O Livro do Traidor

Cap. 6 - Os envelopes misteriosos

Sexta-feira, oito horas da noite, no topo de um prédio alto bem no centro da grande metrópole ouve-se uma voz feminina suave e doce:

- Já os escolheu? - Pergunta ela olhando para as luzes distantes. Uma mulher, alta, magra, vestindo um lindo vestido preto com detalhes bordados.

- Sim. - Responde uma voz masculina. Um sujeito alto de capa preta com a face oculta por um capuz.

- E o livro? - pergunta ela sem sequer desviar o olhar.

- Está com a Vanessa. - Responde ele tranquilamente.

- Ótimo. Agora falta pouco meu querido. - Encerra dando-lhe as costas e saindo.

Em um piscar de olhos ela some ao ser coberta pela sobra de uma parede alta que sustenta mais acima as antenas de comunicação do prédio.

O sujeito de capa preta fica ainda por alguns segundo observando as luzes da cidade e então segue o mesmo caminho desaparecendo na sombra da parede.

Era uma noite muito clara, de lua cheia e bem fria.

Na manhã seguinte, Pastel estava a caminho da padaria como de costume para tomar seu pingado com pastel quando viu uma grande movimentação, muitas pessoas correndo rumo à movimentada rodovia que corta a grande metrópole. Curioso, deixa de lado seu café da manhã e vai ver o que acontece.

Chegando bem perto se depara com um acidente entre um caminhão e uma van. Todo o trânsito foi interrompido e já se formara o maior engarrafamento. Como era de se esperar, muitos já estavam estressados, gritando e reclamando do caos.

Pastel caminha por entre os carros para chegar mais perto quando sem ver esbarra em um homem engravatado que estava claramente irritado pois chegaria tarde em sua empresa.

- Olhe por onde anda seu idiota! - grita ele indignado com a falta de atenção daquele homem maltrapilho.

- Me desculpe moço. - Disse Pastel sem jeito.

- Doutor Ricardo! Vamos, vou tentar pegar outro caminho. - Disse o motorista ao engravatado, que logo entrou no carro e então partiram rapidamente voltado na outra pista que estava livre.

Pastel continuou em direção ao acidente e chegando perto foi barrado pelos policiais que já protegiam a área para as pessoas não se aproximarem muito.

E lá estava caída no chão, uma moça loira, mesmo estando em estado lastimável sangrando e inconsciente ainda era muito bela.

Neste momento chega rapidamente aprontando o maior escândalo, outra moça loira muito linda, sim, era ela, deixando a todos boquiabertos, a famosa e talentosa (já falei que não é tão talentosa assim?) cantora pop. Vanessa é o seu nome, logo que chega já fica em pânico, sim, era sua querida irmã que estava ali no chão. Seu pai que fora o primeiro a chegar no local sem o menor jeito com situações desse tipo preferiu não lhe consolar.

- A senhoria é a irmã dela certo? - Pergunta um enfermeiro enquanto a colocavam na ambulância.

- Sim, ela vai ficar bem? - Pergunta aflita a bela Vanessa.

- Não foi muito grave senhoria, vai ficar bem logo. - Diz o enfermeiro. (A coitada da atriz quase com o pé na cova e o enfermeiro mais preocupado em não perder o emprego).

Vanessa entrou na ambulância e foram às pressas para o hospital mais próximo.

Após observar tudo atentamente, Pastel retorna à sua rotina. Agora tinha muito a contar aos seus amigos de ponte.

Enquanto isso, naquela mesma manhã bem longe da grande metrópole estavam Alberto, Marina e sua pequena filha Marcela, de apenas nove anos de idade, voltando do supermercado. Recém-chegados naquela pequena cidade do interior já estavam sentindo-se muito bem adaptados. Alberto tinha um emprego bem humilde na grande metrópole onde moravam, mas por motivos de segurança e paz abandonou tudo e estava começando bem em um novo emprego em um pequeno escritório de contabilidade da cidade.