Capítulo 15

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Sai da minha aula e caminhei apressada pelos corredores da Dupont. Desde o começo eu sabia sobre a mudança que ela faria em minha vida, mas não imaginei que a diferença seria tão grande assim. Logo mais eu estaria começando um estágio, assim eu poderia abrir mão da culpa que corre em minhas veias. Talvez se eu tivesse contado tudo para alguém, eu não passasse por nada disso.
--Lissa!- parei abruptamente quando senti uma mão tocar meu ombro, olhei para o sorriso bobo do Miguel e devolvi o sorriso. -- Ei, tínhamos um encontro e você desapareceu.
-- Miguel!- pulei em seu pescoço atraindo a atenção de todos que passavam ali. -- Eu...eu.. Esqueci completamente! É tão bom te ver.
-- Vêm.- pegou meus livros no chão e me guiou pela mão.

Me deitei na grama verde do campus enquanto saboreava meu sorvete de chiclete. Eu estava tão focada em como acabar com o Breno que havia me esquecido por completo das pessoas que me faziam bem, há dias que não ligo para a minha casa. Isso tudo fez com que um nó se formasse em minha garganta, embrulhando meu estômago em seguida e logo atingindo meu coração com uma aflição horrível.
-- Miguel, vamos sair daqui.- pedi me sentando, tirando sua concentração do pôr do sol. Ele assentiu e se levantou.
-- Quer me contar o que ta acontecendo?- olhei para seu rosto e vi a brecha de um sorriso. -- Você mudou, tem algo que não quer me contar, mas eu posso ver sua tristeza em seus olhos, Lissa.
-- Miguel, eu...- respirei fundo e olhei em seus olhos. -- Não me force a falar.
Seu sorriso zombeteiro surgiu, seus braços passaram em torno da minha cintura. Senti um grande afeto envolver meu corpo, me senti segura, e toda aquela raiva em mim, não tinha vez. Nada mais importava, meu coração podia bater sem carregar toda aquela frieza pelo meu corpo. E de repente, parecia que nada mais importava, tudo que eu queria era estar segura deste jeito, ouvindo os batimentos do coração dele.
-- Eu jamais faria isso, gatinha. - seu dedo envolveu meu queixo. Elevando meu olhar ao seu, e logo compensando toda aquela dor em mim com um sorriso sincero, sem piedade e claro, repleto de paixão. -- Parece até que você não me conhece.
-- Miguel, eu...
-- Vamos tirar essa dor dai. - puxou minha mão, me obrigando a correr ao seu lado. Os molhadores da grama ligaram e logo pude ver que já estava entregue ao sorriso e toda aquela energia contagiante.
Logo me vi entrando em meu dormitório, Miguel entrou em meu quarto e se deitou em minha cama. Ajeitei meu cabelo, tirando alguns fios do rosto me juntando a ele.
-- Vejo que você arrumou uma televisão.
-- Nem havia notado. - e era verdade, apenas entrava ali para alimentar meu gato e tomar banho. -- Agora podemos ver filme.
-- Tava pensando nisso.
Me levantei e coloquei o filme Juntos e Misturados, com o Adam Sandler. Fiz um assalto aos M&MS da Clara e me deitei novamente.
-- Não é um cinema, mas...
-- Sabe que qualquer lugar é bom, contanto que você esteja comigo. - um sorriso involuntário surgiu. Tornei minha atenção para o filme, Miguel passou a acariciar meus cabelos enquanto ria das mesmas cenas que eu. A todo o momento um de seus dedos cutucavam meu ouvido, e de repente nada mais importava naquele momento. Não havia mais dor. Não havia mais ódio ou até mesmo sede de vingança.
Fechei os olhos por um instante e tudo o que consegui me lembrar era do belo sorriso de Cam, o tempo havia se passado e nem mesmo ele havia me procurado. E esse afastamento entre nós estava apenas deixando as coisas ainda mais frias, bem mais insuportável do que o normal.
-- Princesa, você tem que contornar esta situação. - me virei e olhei para Miguel, que olhava sério para a TV. -- Não... Se perca apesar dos golpes da vida ta. Eu sei que a vida é sorrateira às vezes,mas se perder nesse golpe é pior.
-- Miguel eu não sei como...
-- Eu estarei aqui ao seu lado...- ele sorriu e com o dedo indicador afastou o cabelo do meu rosto. -- ...e se você não sumir da minha vista de novo, eu prometo que te farei esquecer cada pensamento ou lembrança que te faz... Ficar assim.
-- Assim como?- me deitei em seu peito, logo seus braços envolveram minha cintura e seus olhos estavam a altura dos meus. Sua boca sorria enquanto seu hálito já atingia meu rosto.
-- Infeliz. - meu peito parecia fazer questão de exibir as batidas fortes do meu coração. E cada centímetro que ele se aproximava eu sentia que realmente não havia problema. -- Eu acho que...- me aproximei ainda mais de seu rosto. Parte de mim tinha medo, mas havia também um lado que se negava a sentir qualquer coisa além de amizade por ele. E existia também a parte de mim que estava curiosa, querendo se entregar ao que ele tem de melhor.
-- Lissa eu acho...- Me afastei rapidamente no momento em que a Clara entrou no quarto. -- Ops.
-- Ah...Oi. - me levantei constrangida. -- Você se lembra do Miguel, não é?- Miguel assim como eu havia se sentado, e não parecia nada feliz com a ideia de ter sido interrompido do nosso momento.
-- Lembro sim. - sorriu embaraçada, passando as mãos pelos cabelos. -- Lissa, eu...bom vou ter que usar a gravata vermelha hoje.
-- Tudo bem eu posso ir...
-- Para minha casa. - sugeriu Miguel, me interrompendo.
-- Isso, Lissa! Acho melhor você ir indo antes que o Breno chegue e...
-- Breno?
Congelei no lugar, as lembranças daquele dia viam tomando conta da minha mente. Podia sentir o peso do seu corpo sobre o meu, a dor que o seu soco me causou. Por mais que eu quisesse, não podia deixar isto para trás. Este seria o meu fardo, um fardo que eu estarei obrigada a carregar pelo o resto da minha vida.
-- Miguel, eu...
-- Por que está chorando?- limpei a lágrima que caia antes de de focar toda a minha atenção em Clara.
-- Nada eu quero só, descansar. Me deu um dor de cabeça e eu acho que... Miguel vamos?- peguei minha bolsa e coloquei todo o necessário nela antes de abrir a porta do quarto.
-- Te vejo amanhã. - Clara se despediu e logo senti medo por ela.

