Capítulo 3 - Força do Pensamento

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Lavínia tinha certeza absoluta de que agora estava muito ferrada

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Lavínia tinha certeza absoluta de que agora estava muito ferrada.

Veja bem, embora ela fosse um espírito livre pairando por essa terra de robôs, seus pais não faziam exatamente o tipo "liberal". E se eles soubessem que ela estava matando aula com a turma dos Capirotos para beber cerveja e dar uns beijos no Paulo, ela já podia se considerar uma pessoa morta.

A garota corria pela calçada praguejando dentro da própria cabeça e só parou quando foi vencida pelo próprio fôlego - ou falta dele. Tirou o celular da mochila e mandou uma mensagem de voz desesperada para Cami, porque era sempre para ela que Lavínia corria quando as coisas apertavam.

Droga, ela nem gostava assim de cerveja. Tampouco do Paulo. Só estava querendo curtir um pouco a vida.

― Cami, pelo amor de Deus, me ilumina com a luz da sua sabedoria - ela pediu, com o desespero e a falta de ar presentes na voz.

Um minuto depois, sua amiga já estava ligando e Lavínia atendeu no primeiro toque.

― O que você fez dessa vez? - Cami perguntou, com a voz entediada, nem um pouco surpresa pela amiga estar precisando de ajuda de novo. Quer dizer, aquele era meio que um acordo não verbalizado entre as duas: Lavínia fazia a confusão e Cami a ajudava a arrumar a bagunça. O que poderia parecer injusto que sempre fosse assim, mas Cami era a pessoa mais certinha que existia.

No dia em que Cami se metesse em alguma enrascada e Lavínia a ajudasse a sair era porque o mundo estava mesmo de cabeça para baixo.

― Você matou aula com os Capirotos, não foi? - sempre certeira. Nesse momento ela deveria estar trancada em uma das cabines do banheiro feminino da escola estreitando seus olhos como se o efeito repreensivo deles pudessem chegar até Lavínia pelo telefone. - Sua maluca, por que você faz essas coisas?

― Você sabe que eu estou super afim do Paulo! - ela se defendeu, mesmo achando aquela uma desculpa esfarrapada. Nem Lavínia sabia por que fazia essas loucuras, mas havia algo de prazeroso em descumprir as regras. Uma sensação de perigo que agitava algo dentro dela e a fazia sentir no topo do mundo. - Mas a questão não é essa. O problema é que depois que o Fabrício conseguiu comprar a cerveja no mercado, eu esbarrei com o meu vizinho!

― Que viz... Ai meu Deus, o Bonitão? - Cami se alterou do outro da linha e Lavínia agitava os braços e andava de um lado pro outro sem parar. No meio da rua.

― Sim! E agora? E se ele falar alguma coisa pros meus pais? A minha vida vai acabar.

― Calma - Cami pediu, tentando pensar e evitar o caos, embora a situação a tenha pego de surpresa. Não era pior do que quando teve que mentir pra todo mundo que Lavínia ia dormir na casa dela quando, na verdade, ia passar a noite com o ex-namorado. Mas ao menos daquela vez nada de ruim aconteceu. Além, é claro, da úlcera nervosa que Cami ganhou de presente.

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