas e a alegria... Ah, essa alegria que Alex pesava em ser descabida e fora de contexto, era o que mais a irritava.

Por muito tempo Alex pensou que definitivamente nascera na família errada... Afinal, era de sua cultura e origem festejar o dia dos mortos em 1° de novembro, festejar não como o halloween e suas fantasias, o dia dos mortos não era uma festa para gente viva e sim para os mortos, Alex se deu um tapa mental ao pensar em algo tão óbvio e estúpido.

-Alexandra menina! Venha ajudar sua querida mãe! - ela ouve a voz de Maria lhe gritar da cozinha, em um suspiro frustrado Alex vai de encontro a sua mortalha.

Alex passou todo o seu dia ali na cozinha: Burritas de Carnitas, tacos, Paellas, Burritos, Pie de queso... Alex pensou que essas almas deveriam ser obesas para comerem toda a comida que ajudou a preparar durante o dia, afinal, era comida para um batalhão.

-Vá se arrumar menina! Coloque seu mais belo vestido e iremos ao cemitério, já é noite! - Sua mãe Maria lhe dizia com uma alegria imensa.

-Mãe... Não estou me sentindo bem hoje. - A mãe de Alex a encara com pena, e permite que ela fique em casa. Alex vê toda a sua família partir, sabia que deveria estar aliviada com a paz e sossego, mas isso não acontece... Um sentimento ruim percorre seu corpo.

Mas mesmo assim, quando chegou em seu quarto e percebeu que estava sozinha, pôde respirar em paz. Não queria participar dessa loucura, mas sabia que era importante para a sua mãe, então para não confronta-la ,decidiu lhe inventar uma pequena mentira. Se Maria descobrisse, ela lhe gritaria: Seu tio Ferdinando vai ficar chateado com você, é o único dia em que o vemos em todo o ano!

Na verdade, o tio de Alex morreu a uns bons oito anos e mesmo que ela participe da noite dos mortos, nunca deu de cara com o tio. A morte para Alex não era um tema que lhe causava medo ou arrepios, desde pequena aprendera a festeja-la e logo depois a ignora-la.

Quando estava quase a pegar em um bom sono, seu celular toca... Quem seria? Alex se questiona até olhar o visor e fazer uma careta.

-Diga feiosa. - Alex atende a sua amiga Amanda que não tinha nada de feia, a menina era uma das mais bonitas do colégio em que estudavam.

-Estou na porta de sua casa e vamos para a festa na mansão 18. - sua amiga diz firme, Alex já negou tantas vezes em ir a essa festa que já estava cansada. Ninguém sabe quem organiza a festa na mansão 18, mas lá está ela, todo o ano, a melhor festa de halloween da cidade.

Alex caminha até a porta e olha sua amiga que estava vestida de bruxa sexy.

-Pelo menos na parte da bruxa tu acertaste! - Alex ri da amiga que fecha seu semblante adentrando em sua casa.

Halloween - Contos 2015Onde histórias criam vida. Descubra agora