Memórias Apagadas

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* Conto I - Victor

Entrar em um coma após um trauma é extremamente confuso, não se sabe o que se vê, o que se sente, como se sente, o que o rodeia realmente, se aquilo é uma série de acontecimentos aleatórios ou se tudo tem uma lógica e propósito específico, mas o mais estranho é que quando você desperta, simplesmente não se lembra de nada.

Tudo estava escuro.

Frio, grudento e escuro.

Ao mexer suas mãos por todos os lados encontrou algo pequeno e com um botão, apertou-o e tudo acendeu. Um local onde a escuridão reinava, mas que se encontrava intensamente iluminado naquele ponto específico em que Victor estava.

Ao fundo havia uma cadeira de balanço velha que rangia com o bater do vento, um vento que não sabia ao certo de onde vinha nem como se formava naquela escuridão intensa, mas ele existia e estava ali balançando aquela cadeira de diversas maneiras. Lembrou-se de algo, já a havia visto em algum lugar. Sua avó.

- Vovó – olhou por todos os lados e não percebeu movimentação alguma – A senhora está aí?

Fez-se um intenso silêncio e a cadeira parou de se movimentar num ímpeto.

- Victor? – Uma voz, que mais parecia um eco vindo de algum lugar distante, chamou por seu nome.

Olhou para todos os lados, mas nada além de escuridão havia no local. A cadeira havia sumido. Uma sombra saia aos poucos da escuridão ao longe.

- Giullia?

- Não há tempo, eu preciso de você.

- Mas... Você nunca me notou – Gaguejou e se recompôs – Sempre estive aqui esperando chegar a minha vez e você nunca se quer percebeu o que sinto por você

- Sei que não sou a melhor amiga de todas, assim como também reconheço que nossa amizade mudou muito depois daquele verão, mas o que você deve entender é que eu simplesmente me sinto confusa em relação a tudo mesmo antes de... Mesmo antes de...

- Descobrir quem você realmente é – Completou convicto

- Exato – Afirmou olhando para baixo um pouco avermelhada – Victor, apenas volte, eu preciso de você, sempre precisei.

- Eu...

Não pode completar sua frase, ela havia desaparecido, assim como o pequeno objeto que provia a luz naquele local, tudo estava sendo sugado por um buraco negro, tudo estava se tornando nada e o nada começara a se tornar tudo e fazer todo o sentido, ele estava acordando, despertando de um sono intenso e desesperador, ela o havia feito voltar a realidade, a verdadeira realidade e não aquela ao qual havia sido obrigado a se acostumar. Um clarão veio surgindo.

- Giullia! – Abriu os olhos gritando seu nome


Sombras Da Noite - Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora