Problemas

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E pela milésima vez eu consegui fugir do orfanato! Eu sei que isso é errado, mas e daí? Não sei como vou conseguir suportar mais 5 anos naquele lugar quando finalmente eu completar 21 anos.

Bem, até lá podem ter certeza que eu vou fugir sempre que conseguir!


Deixe-me contar minha história: Segundo registros do orfanato, meu nome é Victoria Ann Reed, tenho os cabelos loiros compridos, olhos azuis, 1.70m e... Bem, não tenho muita coisa interessante pra falar sobre mim. Cresci no Orfanato Arco íris, onde cheguei quando ainda era um bebê de 3 meses. Não sei bem sobre minha origem, só sei que o nome do meu pai é Roger Reed. Nunca o vi, mas é o nome que está no meu registro. E eu realmente não sinto vontade nenhuma de conhecê-lo, já que ele me abandonou.

Ah, encontrei uma coisa interessante pra dizer sobre mim! Eu sou bastante conhecida por alguns policiais da cidade, isso porque me chamam de garota problema. Eu vivo me metendo em confusão e os policiais me adoram. Posso até dizer que somos amigos íntimos!

Olha, eu até gosto de morar no orfanato, até porque é a minha casa. Tenho minhas amigas, a Mel, a Julia, a Teresa e a Lara, que cuidam de nós o tempo todo. Mas as atividades do orfanato não são nada divertidas! Cinema e parque o tempo todo é chato e entediante e eu sempre fujo. Ok, eles sempre me acham de volta, mas eu me divirto muito fazendo isso.


Mais uma vez, estou longe de "casa" e até darem falta de mim, estarei mais longe ainda.

Entrei no supermercado e comecei a andar entre as prateleiras. Cheguei na seção dos chocolates e olhei para os lados. Um casal passou por mim e eu fingi olhar as barras. Quando eles viraram a fileira, eu peguei uma das barras e abri, tirei um pedaço e comi. Olhei para os lados de novo, peguei outra barra e enfiei dentro da calça. Comi mais um pedaço e joguei o resto no meio dos outros produtos. Continuei andando até chegar à seção das bolachas e fiz a mesma coisa.

- Precisa de ajuda moça? - um funcionário apareceu de repente e eu me assustei. Joguei o pacote na prateleira e as bolachas caíram todas no chão. - Vai ter que pagar por isso! - ele começou a andar em minha direção e eu recuei alguns passos também.


Saí correndo feito louca pelo supermercado, enquanto o homem corria atrás de mim. - PEGUEM ESSA LADRA! - ele gritou.

- Puta merda!

Quando virei outra fileira, outro funcionário me fechou, e eu quase caí escorregando pelo chão. Quando me virei para o outro lado, mais um.

- Fala sério, me ferrei de novo!

Ok, outra coisa sobre mim: eu sou muito esperta. Como o cara da frente é magro e desajeitado, talvez eu dê conta dele. Corri na sua direção e quando ele veio pra me pegar, desviei de todas as suas tentativas. O empurrei em cima da prateleira e corri como se não houvesse amanhã, morrendo de rir, é claro!


Quando estava prestes a chegar na porta de saída, o segurança e outro funcionário me esperavam.

- Ok, já chega! - o segurança me pegou pelo braço.

- ME SOLTA!

- Tem alguém esperando você menina. - ele me levou para fora e vi dois policiais bem conhecidos por mim.

- Você de novo Victoria? Por que não estou surpreso? - ele falou sério.

- Oi policial Morris, bom te ver de novo. - Eu tentei rir, mas ele pareceu não gostar.

- Nós assumimos daqui. - Morris me pegou pelo braço.

- Deem um jeito nessa garota! Tá dando muito trabalho. - um dos funcionários disse e eu pus língua pra ele.

- Você não cansa de aprontar? - Jones, meu segundo policial favorito disse.

- Sabe que eu gosto de aventuras! - falei rindo.

- Vamos levá-la logo para o orfanato. - Morris disse.

- Ah não! O orfanato não gente! - falei dengosa enquanto Jones me fazia entrar no banco de trás.

- Se reclamar vamos levar pra delegacia! - Morris falou. - Tem sorte de já termos sido acionados pelo orfanato. - rolei os olhos. - Você ainda vai matar a diretora de preocupação.

Quando finamente chegamos ao orfanato, todas as meninas estavam ao lado da diretora, que não tinha uma cara nada boa. As meninas me lançaram risos e eu fiz minha pior cara.

- Está entregue senhora Levi. - Jones disse.

- Obrigada policiais, vocês são sempre muito gentis. - Ela me pegou pelo braço.

- Vê se comporta! - Morris riu. - Tchau garotas. - elas acenaram para ele.

- Tenham uma boa tarde. - cumprimentou Jones.

- Minha sala, agora! - a diretora me olhou furiosa e saiu pisando duro. Ela vai me matar! Entrei na sala e me joguei na cadeira. - O que eu vou fazer com você, Victoria?

