Capítulo 1- Vida de Taylor Wilson

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Vida de Taylor Wilson.

Queria a vida que deixo transparecer para público. Uma vida fictícia como a de todos aqueles filmes de romance. Tal coisa nunca existiu. 

  Estou na varanda da minha penthouse, sentado num sofá a fumar o meu cigarro. Vivo uma vida de luxo.

  O meu maior problema é existencial. É compreender o porquê de eu ser como sou. Comecei a sair no verão e isso desenvolveu um vicio. Não tentar deixar o vicio por que achei que me ajudava a controlar o meu estado de espirito. Mesmo assim, ainda tenho episódios de raiva que não são normais. Quando os tenho sinto-me bem e após os te sinto culpa. 

  Ponho cinzas no cinzeiro.

  Andei no psicólogo mas ele fartou-se de mim. Chamou-me mimado por guardar toda este rancor dentro de mim. Aos olhos do público, a minha vida é fácil, simples e despreocupada. Casa perfeita , namorada perfeita, dinheiro... Para quem não me conhece é isso que eu sou, um ingrato. Muitas pessoas dariam qualquer coisa para estar no meu lugar. 

  Todos os dias eu mostro superficialidade para as pessoas porque não quero que elas achem que eu sou mais um perdido no mundo.

  Apago o cigarro.

Uma vez o meu Professor de Literatura pôs uma pergunta no ar sobre sentir. Percebi que nem vivo me sentia, não é que eu agora me sinta realmente vivo. Mas sinto mais coisas do que sentia, tal como uma consciência pesada.. Sinto culpa de já ter traído a Ella nas festas de verão. Mas, lá no fundo, há uma parte de mim que ficou indiferente. Talvez seja falta de paixão ou de qualquer outro sentimento. Talvez seja eu a ser cruel.

    Após refletir muito sobre o assunto eu concluí  que amo a Ella. Apesar do que eu lhe fiz. Apesar do que eu lhe faço. Às vezes eu convenço-me que nunca lhe fiz nada. Faz-me sentir bem mas é errado. Incorreto.  Afinal, penso que nunca amarei tanto alguém na minha vida. Porque é que eu continuo a fazer isto.

    Depois reflito mais um pouco e penso que se este é o meu maior então não sobrevivia se tivesse problemas sérios.

   Bem, está na hora de ir ter com a Ella ao parque e de acordar destes pensamentos obscuros.

...

- Desculpe , não tenho o troco certo . - o homem carrancudo que me vende o gelado diz-me num tom desinteressado. Não sei quanto dinheiro lhe dei, 20$, 10$, 50$... Não importa. Eu tenho mais.

  Ainda bem que alguém me acorda destes pensamentos escuros  

       - Não faz mal .- digo rudemente ao homem.

    Já são 7 e meia da tarde e as aulas começam daqui a muito menos de 24 horas. Não ter tanto tempo livre com a Ella entristece-me. 

  Ela está no banco à minha espera. Os seus cabelos longos, negros, perfeitamente lisos e direitos brilham ao por do sol de este fim de verão.

Os seus olhos verdes firmes e com um tom escuro estão a olhar para um casal com dois filhos. Ela está muito concentrada e os seus lábios encontram-se pressionados em uma linha direita equilibrando o lábio inferior com o superior      

 - O que se passa?- digo oferecendo-lhe o gelado de baunilha, o seu sabor favorito. Ultimamente ela fica estranha sempre que vê casais casados ou famílias felizes. Já lhe perguntei muitas vezes o porquê desta reacção mas ela não responde. Agora, ela está a tremer os lábios e por isso eu acho que ela me irá contar. Já gastei neurónios a pensar o porquê, pensei que se calhar aconteceu alguma coisa com alguém que ela conhecia. Não tem muita lógica mas já pensei demasiado.

Anne - The Switch (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora