Não havia nada que Lavínia quisesse fazer mais do que partir a cara de alguém.
Não de uma pessoa aleatória, oh não. Mas do babaca que ousou ofendê-la sem nenhum propósito. É claro que ela aceitaria a cabeça de qualquer um para arrastar no asfalto naquele momento, mas era ele quem ela queria. Seria nele em quem ela estaria pensando durante todo o processo.
Ela precisou se segurar – na verdade, esse foi o trabalho de Cami – para não dar um soco no nariz dele e acabar com aquele sorrisinho debochado enquanto ele a humilhava na frente de todo o colégio. Faltou um tiquinho – precisamente, dois dedos de distância – para ela conseguir acertá-lo. Lavínia havia sido possuída pelo espírito da raiva e, se não fosse Cami segurando-a, ela não poderia responder por si mesma.
A questão é a seguinte: Lavínia não leva desaforo para casa. É doloroso ter que engolir as porcarias que são ditas por pessoas de, claramente, menos inteligência e caráter. Foi por isso que, já que ela não poderia despejar a sua raiva usando os músculos e as unhas, ela xingou-o de todos os nomes possíveis.
Foi nesse exato momento que o sinal tocou e o inspetor do andar térreo chegou para acalmar a situação.
― Eu não quero nem saber o que está acontecendo aqui. Vão todos para suas salas. Agora – disse ele de uma maneira muito enfática, apenas um decibel abaixo do que seria considerado um grito.
As pessoas ao redor começaram a se dissipar, cochichando sobre o ocorrido, mas principalmente sobre as fofocas que andavam espalhando a respeito de Lavínia. O filho da mãe do terceiro ano – seu nome era Wesley – e seus amigos deixaram a cena rindo, como se fossem os reis do universo e Lavínia o bobo da corte.
Ela soltou um rugido, ainda enfurecida, e finalmente conseguiu se livrar das mãos de Cami quando garantiu que não iria arrancar os olhos de ninguém. Camila parou em frente à amiga, pálida de nervosismo, sua expressão era uma mistura de terror e incredulidade.
― O que foi que acabou de acontecer? – Lavínia conseguiu dizer depois de respirar fundo e fazer seu sangue esfriar o suficiente para não atravessar o pátio e agarrar Wesley pelo cabelo.
Não, ela não tinha a mínima classe.
― Era sobre isso que eu queria conversar com você – Cami explicou, muito séria. – Esses rumores estão se espalhando como um vírus, eu cheguei na escola hoje e todo mundo só falava sobre você, o Paulo e Fabrício. Lavínia, isso...
― Não se atreva a me perguntar se é verdade – ela cortou a amiga, seu olhar azul se enchendo de fagulhas de novo.
― Eu sei que não é verdade, mas eu precisava confirmar.
― Bom, você não deveria precisar – ela foi afiada e passou pela amiga a passos duros, engolindo a irritação. Cami foi atrás e tocou o ombro dela, fazendo-a parar.
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Sobre(O)postos
Teen FictionDESGUSTAÇÃO! PARA COMPRAR O LIVRO ACESSE AQUI: http://duplosentidoeditorial.com/loja Lavínia Lemes até tentou, mas não consegue evitar a atração que sente pelo seu vizinho de baixo. E daí se ela só tem dezesseis anos e ele já está terminando a facu...