Lissa pov.
A vida não se torna injusta após uma agressão, temos caminhos e planos. E é claro temos escolhas, um passo em falso e poderemos cair em um buraco tão profundo, ou como uma fênix, renascer das cinzas. Lissa estava presa em um passado tão distante de mim, não havia mais motivos para trazê-la de volta. Agora, correndo embaixo de uma chuva forte eu podia ver claramente minha raiva, assumindo uma forma quase tão obscura quanto eu estava naquele momento. Alguns estudantes passavam ao meu lado e cochichavam entre si, outros baixavam os olhos para o chão.
Mas naquele momento nada importava, apenas a vingança. O amargo em minha boca começava a se formar a medida o que meu coração batia mais forte, revirando meu estômago. Parei bruscamente e apoiei as minhas mãos nos joelhos, a imagem formada na poça d'água que sumia com os pingos da chuva.
-- Oi gracinha. - me levantei e olhei para o rapaz rindo junto de mais três homens. -- Precisa de ajuda?
Torci o nariz e comecei a correr, entrei no dormitório admirando o silêncio que estava ali. Raramente as pessoas ficavam quietas naquele inferno. Clara não estava no quarto, o que de certa forma era maravilhoso, não queria ter que explicar nada mais sobre o ocorrido da semana passada.
-- O jogo vai começar, Wolverine. - sussurrei. -- O jogo vai começar.
Tomei um banho apressado e troquei aquelas roupas, peguei minha mochila e sai. Fechei o zíper da jaqueta enquanto descia as escadas rapidamente, não podia perder tempo. Naquele momento meus olhos apenas brilhavam de satisfação, havia hematomas pelo meu corpo ainda. Aos poucos eles sumiam, mas as marcas ainda estariam lá. Visivelmente ou não.Parei na frente da fraternidade e sorri. Um grupo de idiotas faziam algum tipo de jogo com duas calouras, caminhei pela entrada e parei na frente dos dois rapazes. Um deles era moreno, muito bonito por sinal, estava um pouco ocupado tentando descobrir qual garota era melhor companheira de cama. Mas mesmo assim seus olhos me avaliaram e um sorriso surgiu.
-- Oi bonitinha. - correu os olhos pelo meu corpo e voltou a me olhar nos olhos. -- Em que posso ajudar?-- Preciso falar com o Breno. - ele sorriu e se aproximou.
-- Breno sempre tem as melhores garotas, se ele não der conta me procure. - abriu passagem.
Entrei na casa e olhei para a multidão de garotas em torno de uma mesa. Parecia ser um jogo de poker, Breno estava entre eles, com uma mulata ao seu lado, que trajava apenas um sutiã de renda vermelho e uma saia rodada branca. Joguei minha mochila sob a mesa, atraindo os olhares de todos ali. Breno se levantou e se afastou da morena.
-- O que veio fazer aqui?- perguntou alto enquanto ri, uma brecha de medo ameaçou em mim. Mas a raiva tomou a frente e eu me aproximei fitando seus olhos, não deixando passar um erro sequer.
-- Acho melhor você vir comigo. - ele riu. -- Ou todos, incluindo a polícia. Vai saber da sua aventura.
Sua expressão séria vacilou, ele saiu caminhando na frente e entrou em uma sala que parecia ser mais um escritório. Olhei para todos ali antes de me virar e seguir ele, entrei na sala e fui jogada contra a porta.
-- O que você veio fazer aqui?
-- Tenho planos para você. - empurrei suas mãos.-- Preciso que me faça alguns...serviços.
-- O que pensa que eu sou?
-- Acorde Breno!- gritei. -- A fita que você colocou em minha boca tem suas digitais...eu odiaria que ela fosse parar nas mãos erradas.
-- Está blefando.- riu sem humor.
-- Experimenta pra ver, e passará no mínimo trinta anos na prisão. Imagine só o que seu pai vai pensar de você.- foi a minha vez de rir. Aproximei meu rosto do seu, deixando que aqueles centímetros fossem sumindo aos poucos. -- Você sabe que eu sou uma stripper, mas garanto que todo o campus ficará mais chocado em saber que o filho de um renomado ministro do governo, não passa de um estuprador.
Logo ele se afastou e passou as mãos pelos cabelos, sua expressão estava amedrontada. Como eu estive um dia, joguei a mochila em seu peito e sorri.
-- Melhor atender o celular ao primeiro toque.- avisei observando sua cara de pânico quando abriu a mochila. -- Te ligo quando chegar a hora.
Sai da sala caminhando com passos largos em direção a saída, meu coração parecia que iria sair pela boca. Mas a sensação de amargo desaparecia aos poucos da minha boca. O gosto que se formava era bem mais doce, era como uma droga injetada em minha veia. Cam não podia saber de nada, e com certeza ele não saberia
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Stripper
Fanfiction-Já pensou em procurar outro emprego?- o que ele queria ? Que eu agradecesse seu descuido, as informações que espalhou da minha vida. -Já sim, mas as lojas tem preconceitos com o bairro onde vivo. - Não tinha outra coisa melhor do que strep? Revi...