Capítulo 4 - Restaram apenas lembranças.

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Benjamin chegou em casa e nem tirou a roupa da escola, já correu para a janela com o intuito de testar seu mais novo presente, mas logo em seguida percebeu que a sua euforia foi interrompida por uma luz solar: ainda é dia.

- Que burro! Não dá para usar um telescópio à luz do dia. Santo Deus, que burrice. - Benjamin pensou alto, rindo de si mesmo.

As próximas horas do dia foram dedicadas ao seu telescópio. Limpou, encerou, deixou o negócio visivelmente novo. As coisas então estavam indo conforme o planejado... E então, uma peça do telescópio soltou-se e caiu embaixo da cama, Benjamin abaixou-se para pegar, e quando achou a peça, achou junto uma velha fotografia sua e de seus avós. Foi aí que a saudade apertou e garoto voltou a se entristecer.

Seu padrasto, que estava de folga, ouviu barulhos vindo do quarto de Benjamin e ficou em silêncio o escutando do outro lado da porta. O choro era baixinho, mas a dor da saudade que o garoto sentia era tanta que, bastava olhar em seus olhos e dava para perceber a tristeza corroendo dentro dele. Seu padrasto decide entrar no quarto sem nem mesmo bater na porta:

- Sai daqui! Não enche! - Benjamin grita, e volta a enterrar a cara no travesseiro e chorar.

- Calma, eu sei que a gente nunca se deu bem, mas, por favor, me deixa tentar te ajudar?!

- Eu não preciso de ajuda, sai do meu quarto! - Benjamin grita.

Quando Presley está saindo do quarto, ele olha para o chão e vê a fotografia, e antes de sair porta a fora, diz:

- Eu sei o quanto é dolorido, também perdi pessoas que foram muito importantes para mim. Espero que fique bem, de coração. E se precisar de alguém para desabafar, saiba que estarei aqui, independente se nos damos bem ou não...

E então a noite chegou, e Benjamin estava visivelmente inteiro para poder apreciar o céu com seu novo presente. Ele fica estasiado quando coloca o olho no telescópio, podendo ver de um pouco mais de perto toda aquela grandeza do universo.

Uma vez Benjamin estava apreciando o céu com seus avós. Eles sempre faziam aquilo, porém sem telescópio. E em uma dessas noites, seu avô o olhou bem nos olhos e disse: "Olha, Benjamin, sabemos que ninguém é eterno. A morte chegará para todos, um dia. E se por ventura do destino, daqui a alguns anos, eu e a sua avó já estivermos partido, lembre-se que estaremos lá de cima lhe cuidando. As melhores pessoas não morrem, Benjamin, elas viram estrelas. As estrelas mais bonitas que há nesse imenso céu". Após a lembrança, Benjamin percebeu que estava chorando novamente, mas dessa vez era um choro diferente, era uma mistura de tristeza e ao mesmo tempo conformismo e alívio.

Depois de alguns minutos de choro, Benjamin volta ao telescópio e percebe que há duas estrelas brilhando muito mais que as outras; ele respira fundo e diz:

- Achei vocês! Por que demoraram tanto em, Sr. Joseph e Sra. Elisabeth? Agora que estamos juntos novamente, a partir de hoje, será extremamente proibido vocês ficarem longe de mim, estamos entendidos? - Benjamin sorri, fecha a janela do quarto e dorme.




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