Cameron...

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O show da banda local está quase terminando e eu resolvi me esgueirar entre a multidão pra alcançar meu objetivo, um lugar na frente do palco, em frente ao microfone do Matt pra ser bem específica.
Até que foi fácil, ser pequena nessas horas ajuda um bocado.

Deus, o sol realmente está me castigando, se não fosse os shorts curtos e meu deliciosamente surrado par de Converse eu já teria sucumbido com certeza. Minha ansiedade é tanta que eu nem consigo ouvir o que a tal banda está tocando, estou na minha bolha particular tentando controlar os sentimentos aleatórios que estão me sobrecarregando, são muitas experiências novas ao mesmo tempo, a mudança, a tatuagem, meu primeiro festival, minha banda preferida. Vê-los ao vivo e o início das aulas depois do verão, Deus me ajude...

Do nada eu fui arrancada à força da minha bolha por um cara de cabelo roxo que sacudia meu ombro.

__ Hey docinho, você tá chapada?

Piscando os olhos sem parar eu olhei pra ele tentando me localizar.

__ Docinho, eu tô falando com você, vc tá doidona mesmo heim?!

Chapada, doidona, esse cara é maluco?

__ Desculpe, eu estava dis... distraída.

Ele me olhou de cima à baixo com uma expressão engraçada e disse

__ Docinho, você está fora do seu ambiente. Você sabe disso, não sabe?

Huh, quem ele pensa que é, só porque eu não tenho cabelo azul ou pink ele acha que pode falar assim comigo?

__ Não, eu não sei de nada disso e não acho isso tampouco.

Segurando o riso ele continuou.

__ Hey, não precisava ficar brava, vc é uma coisinha irritada hãn.

E ele riu, gargalhou na minha cara praticamente.

__ Ok, vamos começar de novo. Eu sou Cameron, desculpe eu não queria ser rude.

Hum, muito melhor, eu acho.

__ Oi Cameron, sou a Liz . Tudo bem por antes, é que eu estava realmente distraída e você praticamente me atacou.

Eu ri.

__ Certo, certo. Vamos fazer isso direito então, você é daqui? Acho que eu nunca te vi por aí.

__Eu sou de Ohaio, mas já estou aqui há alguns meses. Vou cursar administração na WSU no próximo semestre.

__ Hey, legal! Eu estudo lá, vai ser bom ter você por perto docinho.

Deus ele é irritante, de uma forma boa, porém, irritante.

__Você pode por favor não me chamar assim?

__Claro docinho, claro. Como quiser.

Ok, vai ser uma longa tarde...

Gritos, assobios e mais gritos me tiraram da minha"conversa"com Cameron. Eram eles, minha banda, meus ídolos, Matt...

Ele caminhou lentamente até o microfone no centro do palco, olhou o mar de gente e gritou

__ Hey Seattle!

A multidão foi ao delírio e meus joelhos viraram geleia.

__Como vão os sonhos de vocês?

Ele perguntou

__Porque isso aqui vai ser um pesadelo!

E com isso os acordes de NIGHTMARE, uma das minhas canções favoritas inundaram o ar ao nosso redor.

Nada poderia ter me preparado pra isso, vê-los à poucos metros acima de mim, sentir a vibração dos instrumentos e das pessoas ao meu redor foi mágico e caótico, excitante e desesperador.

Eu pulei, gritei, suei e me deliciei com cada segundo de duração do show e então, cedo demais, rápido demais, acabou. O sol já havia se posto e a noite chegou sem avisar, nem preciso dizer que não notei ela chegando.

Quando dei por mim eu estava praticamente sozinha, a multidão já tinha se movido pra outro palco onde outras bandas tocariam noite adentro. Eu estava em uma espécie de transe novamente. Eu faço muito isso...

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