Capítulo 5 - Lar doce lar

30 11 1
                                    

— Vamos lá Visal! Claro que você consegue!

— Não sei se conseguirei, mas irei tentar — Respondi.

Depois de alguns minutos tentando, tentando e tentando aquela bendita manobra, eu fui me desesperando cada vez mais. Até que uma hora resolvi respirar fundo e me concentrar.

— Calma Visal! Calma — Disse a mim mesmo.

Mais uma tentativa e então consegui. Desci devagar a estrutura sumiu, e o guarda-chuva foguete era só um guarda-chuva preto normal de novo. Deryk aplaudiu e exclamou:

— Lar doce lar!

— Lar doce lar — Exclamei também.

Descemos em uma grande área, onde outras pessoas estavam chegando e saindo a todo o momento com seus guarda-chuvas pretos. Deryk me explicou que aquilo era o que eu chamava de aeroporto na Terra. Eu dei um largo sorriso e falei:

— É bem mais emocionante!

Enquanto caminhávamos, eu revelei a Deryk que tive realmente muito medo quando não estava conseguindo realizar a manobra para aterrissagem. Falei que via o chão de marte, mas que a imensidão do universo, me deixou meio que paralisado.

Com um sorriso no rosto, Deryk explicou que podia ter me ajudado, mas que preferiu não fazer isso, pois também já havia passado por aquela mesma situação em sua primeira aterrisagem. Continuou dizendo que o medo é uma sensação péssima, e que fica maior por conta da visão do universo infinito. Mas nada é maior do que a sensação de vencer o medo ao conseguir aterrissar. Eu concordei plenamente.

Saindo do aeroporto interplanetário de Marte, como brincou com Deryk, um mundo novo apareceu. Casas redondas de todos os tamanhos, grandes telas em grandes edifícios, alguns carros voadores, e várias pequenas pranchas, como skates, flutuavam de um lado para outro freneticamente, com ou sem pessoas em cima deles.

— Essa é uma Pralo! Prancha de locomoção, veículo mais utilizado por aqui — Falou Deryk subindo em uma delas.

— Que loucura — Disse eufórico.

— Vamos Visal! Suba em uma!

Eu mais uma vez estava com medo. Subir em uma prancha de locomoção em movimento não era minha praia. Deryk percebendo o meu medo, não hesitou em me ajudar dessa vez.

— Quando uma passar em sua frente, fale pralo, e depois fale novato — Explicou ele.

— Pralo — Falei. Fazendo com que uma delas parasse em sua frente.

— Novato — Exclamei. Duas amarras cobriram os meus pés. Então me senti um pouco mais seguro.

Deryk explicou que as pralos eram capazes de levar qualquer um, a qualquer lugar habitável de Marte, e que chegava rapidamente, pois a área habitável não era muito grande. Revelou que se podia escolher entre fazer o serviço pesado, manobrar, ou dizer o endereço para pralo, e deixá-la no piloto automático.

— Destino 73, número 19 — Disse ele. A pralo acendeu uma luz verde, e Deryk pediu para que eu repetisse o que ele disse, pois aquele era o endereço de meu avô. Eu repeti o endereço, minha pralo também acendeu uma luz verde, e então fomos guiados até o destino solicitado.

Em menos de 15 minutos, já estávamos no Destino 73, número 19. Eu havia passado o caminho todo calado, apreensivo pelo reencontro com meu avô. Pensava tanto no reencontro, que mal observei as novas coisas que passava diante dos seus olhos.

AbduzidoOnde histórias criam vida. Descubra agora