Que a injustiça seja feita

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Quando me dei conta de que a noite acabou para chegar outro dia, tomei a consciência rapidamente e pulei da cama. Sabia que minha tia não tinha horário marcado para chegar, mas pelo o que meu pai disse, provavelmente ela viria pela manhã. Com isso em mente, me arrumei o mais depressa possível, mas sem deixar um aspecto horrível em mim, claro. Se havia alguém que eu gostaria de impressionar na aparência era a minha tia, pois ela era uma verdadeira conhecedora da moda. Gostaria de ter as mesmas habilidades que ela em saber escolher exatamente qual roupa vestir e quais joias combinavam.

Portanto, tomei a liberdade de encomendar um vestido para a costureira ontem. Fazia todos os meus pedidos de roupas para ela, especificando todos os detalhes e acréscimos enquanto ela desenhava o modelo. Seu resultado final no trabalho sempre saia impecável.

Tomei um belo de um banho e parti para a parte de me arrumar. Dessa vez o vestido que escolhi foi um azul longo que se abria na cintura. Na saia possuía lindos babados, e na parte da blusa tinha as mangas finas caídas, como um tomara-que-caia. Meu pescoço era enfeitado com um colar de pérolas. Prendi meu cabelo em um coque que deixava uma mecha solta do lado de cada orelha e calcei uma sapatilha branca.

Tentei ir para a cozinha o mais devagar possível, mas meus pés teimavam em se moverem depressa.

Não vendo o meu pai na cozinha, tirei logo a conclusão de que ele devia estar a cumprimentar a nossa recém-chegada. Com isso em mente, fui até a entrada de casa e avistei o meu pai de costas a conversar com alguém que eu não conseguia ver, mas já adivinhava quem era.

- Tia Elaine! - Exclamei animada.

Vi uma moça se curvar para o lado e olhar para mim. Nela identifiquei o rosto de minha tia. Ela parou de conversar com o meu pai para vir correndo - Ou quase correndo. - me envolver em um apertado abraço. E eu, é claro, o correspondi com um enorme sorriso no rosto.

- Lucy, minha querida sobrinha! - Ouvir sua voz foi tão bom. - Estava morrendo de saudades. Maldita distância que temos de manter. Mas finalmente eu voltei para ver-te

- Também estava com muita saudade tua, tia - Nos desfizemos daquele abraço, mas eu ainda mantinha o bom humor completamente estampado no rosto.

Ela me observou de cabeça aos pés, cruzando os braços e esboçando um sorriso engraçado.

- Nossa, tu realmente amadureceste muito - Elaine apontou o dedo e o movimentou de cima a baixo para mim.

Coloquei uma mão próxima da boca, tanto pela vergonha como pela vontade de rir da expressão que meu pai fez ao ficar observando toda aquela "festinha maluca" de nós duas.

- Vou me retirar. E peço, por favor, para que sejam menos barulhentas e mais educadas - Meu pai saiu andando para dentro de casa.

Quando ele já estava fora de vista, eu e a minha tia trocamos olhares, soltando gargalhadas.

- Shh... - Elaine colocou o dedo indicador próximo de seus lábios, pedindo silêncio. - É melhor realmente fazermos menos alvoroço ou iremos ter de nos lidarmos com uma hora dos sermões de teu pai.

- Não deixa de ter razão. Mas, mudando de assunto, conte-me todas as tuas novidades. Quero saber também da sua viagem para o exterior, principalmente a viagem para o exterior!

- Irei contar tudo para ti em todos os detalhes, entretanto, planejei um passeio contigo agora. E então, aceitas o meu convite? - Perguntou, cruzando os braços.

Não é atoa que eu disse que essa era a minha tia favorita. Já na sua chegada a felicidade explode dentro de mim e eu não consigo deixar de evitar em mostra-la.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora