Capítulo 5 - Arquitetando um sonho.

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Benjamin passou o dia inteiro dormindo, só acordou quando Thomas chegou em seu quarto em silêncio e lhe encheu o saco até levantar:

- Acorda aí, cara! Seu bicho preguiça! - Thomas o cutuca.

- Me deixa dormir, por favor! Ainda tenho muito sono.

- Cara, sua mãe me disse que você passou o dia inteiro hibernando, levanta dessa cama, o fim de semana chegou, vamos sair e ver algumas gatinhas. - Thomas responde o cutucando mais forte.

- Caraca! Que horas são? - Benjamin pergunta, desacreditando que dormiu tanto assim.

- São exatamente 18:00 pm, você não dormiu, hibernou.

Benjamin, enfim levanta, olha para Thomas, com uma cara de quem não está nem um pouco a fim de sair e ver algumas gatinhas e diz:

- Obrigado mais uma vez pelo presente. Ontem a noite eu testei-o e funcionou super bem. Cara, se através de um aparelho desse, dá pra ver com bastante precisão o quanto é extraordinário tudo lá em cima, imagina ir até lá?! Caramba, sensacional!

- Então, lá em cima deve ser fantástico, e daqui a alguns anos quem vai até lá será você, eu acredito nisso. E você?

- Claro que acredito, vou lutar para conseguir isso, e vou dar muito orgulho àqueles que ainda estão do meu lado, e você é um deles, meu irmão postiço. - Benjamin fala com os olhos brilhando e abraça Thomas.

- Estarei sempre contigo, meu irmão. Sempre! - Thomas retribui o carinho.

Depois do momento amigos-para-sempre-nunca-vou-te-abandonar, Benjamin contou para Thomas sobre o que seu avô havia lhe dito antes de morrer e contou também que conseguiu avistar duas estrelas bem bonitas, as mais bonitas que haviam em todo o céu.

- Posso imaginar o quanto seus avós eram importantes para você, Benjamin. Meus olhos brilham quando você fala deles, parece que você se sente confortável, parece que sua tristeza vai embora por alguns instantes, isso é sensacional! - Thomas responde, quase emocionado com o que acabou de ouvir do amigo.

- Eles eram, é, e vão continuar sendo tudo para mim. Eu sei que eles estão me cuidando lá de cima.

Quando Benjamin perdeu os avós, ele perdeu o chão, a vontade de viver foi embora junto com o Sr. Joseph e a Sra. Elisabeth. De lá para cá, Benjamin regrediu em todos os termos, de escola à vida pessoal. Mas como seu avô sempre o incentivava para nunca abaixar a cabeça diante de um problema, ultimamente, ele até está tentando se reerguer psicologicamente e sentimentalmente. E aos poucos ele está conseguindo, e vai conseguir, porque quando se trata de superação, esse jovem vai além e impressiona.

- Então, me diz, o que você pretende fazer para seguir em frente, em busca desse sonho? - Thomas pergunta.

- Não vai ser nada, fácil, cara. Pesquisei sobre esses dias e vi que é bastante complicado. Difícil, mas não impossível. - Benjamin o responde com firmeza na voz.

- Tô gostando de ver, em? É assim que se fala, meu caro, é assim.

- E obrigado também por estar pegando no meu pé para que eu preste atenção nas aulas, vi que para se tornar um astronauta, tem que ser bem sucedido no histórico escolar. - Benjamin diz, preocupado.

- Pois é! Mas e aí? Sua mãe já sabe desse seu sonho?

- Ah, aquela ali nem liga para mim, prefiro ser alguém na vida sem precisar da ajuda dela. - Benjamin resmunga, com firmeza na voz, mas com um vazio nos olhos, na alma.

- Entendi. Mas sei lá, vocês deveriam se acertar, afinal, ela é sua mãe e deve estar totalmente integrada e informada à vida do filho.

- Pois é, eu concordo, mas sem preocupações diante a isso, o importante agora é eu me manter concentrado nas aulas e ir super bem nesse semestre. - Benjamin responde com um tom de confiança.

- Você consegue, cara. Estou aqui para pegar no seu pé quantas vezes for preciso. - Thomas fala rindo.

- Obrigado, cara! Você é o irmão mais velho que eu não tive! - Benjamin responde, também rindo.

 Já é noite e Benjamin decide pegar o telescópio para apreciar mais uma vez a imensidão do céu e poder sentir-se mais perto de seus avós, nem que seja por pensamento e espiritualmente. E mais uma vez ele consegue avistar as mesmas duas estrelas, elas parecem sorrirem para ele. Para Benjamin, o momento de apreciação do céu é sagrado, é o momento em que ele se sente completamente anestesiado, o momento em que ele deixa todos os problemas de lado e foca apenas no futuro.





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