Cap. 4 - Uma grande perda

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Lindos cabelos loiros, lisos e sedosos, balançavam ao vento suavemente enquanto a bela cantora se posicionava no palco para mais um show. Mal sabia ela que aquele seria um show muito marcante. Cantava belamente suas canções de sucesso e o público vibrava e cantava junto.

Após o show se dirigia para a sua limusine quando seu telefone celular toca.

- Alô... Sim, sou eu mesma. Fale... Sim, sei, o que houve? – Neste momento seus olhos encheram-se de lágrimas. Não podia acreditar no que acabara de ouvir, mal podia se manter em pé, ali parada em frente à sua limusine, cercada de fãs por todos os lados, seguranças e limitações físicas que impediam que seus fãs chegassem perto demais.

Num leve momento de fraqueza seu celular cai, todos que estavam presentes ficaram pasmos, imóveis, alguns fãs sentiram que algo ruim acontecia, outros estavam ainda eufóricos com o show.

Após recuperar superficialmente suas forças ela entra então em sua limusine e ordena friamente que fosse levada à sua "humilde" mansão (não, ela não disse humilde).

Ao chegar em sua mansão, encontra sua irmã, que é uma atriz de novela não muito conhecida porém muito snobe também. Pode-se notar claramente em sua afeição a tristeza de uma perda.

- Foi terrível, ela foi encontrada aqui mesmo no saguão, foram oito balas certeiras que a mataram cruelmente. Mamãe nunca fez mal a ninguém, por que alguém a mataria?

As duas se abraçam fortemente e caem em pranto sincronizado.

- O velório será as seis horas. – Diz o pai das garotas. Ele sempre foi muito frio e não se deixou abalar muito com o fato. Pelo menos não deixava que notassem sua tristeza profunda e reprimida.

Foram convocados todos os parentes da falecida para o velório. Se aproximando das seis horas todos já estavam se reunindo para a cerimônia. O Padre então começa seus dizeres, e após falar e falar por vários minutos, sempre sendo acompanhado por choros e comentários, alguns até indiscretos e desnecessários, passa-se então todo o velório. E a falecida ali no caixão, imóvel (ainda bem, já pensou se ela se levanta?).

Terminada a cerimônia a bela cantora vai falar com um dos oficiais que por ali estavam.

- Já encontraram o filho da puta que fez isso?

- Ainda não senhorita, mas estamos trabalhando nisso.

Notava-se claramente a raiva e o ódio em seu olhar, ela não aceitava que alguém tão insignificante quem quer que fosse, tivesse feito isso.

O oficial então sai para seus afazeres deixando a bela cantora ali sozinha.

Algo chama sua atenção ao virar-se para um dos arbustos, pensa ter visto alguém, mas foi muito rápido, foi de relance apenas uma sobra passando rapidamente. Tendo em mente muitos pensamentos e ainda grande tristeza e sede de justiça acaba ignorando esta sensação passageira de estar sendo observada.

A noite chega rapidamente cobrindo tudo com sua escuridão fria, e a bela cantora ainda se encontra ali no jardim de sua mansão, mesmo após todos terem se retirado do velório já que o enterro ficara marcado para o dia seguinte.

Sua irmã a vê desolada naquele banco frio de pedra lisa, e então pensa por alguns instantes, já conhecendo a irmã que tem, se poderia lhe falar algumas palavras de consolo, mas quando ia mover-se alguém a chamou dentro da mansão.

Ouve-se um ruído em meio ao suave som da brisa da noite, novamente aquela sensação de estar sendo observada, agora mais intensa que antes, já que seus pensamentos estão mais calmos apesar de ainda haver muita tristeza e o ódio e a sede de justiça preencher seu coração frio.

- Eu sei o que você está sentindo... – diz uma voz masculina firme, porém serena e suave. Arrepia-se levemente a bela cantora. A voz continua – Nascida em berço de ouro, tem fama sem qualquer esforço.

- Quem é você? – vira-se ela para trás enquanto admira a bela capa preta do estranho que oculta sua face.

- Eu posso te dar o que você quer... – Responde o estranho de capa preta. – Você quer vingar a morte de sua mãe.

- Como sabe o que quero? – ela desconfia – Por acaso anda me vigiando?

O estranho retira de suas vestes então um livro de capa preta e entrega em suas mãos.

- Escreva neste livro o nome daquele que matou sua mãe.

- Mas o que é isso afinal? – Toma o livro em mãos examinando com desconfiança. – o que vai acontecer com ele?

- Ele sofrerá o mesmo fim. – responde o estranho de capa preta desaparecendo na escuridão da noite.

Ainda não entendendo exatamente o que houve, a bela cantora esconde o livro e adentra a mansão trancando-se em sua bela suíte.

O que terá escrito no livro? (Ainda não tivera coragem de abrir) Será um livro em branco? O livro da morte? Já ouvira falar de algo parecido antes. Não se lembra exatamente.

Muitas perguntas agora ocupam sua mente.

O Livro do TraidorOnde histórias criam vida. Descubra agora