— Espera, espera — Gritei. Mais um dia correndo para pegar o ônibus. Ao entrar e sentar, comecei a tentar retomar minha respiração normal.
— Droga de vida!
Cheguei à universidade havia um alvoroço no corredor.
— É a festa do ano! Escolha seu par e sua fantasia! – Ouvi alguém gritando.
— Idiotice — Pensei. Mas a realidade era bem diferente. Eu não pensava exatamente assim. Com toda certeza eu queria ir naquela festa, mas nunca se senti parte daquilo.
— Nico, você vai à festa? — Escutei uma voz conhecida.
— Não Nyla. Nunca fui e nunca irei — Respondi.
— Por que não?
— Por que é decarrívil!
— O quê?
— Decadente e horrível — Expliquei.
— Certo — Falou ela fazendo o não com a cabeça. Nyla tem 19 anos, e é a minha melhor amiga. Sempre estamos juntos. Conversando, brigando, filosofando, sonhando. Ela me prometeu que aquela amizade duraria para sempre. Nyla era meio que apaixonada por mim. Meio é só maneira de eu não dizer completamente. Mas para mim era só amizade.
Entramos na sala, e logo me deparei com Sophia. Ah, Sophia! Ela me olhou diferente naquela manhã. Digo isto pelo fato de que ela sempre costumava me olhar com desprezo. O que me fez comprovar a tese: pior do que a ausência é a desejada presença que finge que você não existe.
Eu nutria um amor platônico por Sophia desde o segundo semestre. Ela era a menina mais desejada da universidade, tanto por sua beleza, quanto por sua conta bancária. Fazia as melhores viagens, e tinha tudo que queria. Esnobava totalmente quem ela achava inferior. E eu estava incluído nesse grupo não tão seleto.
Para completar aquela estranha cena. Ela sorriu para mim. Retribuí aquele lindo sorriso. E fui para o meu lugar.
Mais uma vez não haveria aula no segundo horário. E mais uma vez, Deryk, o menino do guarda-chuva preto, chegou abrindo a porta repentinamente.
— Estranho na área! — Exclamou Sophia. Fazendo surgir várias risadas na sala.
Deryk parecia não ter se importado com aquilo. Seguiu pela sala, e sentou na cadeira que se encontrava do meu lado esquerdo.
— Bom dia Visal! — Falou ele, batendo com a ponta do guarda-chuva na minha perna.
— Bom dia — Respondi timidamente.
A aula de Gestão Financeira e Orçamentária começou. Enquanto a aula rolava, os meus pensamentos estavam fervilhando, e não me davam descanso. Ainda mais depois daquele sorriso.
Observei Sophia trocando bilhetinhos com as suas amigas, até que sem querer deixou um deles escapar, e o mesmo caiu no chão, bem perto de mim. Estava tão próximo, que eu consegui ler o que estava escrito:
Reparando direitinho, o Nicolas é muito bonito!
Ao ler o bilhete, sorri. Meu coração bateu mais forte. Estava muito feliz, mas muito feliz. Queria dar pulos de alegria.
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Abduzido
Science FictionNicolas Visal é um desenturmado e irônico estudante de Administração da Universidade Federal de Onurb. Sempre levou uma vida metódica e normal, até que surgem alguns acontecimentos para movimentá-la. Primeiro algo que o colocará para baixo, e lhe da...