Prefácio: O floco de neve

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Eu não sou um robô! Embora durante muito tempo da minha vida tenha agido como tal. Era como se as pessoas ao meu redor me programassem para as coisas que eu deveria fazer. E eu parecia bem fácil de ser programado.

Outro ponto extremamente importante, e que quero ressaltar, é que mesmo que muitos não dessem o devido valor a isso, como eu não era um robô, também possuía, assim como eles: pensamentos e sentimentos complexos.

Eu sempre pensei que eu fosse um zero à esquerda, mas naquele momento era pior, eu estava me sentindo um. Eu entendo muito bem de humilhações, então nunca tinha sido tão humilhado em toda minha vida. Se é que não seja uma falta de respeito com a vida, chamar minha vida de vida.

Em pensar que eu cheguei achar que tudo aquilo era verdade. Eu pensei que ia ser levado ao mais alto céu, mas fui atirado ao mais profundo abismo. Isso me causava ainda mais raiva. Fui apenas um fantoche usado para diversão de todos.

Deveria ter desconfiado que houvesse algo errado com tudo aquilo. Eu nunca fui de sair para festas, pois nunca era chamado para elas. E agora estava sendo convidado pela pessoa mais popular da universidade. Por qual eu era perdidamente apaixonado. Como eu pude ser tão ingênuo de acreditar nela?

Logo que ela me convidou, e eu aceitei mais rápido que alguém com dor de barriga procurando um banheiro, confesso que idiotamente cheguei a pensar que ela realmente tinha visto algo de especial em mim. E assim prometi para mim mesmo que seria o par ideal para ela naquela festa. Mas duraram poucos minutos esses pensamentos.

E então eu estava ali diante deles. Todos me apontavam e gargalhavam. Era o centro das atenções. Ridiculamente exposto. O cordeiro que foi levado para o abate.

Para o grande final, um papel foi colocado em meu peito. Nele estava escrito o apelido que todos iriam me chamar de agora em diante. O mais estranho é que achei legal o apelido, pois eu sou realmente estranho, e às vezes até eu acho estranho ser tão estranhamente estranho assim. Mas só achei legal o apelido, pois o que ocorreu ali naquela manhã foi abismal. Foi o floco de neve que faltava para começar a avalanche que tentaria me destruir.

Eu sempre sonhei em presenciar uma avalanche. Acho interessante a maneira como minúsculos flocos de neve podem se unir ao ponto de se transformar em algo tão destruidor e aterrorizante. Mas eu nunca sonhei em estar de frente a um, vendo-o se aproximar rapidamente de mim. Era assim que estava me sentindo.

Naquele momento eu queria ser um robô! Mas era e sou um pobre humano mortal, porém um pobre humano mortal que possui a capacidade de tomar decisões. E eu mais do que ninguém, acredito que uma decisão pode mudar tudo.

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E continue nessa jornada de abdução!

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