DEZ

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— Então, o que acham? — Cannon estava em pé ao lado de um grande cartaz apoiado num cavalete.

Bem, só sei que "eu" gosto.

Carl pôs as mãos nos quadris e balançou a cabeça:

— É isso aí, na mosca.

— Não poderia ser melhor. E você sugeriu um nome e tanto, Cannon. — Marcus sorriu orgulhosamente.

— Ei, não me dê todo o crédito. Só pensei na parte do "Angel". Foi ideia sua acrescentar o "her".

— É, Angelher, adorei. — Neil se aproximou do cartaz e espanou um fiapo grudado no canto. A letra do nome da banda era curvilínea, mas masculina. A palavra "anjo" estava escrita em branco com contorno em preto, e a palavra "her" estava escrita em preto e delineada em branco. Sob o nome "Angelher" havia um par de asas, asas de anjo. A asa sob a palavra "Angel" era preta, e a que estava sob a palavra "her" era branca, dando ao desenho todo um efeito yin e yang, os opostos complementares, fazendo-me pensar também nas pessoas e em seus A.G.s.

Eu adorei, de fato, e Will adorou também. A primeira vez que ele viu o desenho, disse que era "agradavelmente apropriado". E de fato era "agradavelmente apropriado", visto que Angelher era a combinação de duas bandas: Cannon, Carl e Jeff do Sendher e Marcus e Neil, membros da banda secreta de Cannon, que nem 291

tinha ganho um nome ainda. Unir as bandas foi a solução perfeita. Era uma banda grande, mas não tão grande quanto teria sido se Dan não tivesse desistido, mas eles coletivamente achavam que ia ser um sucesso. Marcus substituiu Dan na bateria e Jeff, que costumava alternar entre o baixo e o saxofone, tornou-se exclusivamente saxista, enquanto Neil se juntou à banda para ser o baixista.

"Angelher", eu não podia deixar de pensar que eu tinha algo a ver com a parte do nome da banda que Cannon tinha sugerido. Eu era seu anjo, afinal de contas.

-- Ok, preparem-se. Vou mostrar agora o esboço da capa do álbum. — Neil não era apenas músico, mas também artista. O novo contrato do Angelher com a mesma gravadora permitia que a banda criasse a capa do novo álbum.

Na primeira reunião da banda, Cannon sugeriu que fizessem algo inspirado na capa do lendário disco dos Beatles, SergentPepper, uma foto da banda na parte inferior, com uma colagem de números e imagens aleatórias de vários tamanhos mais acima. Todo mundo adorou a ideia, pois todos os membros poderiam contribuir com a colagem.

Neil mostrou outro cartaz que estava por baixo do primeiro e ajustou-o na parte da frente do cavalete.

— Tchan-tchan!

— Incrível! Mas está faltando uma coisa... — Cannon puxou a carteira do bolso de trás da calça. Dobrada como uma cédula, havia um pequeno pedaço de papel com um desenho. Carl tentou ver o que era por cima do ombro de Cannon.

— O que é,Cann? 292

— Bem, estou com essa imagem na cabeça há muito tempo e, ontem à noite, por alguma razão, a imagem ficou mais nítida do que de costume, então saí da cama às duas da manhã e desenhei. — Cannon abriu e alisou o papel sobre o esboço da capa do álbum e segurou-a com dois dedos, acima da sua cabeça na foto.

Era um anjo, mas não qualquer anjo; era eu. Cannon, então era isso que você estava fazendo! Que honra, que homenagem; eu estava atordoada.

— Ela é linda, quem é?

— É ela: Angelher. 293

Vinte e cinco

Eu sei que a maioria das pessoas adoraria poder me ouvir dizer que tudo acabou bem depois disso. Que essa nova banda de Cannon foi um sucesso total, que ele fez terapia e obteve a ajuda de que precisava, que Jonathan continuou a ser seu empresário, que a relação entre Jonathan e ele deixou de ser como era devido ao egoísmo de Cannon, e que Cannon continuou sendo o "novo Cannon".

Anjo AmadorOnde histórias criam vida. Descubra agora