Aquele medo ainda me fazia sentir corroída por dentro, por mais que aquela cama enorme me proporcionasse todo o conforto do mundo, eu podia sentir meu peito se apertando a cada batida.
Já era tarde da noite e eu ainda estava olhando para o teto, a janta parecia querer voltar. Por mais baixo que estivesse o som da TV, eu sabia que não era a única acordada. Arrastei as pernas para fora da cama e caminhei silenciosa até o sofá, e a visão que tive não era nem um pouco ruim. Miguel dormia todo relaxado usando apenas uma samba canção vermelha, me aproximei e cutuquei seu peito com o dedo e ri quando e ele me olhou assustado.
-- Não consigo dormir.- falei dele riu.
-- Vem aqui. - me puxou para si e me deu colo. -- Fecha os olhos e deixa o resto comigo.
Fiz o que ele me pediu e logo senti a massagem em minhas têmporas. Impedindo qualquer pensamento de surgir, de nascer em minha mente. Me levantei por um instante antes de pressionar minha boca contra a dele, ele ainda estava tão assustado quanto eu.
-- Lissa...
-- Eu....er...
Seus lábios retomaram os meus, mas desta vez com sua língua pedindo passagem, que eu cedi logo que seus braços me apertaram ainda mais. Sua língua era macia e quente e tocava a minha com suavidade, explorando cada pedacinho dela. Minhas mãos estavam presas entre nossos corpos, o que não me impedia de apertar e arranhar seus músculos até sentir que seu corpo queimava em resposta. Tudo em minha mente se bloqueou, tudo deixou de existir, não havia mais nada.
Apenas nós. E talvez tivesse que ser assim, pelo menos por enquanto.






Gente me perdoe pela demora mais te uns problemas aqui. Mas to aqui não desisti não kkk to muito feliz em ver que a minha história, por mais lixosa que esteja, chegou a 1k de views!!!!! Gente muito obrigada por cada estrelinha que vocês deixam aqui e cada coment. Isso me anima muito!!!
Obrigada e beijos!!
Me digam o que acharam desta aproximação da Lissa com o Deus do Miguel!!!

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