- Pode me deixar sair desse lugar, é bem simples. - dei de ombros.

- E pra onde acha que vai? Tem algum lugar melhor pra ficar? - eu fiz bico e neguei com a cabeça. - Espere mais cinco anos que você vai poder sair. Mas até lá, é aqui que você vai ficar, goste ou não. Sente-se direito! - me ajeitei na cadeira. - Eu realmente não entendo você, Victoria.

- Nem eu me entendo, sabia? - eu ri.

- Não se faça de engraçadinha. Eu já estou com vergonha de toda vez que você foge eu tenho que acionar a polícia. - ela falou séria.

- É só deixar eu voltar sozinha. Eu sempre volto. - dei de ombros.

- Pra você voltar na madrugada, como fez a primeira vez? Você não vê perigo nas coisas Victoria, é muito impulsiva! - respirei fundo.

- Eu sei. - falei baixo.

- Por que você faz isso? Não gosta de viver aqui? - eu encolhi os ombros.

- Eu gosto. Mas é que, as vezes aqui é muito chato! E nós temos que dormir cedo demais. Fico inquieta e preciso me movimentar. Você me entende, não é? São os hormônios! - ela balançou a cabeça, mas sorriu.

- Você sempre tem uma resposta pra dar. Estou vendo uma nova programação com o juizado para o próximo semestre.

- Ai, graças a Deus! Vida nova! - eu levantei as mãos para os céus.

- Não se empolgue muito. Preciso da autorização dos nossos colaboradores.

- Esportes, por favor, diretora! - falei animada.

- Veremos. Agora pode ir. - me levantei. - Direto para o quarto, Victoria! - disse antes de eu bater a porta.

Saí andando pelo corredor cantando uma música mentalmente. Quando cheguei ao pátio, algumas meninas jogavam Uno, eu apenas ignorei a existência delas e segui minha vida.

- Olha só gente, a encrenqueira tá solta. - Ludmilla disse e eu rolei os olhos. - Qual sua próxima ideia brilhante, gênia? - eu tentei seguir meu caminho, mas não me contive, dei meia volta e parei perto da mesa.

- Minha próxima ideia é enfiar sua cabeça na privada se não parar de mexer comigo garota. - bati as mãos na mesa.

- Da licença queridinha, tá atrapalhando nosso jogo. - ela empurrou minhas mãos.

- Eu não tenho medo de castigos ok? Se encher meu saco de novo, você vai ver o que vou fazer com você!

- Não tenho medo de você garota, se enxerga! - eu ri.

- Deveria ter Lud. Na próxima eu corto mais do que seu cabelo. - ela automaticamente passou a mão no cabelo.

- Para com isso! Ninguém de nós gosta de você! - Lauren falou.

- Oh que pena! O sentimento é recíproco ok? - sorri cínica.

- Vicky, Vem! Deixa essas nojentas aí. - Mia me chamou. Ri maldosa e empurrei a mesa que elas jogavam no chão.

- Bom jogo meninas! - dei uma risada alta.

-VICTORIAAAAA! - ouvi o grito de Ludmilla e saí correndo junto com Mia.

Ludmilla e companhia sempre implicaram comigo desde que chegaram. Eu sou uma das meninas que cresceram no orfanato e elas sempre jogam na minha cara que eu fui deixada porque meus pais não me quiseram. Isso me machuca até hoje! Ela chegou mais velha porque seus pais morreram e ela não tinha mais família que quisesse ficar com ela, e eu não sei o que é pior!

Milena e Gabriela são as minhas amigas aqui dentro e minhas colegas de quarto. São as únicas que eu suporto nesse lugar e eu gostaria muito que elas fossem adotadas algum dia. Quanto à mim, ninguém vai me querer, porque eu sou um problema em pessoa!

- Você é doida! - Mia disse quando entramos no quarto e fechamos a porta.

- Você sabe como eu sou! - me joguei na cama.

- E aí, o que você fez hoje? - Mia perguntou rindo.

- Comi várias bolachas e chocolates, de graça.

- Roubando de novo, Vicky! Que feio! - rolei os olhos.

- Devia vir comigo um dia desses. - falei animada.

- Não quero ter problemas com a diretora.

- Você é muito medrosa, Milena. Tem que se arriscar mais!

- Eu bem que queria ser igual a você, mas não consigo!

- Geeente o que aconteceu lá fora? - entrou no quarto morrendo de rir.

- Eu joguei a mesa que as meninas jogavam no chão. - falei rindo.

- Ah claro, tinha que ser. - ela riu. - Ah gente, a Ester e o Robert são ótimos! Estou cada vez mais apaixonada pelos dois. - Gaby está em processo de adoção, e Ester e Robert podem ser seus futuros pais.

- Ah fico feliz por você, Gaby! Vai dar tudo certo! - Mia a abraçou.

- E então? Conta pra gente como foi o passeio de vocês. - falei animada pulando pra sua cama.


Problem Girl (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora