Às vezes Lavínia odiava a racionalidade da sua melhor amiga.
― É você quem está errada - foi o que Cami disse depois de ela contar o absurdo de conversa que teve com o Eduardo. Ele foi um verdadeiro... Um verdadeiro... Idiota.
Embora ainda muito gostoso.
Camila estava mordendo a borracha na extremidade do seu lápis azul da Cultura Inglesa, enquanto tentava resolver os problemas do exercício de matemática que o professor os mandou fazer. Para a sorte de Lavínia, ela era esse tipo de pessoa que conseguia fazer contas complexas e conversar ao mesmo tempo, embora suas respostas fossem tão pontuais quanto as das equações.
Seu cabelo gigantesco e tingido de laranja estava amarrado em uma trança frouxa naquele dia. Cami era alta, magra, tinha um rosto interessante e saía bem em todas as fotos. Usava um piercing no septo e se vestia como as garotas nas fotos do tumblr, mesmo sem ter exatamente essa pretensão. Ela era basicamente uma princesa hipster e irritantemente sensata. Do tipo que sabia exatamente o que fazer e o que não fazer e não sobrava espaço no seu cérebro evoluído para dramas adolescentes.
Cami era a pessoa mais chata que Lavínia conhecia e também a melhor.
As duas eram tão diferentes que chegava a ser absurdo, mas costumavam dizer que se completavam. É claro que Lavínia às vezes se sentia uma tampinha ao lado da criatura esbelta de 1,72 metros de altura que a amiga era. Lavínia tinha as pernas grossas e meio compactas, o que ela tinha certeza de que a fazia parecer ainda menor. Seus seios eram grandes, entretanto, e isso ela jogava na cara de Cami, a tábua reta.
Ela fez um coque nos cachos castanhos e prendeu com o seu lápis vermelho - também da Cultura Inglesa, presente de Cami - enquanto bufava para eliminar a frustração que era não ter o apoio incondicional da melhor amiga.
Ao menos Isabel podia ficar do lado dela.
A garota se virou para trás e o olhar de Isabel saltou do seu caderno para o rosto ansioso de Lavínia. Ela revirou os olhos, pois se conhecia bem a amiga, sabia que lá vinha alguma história.
― Eu estou tentando terminar o exercício. - ela já foi logo advertindo. - Prometi à minha mãe que esse ano não ficaria de recuperação.
Lavínia então explicou toda a situação para a amiga de pele castanha e cachos recentemente cheios de californianas. Aparentemente Lavínia era a única que ainda tinha o cabelo virgem em toda a escola. Mas pelo menos essa era a única virgindade que ainda restava para ela.
Para espanto de Lavínia, o que Isabel fez foi rir.
― Não entendi qual é a graça, ele ainda pode me ferrar!
― Amiga, ele só está brincando com você e pelo visto está conseguindo - Isabel pontuou ainda de bom-humor. Antes de voltar a fazer a tarefa de matemática, ela disse: - Vai ocupar sua cabeça com alguma coisa útil.
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Sobre(O)postos
Ficção AdolescenteDESGUSTAÇÃO! PARA COMPRAR O LIVRO ACESSE AQUI: http://duplosentidoeditorial.com/loja Lavínia Lemes até tentou, mas não consegue evitar a atração que sente pelo seu vizinho de baixo. E daí se ela só tem dezesseis anos e ele já está terminando a facu...