A Voz de Um Desejo Incompreendido

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Desci as escadas segurando um castiçal que possuía três ramos, nos quais esses três possuíam velas acesas. Já estava agitada, e o susto que levei ao ver duas sombras só contribuiu para que um berro saísse de minha boca.

— P...Pai? — Gaguejei, vendo o meu pai a minha frente também com um castiçal na mão. — E...

Um sentimento de surpresa invadiu-me completamente ao reconhecer o rosto da outra pessoa presente. Estava aparentemente mais arrumado que da primeira vez que eu o vi, e a pouca luz me fazia enxergar com dificuldade, mas isso não foi o suficiente para me enganar.

Cabelos exóticos de uma coloração rosada, olhos mais negros que o mais escuro dos carvões, e aquela pele morena que agora estava totalmente limpa.

Era a mesma pessoa que tinha rondado nos meus pensamentos na maior parte do tempo naqueles dois últimos dias.

— Lucy — A voz do meu pai despertou os meus sentidos. — Vá para o teu quarto. Como vês, acabo de retornar de casa e estou exausto, pelo o que vejo também estás. Portanto, durma e pela manhã conversamos.

Fiquei parada durante alguns segundos, tentando desviar o meu olhar do rapaz cujo nome era desconhecido para mim. Tive que me lembrar da presença do meu pai e tentar processar as palavras que tinha acabado de ouvir dele para me retirar do local e voltar para o meu quarto quase aos tropeços.

Estava totalmente pasma e tomada por perguntas que eu teria que me segurar para fala-las somente amanhã. Fiquei encarando o teto acima de mim na escuridão do meu quarto, mudando de posição várias vezes até achar uma confortável, e então novamente dormir.

Na noite anterior, no local onde Jude Heartfilia se encontrava...

Após um bom tempo dentro de uma carruagem, finalmente Jude chegou ao seu destino, quase esgotado depois de tanta força psicológica que fez para manter a paciência.

Estava ele, acompanhado por outras carruagens que chegavam uma atrás da outra, em um enorme local. Aquele era um antigo teatro, que por infelicidade de alguns teve que fechar por não arrecadar dinheiro suficiente com os ingressos para prosseguir com as apresentações.

Era um local fechado, porém algumas poucas janelas permitiam a entrada do ar. Já dentro do antigo teatro na parte superior das laterais se viam vários corredores de outros andares. No total tinham-se três andares.

Mais para o térreo, que era onde os convidados se encontravam, havia várias fileiras de poltronas que serviam como assentos para todos ali presentes. As poltronas ficavam de frente para um grandioso palco que era escondido por uma cortina vermelha de tecido grosso.

No meio dessas poltronas, era deixado um curto espaço usado como corredor, por onde Jude andou até chegar ao assento escolhido. Optou por ficar numa das primeiras fileiras, perto do palco, onde a maioria se encontrava.

Não tinham um grande número de pessoas, mas também não estava totalmente vazio. Afinal, era permitida somente a entrada de pessoas com boa condição financeira, o que não era facilmente encontrado.

Quando as luzes começaram a se apagar, toda a conversa que ecoava pelo lugar se transformou em sussurros discretos. As cortinas se abriram e mostrou-se a primeira vista um palanque de discurso de madeira. Atrás desse palanque, estava um homem jovem alto de cabelos castanhos e olhos de mesma cor. Ele usava um traje social e em suas mãos estavam papeis, no qual ele passava os olhos várias vezes até começar a falar.

— Senhoras e senhores da nobreza, sejam bem-vindos ao Décimo Leilão de Fates! — Em sua voz, estava uma falsa empolgação. — Creio de discursos são desnecessários perante o vosso anseio. Se me permitem, irei adiantar-me e já iniciar a apresentação.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora