Conto 13 - Serpentes de pedra

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31 de outubro, o dia mais esperado do ano. Os alunos da escola Hawet – a mais famosa da região – estavam eufóricos, uma festa estava sendo montada em comemoração ao dia das bruxas. A decoração não poderia ser mais assustadora, afinal, eles se prepararam o ano todo para isso.

Naquela manhã, Alexandre resolveu arrancar suspiros. Ele caminhava pelos corredores da escola acompanhado dos meninos mais populares. Alex, como geralmente era chamado, tinha um belo par de olhos azuis, cabelos loiros e um sorriso contagiante. Quase todas, isso mesmo, quase todas as meninas gostariam de ter pelo menos uma chance de conversar com o belo quarterback do time de futebol americano. Excerto Cecília, a menina considerada nerd, magrela e feia alimentava uma profunda raiva por Alexandre, um dos vários meninos que tinham como principal diversão implicar com a garota.

- Hey Cecília! – Alex chamou a menina, que logo olhou – Você fez algo novo hoje? Está estupidamente mais assustadora! – implicou o menino

Cecília cravou as unhas em seu próprio braço, ela sentiu tanta raiva no momento que só isso a impediu de chorar. A garota se virou e saiu dali correndo, deixando rapaz e seus amigos aos risos. Naquele dia ela decidiu, escolheu e analisou o próximo, o próximo garoto de sua lista.

Alexandre voltou a sala de aula ainda rindo da reação da menina, para ele, isso tudo não passava de uma diversão. Ele não precisava de nada, sua vida era completa. Ele tinha beleza, dinheiro, poderia escolher suas garotas e era o mais popular.

- Aleeex... – cantarolou uma menina do lado de sua carteira – Eu queria muito, mas muito, ir festa com você... – agora ela estava debruçada sobre a mesa do colega

Alexandre mostrou seus lindos dentes com um sorriso, em seguida piscou. A garota soltou um suspiro e se derreteu de amor.

- Acho que consigo reservar um pouco do meu tempo para você, Rebecca. – a menina soltou um gritinho de felicidade

O restante do dia não foi diferente, Alex recebeu mais três convites para ir à festa de Halloween, o que era normal para ele. Já Cecília, nem um mísero convite do menino mais zoado da escola ela recebeu, até este tirava sarro da nerd.

Sair da escola naquela manhã foi complicado. Em meio aos empurrões, xingamentos e bolinhas de papel, Cecília se espremia entre as pessoas. Para fechar com chave de ouro aquela horrível manhã, ela ainda teve que aguentar mais uma dose de implicâncias um homem e mais duas garotas metidas.

Com sua bicicleta velha, a então considerada menina mais feia da escola, pedalava entre às menores e mais sujas ruas Borleym, na Inglaterra. A casa onde Cecília mora é na última rua do último bairro da cidade. Ela se sentia melhor afastada de todos.

Enquanto ela abria o grande portão negro da entrada, sorria ao imaginar que mais logo a noite... Ah, logo a noite ela iria chamar atenção de todos.

Ao entrar em sua casa, uma felicidade tomou conta de seu ser. O ranger das portas de madeira, as teias de aranha, os ratos, o barulho do vento, tudo a fazia feliz. Cecília estava em seu lar...

*
Em sua mansão, Alexandre preparava uma um belo trote de Halloween, era tradição entre eles e os amigos. A felizarda desse ano não poderia ser outra a não ser Cecília, afinal, ela não se importaria de receber um convite do mais belo menino da cidade, e de sobremesa comer um sanduiche de minhocas...
Felizmente a tarde passou rápido, o céu já estava ficando escuro e a melhor parte do dia 31 já estava chegando: A festa de Halloween. E o melhor de tudo é o evento aconteceria a poucos km. A cidade de Borleym vem sendo escolhida como cede do evento a anos, muitos desconfiam ser pelos vários mitos que surgiram.
*
Cecília já estava praticamente pronta, mais alguns minutos e as serpentes de pedra ganhariam vida, tomando assim o lugar de seus cabelos enrolados. Seu traje era simples: um vestido branco, braceletes dourados, uma bela coroa e sandálias de tiras. Uma típica Deusa grega.
A nova bela garota desceu as velhas escadas de seu casarão cantarolado, sua felicidade era tanta que saía em forma de canções. Após correr pelo piso velho de madeira, ela foi a caminho de seu jardim. Lá ela tinha amigos.

Halloween - Contos 2015Onde histórias criam vida. Descubra agora