Capítulo 2 - A terceira pessoa depois de ninguém

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— Espera, espera — Gritei. Mais um dia correndo para pegar o ônibus. Ao entrar e sentar, comecei a tentar retomar minha respiração normal.

— Droga de vida!

Cheguei à universidade havia um alvoroço no corredor.

— É a festa do ano! Escolha seu par e sua fantasia! – Ouvi alguém gritando.

— Idiotice — Pensei. Mas a realidade era bem diferente. Eu não pensava exatamente assim. Com toda certeza eu queria ir naquela festa, mas nunca se senti parte daquilo.

— Nico, você vai à festa? — Escutei uma voz conhecida.

— Não Nyla. Nunca fui e nunca irei — Respondi.

— Por que não?

— Por que é decarrívil!

— O quê?

— Decadente e horrível — Expliquei.

— Certo — Falou ela fazendo o não com a cabeça. Nyla tem 19 anos, e é a minha melhor amiga. Sempre estamos juntos. Conversando, brigando, filosofando, sonhando. Ela me prometeu que aquela amizade duraria para sempre. Nyla era meio que apaixonada por mim. Meio é só maneira de eu não dizer completamente. Mas para mim era só amizade.

Entramos na sala, e logo me deparei com Sophia. Ah, Sophia! Ela me olhou diferente naquela manhã. Digo isto pelo fato de que ela sempre costumava me olhar com desprezo. O que me fez comprovar a tese: pior do que a ausência é a desejada presença que finge que você não existe.

Eu nutria um amor platônico por Sophia desde o segundo semestre. Ela era a menina mais desejada da universidade, tanto por sua beleza, quanto por sua conta bancária. Fazia as melhores viagens, e tinha tudo que queria. Esnobava totalmente quem ela achava inferior. E eu estava incluído nesse grupo não tão seleto.

Para completar aquela estranha cena. Ela sorriu para mim. Retribuí aquele lindo sorriso. E fui para o meu lugar.

Mais uma vez não haveria aula no segundo horário. E mais uma vez, Deryk, o menino do guarda-chuva preto, chegou abrindo a porta repentinamente.

— Estranho na área! — Exclamou Sophia. Fazendo surgir várias risadas na sala.

Deryk parecia não ter se importado com aquilo. Seguiu pela sala, e sentou na cadeira que se encontrava do meu lado esquerdo.

— Bom dia Visal! — Falou ele, batendo com a ponta do guarda-chuva na minha perna.

— Bom dia — Respondi timidamente.

A aula de Gestão Financeira e Orçamentária começou. Enquanto a aula rolava, os meus pensamentos estavam fervilhando, e não me davam descanso. Ainda mais depois daquele sorriso.

Observei Sophia trocando bilhetinhos com as suas amigas, até que sem querer deixou um deles escapar, e o mesmo caiu no chão, bem perto de mim. Estava tão próximo, que eu consegui ler o que estava escrito:

Reparando direitinho, o Nicolas é muito bonito!

Ao ler o bilhete, sorri. Meu coração bateu mais forte. Estava muito feliz, mas muito feliz. Queria dar pulos de alegria.

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