SETE

225 15 0
                                    


— Droga! Eu não suporto mais. É tão frustrante! Eu realmente não sei quanto tempo ainda consigo continuar assim. Talvez eu morra hoje. Então não vou ter mais que me preocupar com isso — reclamou Cannon.

— Nossa! Que coisa mais mórbida para se dizer! — contestou Jonathan.

— Bem, é como me sinto. Estou farto da minha vida. Estou quase desistindo.

— Desistindo de viver ou de tentar alterar o contrato?

— Desistindo de tudo.

Cannon! Will, ele está falando sério? — sussurrei.

É só observar e esperar, Ashley.

— Então o que eu devo fazer? Internar você numa clínica psiquiátrica depois do show e dizer que está com impulsos suicidas? — Jonathan fez uma careta.

— Não, não estou falando sério. Você sabe que eu nunca iria tentar me matar.

É melhor que ele não esteja mesmo falando sério — murmurei.

— Espero que não. Seus advogados não estão desistindo, então você também não deveria desistir. 177

— Claro, eles não vão desistir enquanto eu não parar de pagá-los. — Cannon pôs as mãos na cabeça e recostou-se no sofá. — Maldita altitude! Fico com dor de cabeça o tempo todo.

— Isso é Denver, a cidade nas alturas. Basta beber muita água.

A altitude me deixa doente, também.

— É, eu sei.

— A limusine está aqui. Vamos.

No caminho para o local do show, Cannon fez uma entrevista ao vivo por celular com uma estação de rádio e, após a passagem do som, Cannon e os outros membros do Sendher participaram de um encontro com dez fãs.

Eu sempre quis fazer isso.

Will flutuou para mais perto de mim.

O quê?

Participar de um encontro desses com uma banda.

Para as meninas de bochechas coradas, cujos corações martelavam no peito como se participassem de uma maratona, Cannon era como um deus. Embora elas estivessem na fila para receber autógrafos de Carl, Dan e Jeff também, sorrindo e posando para fotos, era óbvio que estavam realmente lá para ver o meu protegido. Essas meninas praticamente surtavam quando estavam na frente de Cannon e, quando ele saiu, correram para a porta, surtando novamente quando o viram se afastar pelo saguão.

Cannon tinha uma coisa que muita gente não tem, algo mais do que sua aparência excepcional. É difícil explicar, eu sei, mas a sua presença numa sala realmente mudava toda a atmosfera. Ele exalava um tipo especial de carisma e encanto que fazia todos 178

quererem ficar perto dele e fazer qualquer coisa para chamar sua atenção e conseguir sua aprovação. Isso, combinado com seus olhos verdes sensuais, que olhavam para você através dos fios de cabelo castanho e um meio sorriso que revelava dentes brancos e perfeitos... Ah, isso me deixava caidinha também.

Mesmo que eu não pudesse ler a alma dele, pelo menos ainda não, ao contrário de Margie e Will, anjos da guarda de verdade, eu ainda podia fazer suposições, julgar, e, às vezes, como agora, quando Cannon estava sentado na limusine ouvindo música com um fone de ouvido, ou quando estava deitado na cama pensando na vida e tentando dormir, eu tentava adivinhar por que ele às vezes se comportava como um idiota arrogante.

Anjo AmadorOnde histórias criam vida. Descubra agora