Cap. 3 - Terríveis pesadelos

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Grandes facas afiadas lhe perseguiam e quanto mais corria mais sentia a morte se aproximando. A razão e a lógica não sem encontravam presentes, onde já se viu facas voando? Se ao menos tivessem sido lançadas por alguém, mas seriam rápidas demais para se conseguir correr. Mais uma vez ele se encontrava em um terrível pesadelo. A noite que deveria passar rapidamente parecia eterna.

Acorda assustado com o som do despertador. Sua esposa olhava triste.

- Outro pesadelo querido?

- Nem quero lembrar! Preciso dar um fim nisso logo.

Já consultara os maiores e mais renomados especialistas do mundo e nenhum remédio ou tratamento surtia efeito. Noite após noite os pesadelos lhe atormentavam severamente.

Mais um dia de trabalho se iniciava. Após tomar um farto café da manhã dirigiu-se para sua empresa em seu carro preto cheio de estilo e certamente muito caro.

Um rico empresário, muito bem sucedido, à frente de uma das maiores empresas do Brasil, aquele que todos achavam ter uma vida muito boa e tranquila, mas poucos sabiam o que se passava todas as noites, com exceção de seus funcionários, que bem sabiam o quanto era ruim tê-lo como chefe.

Mal chegou à empresa e já estava gritando com seus funcionários. Uns diziam baixinho "acordou com o pé esquerdo outra vez", outros mais próximos já sabiam "teve outro pesado", "e quem sofre somos nós". E assim foi durante toda a manhã, descontando em seus funcionários o mau humor de uma noite mal dormida.

Mais tarde naquele dia, o rico empresário tinha marcado uma consulta com um doutor que ainda não havia visitado, porém não tinha quaisquer esperanças de uma solução, mas por insistência de sua esposa resolveu tentar mesmo assim. O doutor era pouco conhecido, mas os poucos pacientes que tivera o recomendavam muito.

Eram quase quatro horas quando o empresário chegou ao consultório do doutor. Ali mesmo no centro da cidade, poucas quadras da empresa.

Após quase uma hora de atendimento o doutor encerra.

- Tome este medicamento que terá um sono sublime, seus pesadelos como já lhe disse, são apenas preocupações e cansaço.

Sem nem ao menos agradecer o empresário saiu deixando que um de seus subordinados resolvesse a parte financeira e partiu rapidamente em seu carro preto.

Outra noite se passa, outro pesadelo terrível, pior que os demais até então, que o faz acordar no meio da noite assustado. Ficou claro que o remédio não teve qualquer efeito positivo. Resolve então tomar uma água e algo lhe instigou a sair na varanda tomar um ar. Algo que raramente lhe ocorria fazer. A grande casa tinha uma vista privilegiada da cidade, da varanda se via um céu escuro e poucas estrelas podia-se ver divido às luzes da grande metrópole.

Quando estava quase voltando à cama eis que cai um embrulho na varanda. Um pouco surpreso olhou ao redor, mas não encontrou ninguém nem nada suspeito. Tomou o pequeno embrulho em mãos, um pano preto macio, certamente de seda embrulhava algo, ao abrir encontra um pequeno pacotinho e um bilhete:

"Suas noites de tormento e agonia estão prestes a acabar, faça um chá desta erva e durma bem."

Ao abrir o pacote sentiu um delicioso cheio, não conhecia aquele doce aroma. Sem pensar duas vezes foi à cozinha e preparou o chá. A esta altura só pensava em dormir em paz. No dia seguinte nem trabalhar pretendia, afinal seu sócio poderia bem cuidar de tudo como várias vezes já havia feito.

Enquanto tomava o chá na enorme sala da casa sua esposa desce as escadas

- Teve outro pesadelo imagino... - Senta-se ao lado dele - O que está tomando? Que cheiro bom, que chá é esse? - observa.

Ao lhe explicar o que a pouco acontecera ela fica sem reação, não sabia se brigava ou se provava do chá que tão bem cheirava. Pensou por um instante que se nada de mal havia acontecido até o momento tudo bem.

Após esta estranha noite tudo mudou, o rico empresário dormiu como um anjo e acordou tão feliz que até se esqueceu de maltratar seus subordinados. A empregada da casa até estranhou comentando com sua patroa

- O que deu nele senhora?

Ela apenas ignorou e ordenou que voltasse aos afazeres.

Na mesa de centro da sala se encontrava o papel que viera junto ao embrulho misterioso.

O empresário pegou o papel e notou algo estranho. O que lera na noite anterior não mais ali estava, lia se então "Até breve".

O Livro do TraidorOnde histórias criam vida. Descubra agora