O Livro do Traidor

Cap. 5 - Justiça feita.

Ainda sem saber o que fazer com o livro estranho que lhe fora entregue pelo sujeito de capa preta, a bela cantora resolve deixa-lo guardado por enquanto e seguir então sua agenda de trabalho.

Passou-se dois dias desde o enterro de sua mãe, e o trabalho a mantinha distraída a ponto de não sofrer tanto com a perda.

Antes de iniciar mais um show, estava se arrumando em seu camarim quando chega um de seus auxiliares.

- Senhorita... Tivemos um problema com alguns equipamentos e vai atrasar um pouco o show.

Ela o olhou fixamente e disse em alto tom

- Resolvam isso logo, não quero ficar esperando aqui a vida toda.

- Sim, sim senhora - respondeu olhando para as belas vestes da cantora.

- Anda logo seu incompetente! - aumentou o tom de voz - O que está olhando, some daqui!

Ele saiu mais que depressa com medo de ser demitido. Apesar de bela (e não muito talentosa na verdade), ela já havia despedido vários funcionários por pouca coisa. Algo que jamais aceitara é a incompetência das pessoas.

Alguns minutos se passam e passa um funcionário em frente ao seu camarim, como a porta estava aberta ela o viu e perguntou.

- Vai demorar muito? Já estou cansada de esperar.

O funcionário diz que já está quase tudo resolvido e segue seu caminho, ao que ela comenta consigo mesma "mas que pessoal mais lerdo!". Num leve desvio de olhar lembra-se de ter deixado o tal livro na sua bolsa. O estranho e misterioso livro, bem ali ao seu lado. Não queria que alguém em sua casa o encontrasse, por isso o manteve em sua bolsa inseparável.

Após pegar o livro em suas mãos o observa cuidadosamente e quando está prestes a abri-lo já levantando a capa eis que lhe chamam

- Está na hora, venha que o público já está impaciente. - diz o seu empresário. Ela guarda rapidamente o livro em sua bolsa e o segue.

Após o show se lembra do livro e ordena (sim, ela não pede, ordena mesmo) que a levem pra casa.

Chegando em casa vai até seu quarto e se tranca nele. Já é bem tarde e resolve que não quer ser incomodada. Nem jantar aceitou quando lhe foi oferecido.

Liga sua bela TV de 'led' com polegadas que não acabam mais, que chega a ocupar toda uma parede em seu quarto, que além de grande mais parece uma casa completa.

No noticiário sempre as mesmas coisas chatas de sempre, mais mortes e alagamentos por toda a grande metrópole.

A bela cantora pega o livro de sua bolsa, fica olhando pra ele admirando-o e então finalmente abre.

O livro está em branco. Totalmente em branco, as páginas brancas impecáveis. Neste momento lhe vem à mente o que o estranho de capa preta lhe disse. "Escreva neste livro o nome daquele que matou sua mãe". Pega então uma caneta em quando a aproxima para escrever ela se assusta e derruba o livro. Palavras vermelhas surgem bem diante dos seus olhos. Vermelho sangue. Diziam.

"Finamente tomou coragem"

Ao pegar o livro do chão as palavras suavemente foram se apagando e sumiram.

Então ela escreveu. "como isso é possível?" suas letras se apagaram e surgiu "e por que não seria?" Assustada e ao mesmo tempo curiosa foi então direto ao ponto. "Quem é você?" escreveu no livro, "Eu sou a morte. Dê-me os nomes daqueles que devem morrer. Eu vou busca-los.".

Neste momento ela fechou o livro bruscamente. Não sabia na verdade o que estava fazendo, tudo aquilo lhe parecia tão louco e estranho.

Algo lhe chamou a atenção no noticiário, estavam falando sobre as investigações do assassinato de sua mãe. Descobriram finalmente o nome de quem a matou, faltava apenas ser preso.

Ela então olhou para o livro, e com o nome do assassino em mente não pensou duas vezes. Abriu e escreveu o nome na primeira folha e fechou rapidamente e foi dormir.

No dia seguinte ao acordar, viu que havia deixado a TV ligada, estava passando o noticiário das oito horas. Quando estava saindo do quarto ouviu dizer que encontraram o assassino de sua mãe morto com oito tiros no peito. A polícia diz nunca ter visto balas iguais àquelas encontradas.

A bela cantora ficou paralisada, não sabia se ficava feliz ou aterrorizada. Terá ela o matado? Ou foi o livro? Como pode um livro fazer isso? Esses pensamentos começaram a dominar sua mente e a sua sexta feira estava a partir de então perdida.