Capítulo 1 - Antes de tudo, desabafar é preciso.

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Deitado em sua cama, imaginando como seria a sua vida daqui há 15 ou 20 anos, Benjamin têm seus pensamentos interrompidos por batidas na porta.

*toc, toc, toc*

- Quem é? Me deixem em paz! - Benjamin resmunga.

Sua mãe nem o ouve, é claro, e entra no quarto:

- Vai ficar nessa droga de quarto até quando?

Silêncio.

- Você está surdo, garoto? Me responde! O almoço está pronto!

O silêncio ainda continua vivo, e Jasmine, sabendo que o filho não iria abrir a boca, saiu cuspindo fogo porta a fora.

- E se eu quiser apodrecer nessa droga de quarto? Você nem vai se importar, não é mesmo? Que se exploda! - Benjamin grita, e aos prantos afunda a cara no travesseiro.

Desde a morte de seus avós, Benjamin nunca mais foi o mesmo. Aquele garoto dedicado na escola e educado com todos, deu lugar ao jovem resmungão, revoltado e mal-educado. Mas tudo isso tem um porquê: sua mãe. Jasmine foi ausente em quase toda a vida do garoto, e agora, morando na mesma casa, ainda consegue ser a mesma.

E enfim, Benjamin deu as caras, mas nem trocou palavras com sua mãe nem com seu padrasto, apenas almoçou, mesmo sem apetite, e voltou para o quarto. Mais tarde, seu melhor amigo, Thomas, foi o visitar e questionar sobre seu "sumiço".

- E aí, cara, achei que estava morto. O que está havendo? -Thomas tenta puxar assunto.

- Não enche a porra do meu saco, cara, vá embora! - Benjamin retruca, fazendo cara de bravo.

O silêncio novamente toma conta do quarto, Thomas fica parado, observando Benjamin, e então tenta voltar ao assunto:

- Caramba, Benjamin, você não é mais criança, cara, você já tem 16 anos, para de fazer birra!

- Birra é o caramba. Você não queria estar na minha pele, cara, não mesmo. Me sinto extremamente sozinho nessa droga de vida, mesmo ao redor de muita gente. Sinto falta de pessoas que jamais irão voltar, e isso me corrói por dentro, estou morrendo aos poucos. - Benjamin suspira, e não consegue conter as lágrimas.

- Não faz isso, cara, não chora... Ah, que se dane, chora sim, desabafa, meu ombro está aí.

Depois de algumas horas de conversa, Thomas vai embora, e Benjamin sente-se um pouco aliviado depois de ter chorado horrores e ter colocado para fora certas coisas que lhe incomodava.

- É sempre bom ter com quem contar quando se precisa de ajuda, mesmo querendo estar sozinho. É muito bom sentir-se amparado. - Benjamin pensa alto, suspira, sente-se mais leve, e consegue pegar no sono.














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