Palavras opacas

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Arrumo no armário da cozinha as compras que acabei de fazer. A maioria composta por alimentos industrializados. Não é muita coisa, afinal, moro sozinha, e o que comprei é suficiente para um mês.

Enquanto estou enchendo o potinho de ração de Edhie sou surpreendida pelo som da campainha. Tenho a sensação que só pode ser uma pessoa, então fico com certo receio de abrir a porta.

Desde aquele dia que não nos vemos. Ontem, depois que cheguei da casa de Della, fiquei a espera de uma ligação de Edward. Mas, minha espera foi vão, pois ele não me ligou nem no dia anterior e nem até agora nesse domingo. Deixando-me em estado de nervos, porque planto na minha cabeça a convicção que é ele que deve me procurar.

A porta é o caminho para a mais inebriante visão. A cor. O perfume. A delicadeza... Um buquê de rosas vermelhas...

Edward está segurando o buquê de maneira que oculte a sua face. Aos poucos, ele vai deslizando este para baixo, revelando primeiramente seus olhos verdes intensos, para depois revelar todo seu tronco.

Eu fico boquiaberta, perplexa; sem conseguir pronunciar uma única palavra. Isso é tão lindo... tão esplêndido.

Meus olhos ardem, evidenciando que as lágrimas insistem em cair. Sempre achei que essa coisa de receber flores, só acontecesse nos filmes e novelas.

Ele me olha com ternura, estendendo o buquê para mim. Nesse momento não sei se sorrio, se choro ou se falo alguma coisa.

Estico meus braços e pego com delicadeza e gratidão o buquê.

- Oh... São tão lindas... - falo embaraçada, enquanto olho para as flores.

- Essa é uma forma de pedir desculpas pode ter sido rude com você.

Enquanto contemplo as flores sinto que sua visão está sobre mim. Levanto a cabeça e encontro com seus olhos que me encaram intensamente. Ainda estou extasiada, e, portanto não consigo liberar mais nenhuma palavra.

- Obrigada... - digo, dando-lhe um selinho por um impulso da emoção.

Coloco as flores em um jarro d'água, ajeitando-as com carinho no recipiente. Sinto o calor que emancipa de Edward em minhas costas, o que me deixa paralisada e de alguma forma confusa com o fato se eu devo deixar passar tudo que está acontecendo, ou melhor, tudo que ele está me escondendo.

- Você me entende? - ele diz com a boca próxima a minha nuca, me arrepiando por completo e deixando-me mais estagnada no lugar.

- O-o quê? - gaguejo perdida em meio a sua respiração que acalora meu pescoço.

Edward pega em meus ombros com suavidade, e me orienta a girar meu corpo de maneira a ficar de frente com ele.

Não sei por que estou tão temerosa. Talvez seja medo de que meu orgulho não me deixe esquecer que ele esconde algo de mim e acabar discutindo com ele outra vez.

E eu não quero brigar com Edward, mesmo que tenha motivos para isso, não desejo incluir mais uma discussão em nosso curto relacionamento.

- Eu quero que profundamente você possa compreender que o que se passa na minha vida não é algo que você irá conseguir entender. - declara de forma calma e séria, segurando em meus ombros.

- Mas...

- De verdade, Sophie. Esqueça isso. Estou num mundo sem volta, não há mais jeito para mim...

Eu o olho mais confusa ainda. Se ele quer que eu esqueça algo, tem que parar de ficar falando essas coisas sem nexo.

A última frase que ele disse é um exemplo: sem sentido, mas que acende a minha preocupação.

InalcançávelOnde histórias criam vida. Descubra agora