Arrependimento

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O agressor ficou surpreso ao ouvir aquele sobrenome, ao mesmo tempo em que recuou para trás. Se não se enganava, um homem muito poderoso chamava-se...

"Sim, Jude Heartifilia. Era a família daquele homem de coração bruto e frio." Pensou.

— Ei, é melhor que tu pares — Avisou um dos quatro homens de uniforme ao companheiro.

Em resposta, murmurou um "Cala boca, eu sei disso idiota".

Soltou os cabelos do rapaz que já se queixava de dor e olhou para as duas mulheres. Sentia-se enfurecido por ter que ser interrompido e obrigado a parar por causa delas. Fechou o punho e se obrigou a falar:

— Peço desculpas por machucar a tua sobrinha. Porém, espero que isso não se repita ou não terá piedade que a livre de uma boa punição.

Após falar isso, ordenou que continuassem a andar.

O menino de olhos negros fez força para se levantar, mesmo que exausto, faminto e machucado. Já tinha se conformado com sua vida que mal tinha importância naquela sociedade desigual, tinha perdido a esperança em meio a tanto sofrimento. Não seria salvo. Ninguém teria coragem o suficiente para tentar salvá-lo, ninguém nem mesmo se importava.

"Mas então, quais motivos que levam a essa garota da nobreza a fazer isso?" refletiu ao observar a loira pelo canto do olho. "Deve ser só mais uma ilusão...".

Entretanto, Lucy não pensava do mesmo jeito que o escravo. Ela acreditava que todos mereciam a liberdade, que ninguém deveria ser obrigado a viver nessas condições.

Sabia que nunca compreenderia a dor que essas pessoas sentem, e também sabia que ela era muito fraca para poder fazer algo por alguém. Mas, mesmo assim, queria ajudar. E deixar aquele garoto cheio de cicatrizes ir embora sem fazer nada a deixava angustiada e arrependida.

Completamente tomada com esses pensamentos, deixou que a tia a levasse para casa. Antes de saírem da carruagem, recuperou a compostura e pediu:

— Tia, por favor, não conte nada do ocorrido para o meu pai — Implorou.

Ficando em silêncio durante algum tempo, Elaine pensava profundamente sobre a proposta. Não contar nada para o responsável de Lucy era errado, ele tinha o direito de saber sobre tudo. Porém, recordou-se que o cunhado tinha formas extremamente rígidas de disciplinar.

— Tudo bem... Mas só dessa vez!

Lucy segurou a mão da tia com as duas mãos, sorrindo fraco e agradecendo.

[Lucy narrando]

Entramos em casa e percebemos que o meu pai não estava. O que foi incomum por ele não tinha dado nenhum aviso de que sairia durante a noite. De qualquer forma, fiquei feliz por não ter que ver ele, pois não teria que mentir sobre o que aconteceu hoje e por um sorriso no rosto para disfarçar.

Fui direto para o meu quarto, desejando antes boa noite para a minha tia e para todos os empregados com quem eu me lidava no caminho. Tirei o meu vestido, meu colar e o meu sapato, me sentindo com o corpo mais leve. Coloco um vestido branco cheio de babados que ia até os joelhos para dormir.

Jogo o corpo na capa e logo caio no sono. Estava muito cansada.

...

Já acordada, me dirijo para a sala de jantar e tomo o meu café da manhã junto de minha tia. Agradeci silenciosamente por minha tia não tentar se comunicar muito comigo, pois não estava muito animada para conversar. Claro que fui educada em ao menos cumprimenta-la e trocar algumas palavras.

Decidi que naquele dia eu queria sair novamente, ao menos para tentar mudar a direção do meu pensamento que só ia para a culpa que eu sentia em não ter salvado aquele rapaz de ontem.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora